ADOLESCENTES DESAFIAM PERIGO E MERGULHAM NAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Dia de chuva. Domingo 26 dezembro. Chove nos sertões. Situação rara em Juazeiro Bahia. Cidade que oferece uma rica variedade de natureza, cultura, arte e culinária, possui rio São Francisco e histórias possíveis de tirar o fôlego. Nadar no Opará, na língua indigena Rio que é Mar, Velho Chico Rio São Francisco reflete um desafio que  precisa de um bom preparo físico para enfrentar as correntezas e os perigos das águas.

Ao caminhar na Orla (2), o olhar jornalístico recai naturalmente sobre os "Meninos do Rio São Francisco" que saltam da pilastra e do pier, localizado  nas proximidades da antiga Companhia de Navegação do São Francisco/Franave, hoje Vila Bossa Nova.

Entre os adolescentes alguns dos saltadores são adultos. Estes saltos e mergulhos de uma altura "que dá medo', aos não praticantes são tão inacreditáveis que inspiraram uma reportagem e fotos que não estavam na pauta. A profundidade do rio São Francico atinge cerca de 15 metros no local dos saltos e mergulhos.

Estes meninos são adolescentes e tem o rio como quintal. Cauê, André e Paulo e amigos mostram capacidade de nadar, destreza e segurança. Um deles conta que nada desde  criança e sente prazer em mergulhar no Rio São Francisco.

Pergunto: Tens medo? 'Não cabe medo aqui só o prazer e a  liberdade', é a resposta.

Existe unanimidade entre eles: para mergulhar e saltar de certa altura há o risco constante e por isto para quem não sabe, são tarefas arriscadas, perigosas. Depois que se aprende, faz-se sempre com concentração e "levando o rio a sério para não ter acidentes".

Outra história é de um deles já ter salvado um homem que estava se afogando. Os meninos que desafiam o Rio São Francisco com mergulhos que chamam a atenção dizem que só deve fazer quem sabe nadar muito bem e tem a garantia pois a correnteza é forte e no local a profundiade do Velho Chico "não perdoa erros".


Os meninos do rio estão numa fila de espera, a sorrir, esperando pela sua vez de saltar, só consigo pensar: porque saltam? É uma tradição, um rito de iniciação, é pelo divertimento em si? Foi sempre assim?

São perguntas sem respostas! 

A beleza natural de rios, como o Velho Chico, esconde riscos que são uma combinação de fatores quase sempre imprevisíveis. Não se recomenda pular no rio sem antes conhecê-lo. Correntezas fortes não perceptíveis também tornam a luta contra as águas impossível.

No contato com a Guarda Civil de Juazeiro, o Comando informou que a instituição não atua nas questões relacionadas ao rio São Francisco e que a prática também acontece na Ponte Presidente Dutra, jurisdição  Federal.

A reportagem não conseguiu contato com a Agência Fluvial da Marinha.

HISTÓRIAS: Tudo indica que as origens da natação se confundem com as origens da Humanidade. Catteau e Garoff, cita em sua obra, que o Homem raramente entrou em contato com a água por medo, freqüentemente por necessidade e ás vezes por prazer.

Já o cancioneiro brasileiro é rico em destacar o rio e os nadadores:

"O menino e Velho Chico viagens mergulham em meus olhos, barrancos, carrancas, paisagens Francisco, Francisco. Tantas águas corridas. Lágrimas escorridas, despedidas. Saudades. Francisco meu santo, a velha canoa. Gaiolas são pássaros. Flutuantes imagens deságuam os instantes. O vento e a vela me levam distante. Adeus velho Chico diz o povo nas margens do Rio Francisco, Francisco. Música composta por Capinam e Roberto Mendes. 

Texto e Fotos Ney Vital

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