DOMINGUINHOS SAUDADE NOSSO REMÉDIO É CANTAR

Dominguinhos, cantor e compositor teve uma infância pobre, no interior de Pernambuco. Mas o talento lhe deu reconhecimento, fama e oportunidade de se tornar um dos maiores compositores do forró. A ligação com Luiz Gonzaga sempre foi muito forte.

No Nordeste a tradição das 18h é a família escutar a hora do Angelus. Rezar. E foi nesta hora Divina que Dominguinhos fez a viagem para o "Sertão da Eternidade". Deixou o plano físico no dia 23 de julho! Um descanso para quem lutou mais de 6 anos para sobreviver a um câncer no pulmão.

Neste Brasil de memória curta e por vezes muito injusta avalio que Dominguinhos foi o discipulo de Luiz Gonzaga que superou o Mestre.

Dominguinhos, nascido em Garanhuns,  dia 12 de fevereiro, no  agreste de Pernambuco continuará sendo um dos mais importantes e completos músicos, instrumentistas, tocador de sanfona. É imortal em discos, DVD e milhares de entrevistas por este Brasil afora.

Filho de Chicão, afinador de sanfona de 8 baixos e de Dona Maria soube também guardar a honra e gratidão de ter “aprendido umas lições” de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, que um dia anunciou ser o Dominguinhos o seu mais legitimo seguidor, o verdadeiro herdeiro musical.

Dominguinhos e seu talento de tocar sanfona agradava as mais variadas plateias, indo do jazz aos dançadores do forró pé de serra. Dominguinhos sempre um sorriso para os amigos e humildade, genialidade ao tocar  sanfona respeitando os 8 baixos de Januário, pai de Luiz Gonzaga e de seu pai Chicão.

Dominguinhos sempre teve o compromisso com nossas raízes. Saudade da fala cadenciada como a toada do aboiador. Saudade do olhar triste, de um carinho e atenção que conquistava a todos no primeiro aperto de mão e da voz quente quando tocava e cantava. Dominguinhos tornou-se um cantador que melhor soube interpretar a alma brasileira e vive na boca do povo, no puxado da sanfona em todos os recantos desse Brasil.

Visitei recentemente Garanhuns, lugar onde nasceu Dominguinhos e numa  conversa com o prefeito Izaias Regis, a Secretaria de Comunicação Jaqueline Menezes e professor Antonio Vilela, ouvi deles o compromisso da realização  em 2019 do Festival Viva Dominguinhos

O Festival é importante para reunir jornalistas, pesquisadores, professores,  estudantes, crianças, jovens e adultos  para discutir a Política Cultural no mundo globalizado e mais uma oportunidade de Garanhuns atrair desenvolvimento econômico e social.

Garanhuns nesse sentido consolida um calendário que é um dos principais acontecimentos do Nordeste, Brasil.  Garanhuns firma com o Festival Viva Dominguinhos o incentivo e valorização da cultura e arte, um festival ancorado na alma e no profissionalismo do filho mais ilustre da música brasileira.

Garanhuns abastece assim todo o Brasil, Estado, através da impressionante riqueza de ritmos e artes, do cordel aos cantadores de viola, do aboio ao frevo, do armorial ao maracatu, do baião ao xote e xaxado,  as múltiplas variações da música nordestina/brasileira presentes na sanfona, triangulo e zabumba, “uma autêntica orquestra”, na definição de Luiz Gonzaga.

O professor paraibano, radicado no Rio de Janeiro, Aderaldo Luciano, sempre me lembrou que Luiz Gonzaga foi pedra angular, referência -mor do forró, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

E por isto Garanhuns é o local apropriado para ser o palco capaz de reunir milhares de admiradores, com sede e fome de ouvir, cantar, silenciar, transformar e aplaudir em noites e nuances do céu estrelado sanfonado do mestre Dominguinhos, o discípulo que inovou a arte do mestre Luiz Gonzaga.

Garanhuns vai proporcionar com o Festival Viva Dominguinhos a oportunidade de conhecermos e ampliar o debate sobre compositores, músicos, artistas que sabem divisar o Cruzeiro do Sul do Sete Estrelo e muito além disso discutir e como lidar com a máquina capitalista avassaladora dominante hoje da “indústria musical”.

Dominguinhos Vive. Garanhuns é agora um pedaço de terra de todos nós brasileiros. Dominguinhos, qual Luiz Gonzaga tornou-se uma estrela luminosa a brilhar. Como disse Fernando Pessoa, “quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente”.

Viva Garanhuns. Viva o Nordeste. Viva Petrucio Amorim, Xico Bizerra, Três do Nordeste, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Anastácia, Paulo Vanderley, Luiz Ceará,  Quinteto Violado, Flávio Leandro, Cezinha, Flávio José, Viva o Fole de Oito Baixos, Targino Gondim...Saudades Dominguinhos
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