PETRUCIO AMORIM: O POETA DO FORRÓ

Nascido em 25 de janeiro de 1959 com a saúde mais frágil do que o normal para um bebê, o músico Petrúcio Amorim foi assim batizado por conta da fé de sua mãe. 

Ao receber em casa uma desconhecida que ficou comovida com a falta de recursos do seu lar, em Caruaru, ela ouviu a história do Menino Petrúcio que, depois de aceito em um convento de padres capuchinhos de Maceió, havia levado fartura para o lugar. 

Na esperança de que o milagre se repetisse também em sua família e de quebra ainda trouxesse vitalidade para o filho, Dona Hermínia nomeou o caçula da mesma forma, sem imaginar, que ele teria vigor o suficiente para se tornar um dos maiores músicos de Pernambuco.

Sessenta e dois anos depois, o sucesso de Petrúcio Amorim pode fazer os mais religiosos acreditarem no triunfo da homenagem.

 A trajetória marcada pela infância pobre, passando pela superação dos obstáculos até chegar ao sucesso – com músicas que hoje já fazem parte do inconsciente coletivo brasileiro, como “Tareco e Mariola”, “Cidade Grande” e “Filho do Dono” –é narrada na biografia “Petrúcio Amorim – O Poeta do Forró”, de Graça Rafael. 

Também natural de Caruaru, Graça Rafael pesquisa e acompanha o cenário do forró com intimidade e paixão, por isso, desde 2004 já vinha desenvolvendo a biografia do músico.

 “À medida que o tempo passava, fui me afeiçoando e gostando de todos os cantores que faziam parte da história do forró. Fiquei amiga de muitos. Daí minha aproximação com Petrúcio”, explica ela sobre a liberdade para tratar até mesmo de temas delicados da história do compositor. “Em todo esse período, nunca tivemos nenhum desentendimento, nenhuma divergência. É uma biografia totalmente autorizada”, completa.

"Ele, Petrucio Amorim contou toda a história, sem qualquer reserva", diz a autora, que diz ter se emocionado diversas vezes enquanto o músico recordava sua trajetória, desde a infância humilde. "Teve dias que a gente chorou junto", lembra, sem revelar em quais passagens isso ocorreu. 

Filho de um marceneiro e uma costureira, Petrúcio nasceu bastante debilitado, uma gestação conturbada e complicações decorrentes, provavelmente, da subnutrição da mãe, Dona Hermínia. O pai, Antônio, abandonou a família quando o garoto ainda era pequeno, agravando ainda mais a situação financeira no lar.

Aos 17 anos, saiu da modesta casa na Rua do Vassoural, no bairro do Alto do Vassoural, em Caruaru, e partiu para o Recife, para trabalhar como ajustador mecânico, ofício aprendido em curso profissionalizante do Senai, onde também chegou a integrar o time de futsal. 

Em 1980, deu os primeiros passos da carreira musical, quando conheceu Jorge de Altinho e apresentou algumas composições próprias, que seriam depois gravadas pelo forrozeiro, então um estreante. Cinco anos depois, Petrúcio Amorim lançaria o álbum inaugural, Doce pecado, que mesclava rock, xote, baião e afoxé.

Influenciado por músicos como Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Fagner e Zé Ramalho, Petrúcio Amorim teve melhor sorte como compositor, sobretudo a partir dos anos 1990, quando teve músicas gravadas por bandas como Mastruz com Leite, Cavalo de Pau e Limão com Mel. O sucesso na voz de outros artistas ajudou a engrenar a carreira de intérprete na metade daquela década.

"É quase como uma regra, todas as músicas dele contam uma história", diz a autora sobre o caráter autobiográfico das composições do forrozeiro, que ela considera com diferencial e razão para despertar emoção entre os ouvintes.

O livro  conta com depoimentos de familiares, amigos e artistas, além de prefácio escritos por Santanna, o Cantador, e Maciel Melo.

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