PETROLINA E JUAZEIRO: COM PASSAGENS ACIMA DE R$ 3 MIL EMPRESA AÉREA CULPA DÓLAR POR TARIFAS ESTRATOSFÉRICAS

Em meio à crise aérea em Petrolina, a GOL promete ampliar a oferta de voos no Aeroporto Senador Nilo Coelho, com o aumento das frequências na rota Petrolina/Guarulhos. O número de voos diários vai passar de um para três em dezembro, diz a empresa por meio de nota, sem revelar mais detalhes. A companhia, no entanto, não respondeu aos questionamentos do Movimento Econômico sobre as tarifas abusivas no mercado local. 

Antes da suspensão dos voos da Avianca na região, os dois trechos do voo Petrolina/Recife, por exemplo, podiam ser comprados, em média, por até R$ 400 nos horários mais baratos. Hoje, o ticket da mesma rota chega a custar acima de R$ 3 mil e, em casos extremos, pode ficar mais caro que o bilhete de ida e volta Recife/Miami. 

Confira a íntegra da nota da GOL:
“Como empresa competitiva e líder no mercado aéreo brasileiro, a Gol avalia constantemente novas oportunidades para fortalecimento do seu negócio e que possam oferecer ainda mais opções de voos aos seus Clientes. A companhia tem uma malha forte no Estado de Pernambuco e, realiza estudos constantes para ampliar as opções já oferecidas a seus clientes. A companhia está presente no aeroporto de Petrolina desde janeiro de 2005. Atualmente a companhia opera um voo direto entre São Paulo e Petrolina diariamente, a partir de dezembro deste ano a companhia passa a ter dois voos nesta rota.”

A Azul, também por meio de nota, culpou a variação do dólar pelos altos preços praticados no mercado local. De fato, a moeda norte-americana impacta os custos da aviação, especialmente no caso do combustível. Porém, esse argumento está a muitas milhas de explicar - mesmo com as oscilações habituais do preço das tarifas aéreas - porque um voo de ida e volta Petrolina/Recife (1,4 mil quilômetros e duas horas de deslocamento, somando-se os dois trechos) pode ficar quase pelo mesmo preço de uma viagem Recife/Miami (12 mil quilômetros e 14 horas, ida e volta). Quanto à oferta, diferente da GOL, a Azul não sinalizou para a ampliação do número de voos na região. Atualmente, a companhia opera duas frequências diárias em Petrolina, para Recife e Campinas.

Confira a íntegra da nota da Azul:
“A Azul esclarece que os preços praticados na comercialização de seus bilhetes variam de acordo com muitos fatores como trecho, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, entre outros. Além disso, a companhia ressalta que a alta do dólar e do combustível também são elementos que influenciam nos valores das passagens.

Quanto à operação em Petrolina, a companhia ressalta que sempre está atenta à oportunidade de incrementar sua malha aérea em cidades e rotas que já opera, mas, neste momento, não há novidades a serem anunciadas para Petrolina”.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) - responsável por normatizar e supervisionar o setor, tanto nos aspectos econômicos quanto no que diz respeito à segurança – descarta intervir diretamente para solucionar a crise local, defende a liberdade das companhias para definirem suas políticas de tarifas, concorda com os argumentos da Azul sobre os efeitos da alta do dólar no valor dos bilhetes e destaca o empenho para ampliar a competitividade no país. 

Sobre a necessidade de incremento dos voos na região, sustenta que essa é uma decisão que diz respeito às companhias, por meio de suas estratégias de negócio, apesar de reconhecer o alto impacto, em todo o Brasil, gerado pela recuperação judicial da Avianca. “Recentemente, tivemos a saída da Avianca Brasil do mercado, fato que gerou alterações na oferta de voos, e o mercado ainda está se recompondo”, avalia. Em resumo, a agência não acena para nenhuma ação mais direta que possa contribuir para resolver o gargalo na logística de pessoas em Petrolina.

Uma linha de atuação que poderia representar uma possibilidade de superação dessa crise, ainda que no longo prazo, seria o Governo Federal e a agência promoverem os mercados regionais e criarem mecanismos para incentivar as companhias globais de baixo custo a se voltarem também para esses nichos, como o de Petrolina. 

“Temos uma certa cautela ao analisar o potencial das aéreas internacionais para solucionar essa crise, por dois motivos. Primeiro, porque a negociação para que elas efetivamente entrem no Brasil ainda vai exigir tempo. Segundo, porque, quando entrarem no país, as companhias globais low cost vão se voltar, num primeiro momento, para os grandes centros, que são mais atrativos”, afirma o secretário executivo municipal de Desenvolvimento Econômico, Thiago Brito.  

O secretário pontua que “não é nesses mercados que estão os maiores problemas de demanda muito superior à oferta. A procura cresceu com mais intensidade nas rotas regionais, como as de Petrolina, e esse é o filão mais afetado pelo número reduzido de voos e o que tem o pior atendimento”. Uma situação que, considerando os sinais atuais das companhias e a posição da Anac, ainda está muito longe de mudar.

Confira a íntegra da nota da Anac
“Sobre a precificação dos bilhetes aéreos, ela é feita pelas companhias aéreas tendo em vista o regime de liberdade tarifária no setor, instituído pelo Governo Federal em 2001 e ratificado por meio da Lei n° 11.182/2005. Cabe à agência realizar o acompanhamento permanente das tarifas comercializadas – correspondentes aos bilhetes de passagem efetivamente vendidos ao público em geral – pelas empresas em todas as linhas aéreas domésticas de passageiros. Esse levantamento pode ser consultado nos Relatórios de Tarifas Aéreas no site da agência.

Ressalta-se, porém, que a precificação das passagens aéreas é um processo complexo e dinâmico e está intimamente relacionado à demanda, à oferta e à concorrência do setor. Assim, os preços oscilam a todo instante em razão de diversos fatores, tais como distância entre a origem e o destino, condições contratuais para remarcação e cancelamento de passagens, antecedência da compra, dia da semana e horário do voo, aeroporto de origem e de destino e ações promocionais. Mas também afetam sensivelmente o preço das passagens fatores como alta e baixa temporada, sazonalidade e, sobretudo, o preço internacional do barril de petróleo e da taxa de câmbio. Além disso, recentemente tivemos a saída da Avianca Brasil do mercado, fato que gerou alterações na oferta de voos, e o mercado ainda está se recompondo.

A Anac vem intensificando seus esforços para manter medidas que visam aumentar a concorrência no setor, exemplos disso é a recente aprovação do capital estrangeiro em até 100% para empresas aéreas, a elaboração da Resolução n° 400, que está permitindo a entrada de empresas low cost no país, a negociação de acordos bilaterais com outros países para aumentar a oferta de voos, a continuação das concessões aeroportuárias para manter a infraestrutura adequada para novas operações, entre outras medidas que interferem positivamente no fomento do setor.”

Fonte: Rádio CBN Recife (Movimento Economico) Fernando Italo)
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