ARARINHAS AZUIS ESTÃO VOLTANDO PARA JUAZEIRO E CURAÇA, BAHIA

As ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) estão voltando para o Brasil e levando com elas, inclusive, novidades para compartilhar com as comunidades da região de Curaçá, no sertão baiano. Na inauguração do Centro da Associação para Conservação de Papagaios (ACTP, na sigla em inglês), em Berlim, Alemanha, o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, recebeu a notícia de que o centro disponibilizará, inicialmente, 300 mil euros para implementação de Unidades de Recuperação de Áreas Degradadas (Urad) na região.

"A Caatinga, região da ararinha-azul, passa por uma situação econômica muito difícil. E a sobrevivência da ararinha passa, também, pela melhoria da qualidade de vida das pessoas que ali estão. As URADs são ações muito simples, mas que têm uma efetividade enorme. Elas recuperam a capacidade produtiva das famílias e serão a garantia de vida longa para a ararinha-azul e para todos que moram na região", destacou Edson Duarte.

Visivelmente emocionado durante o ato na ACTP, Edson Duarte contou que nasceu no único lugar do mundo onde viveu a ararinha-azul e que, na juventude, fez uma opção em defesa da Caatinga. "Quando comecei a trabalhar com a ararinha só havia um único exemplar na natureza e um dia ela sumiu. O que eu nunca imaginaria era que eu viraria ministro do Meio Ambiente para vir a Berlim assinar um acordo e fazer com que ela volte a tornar o céu azul do sertão do Brasil, mais azul", disse.

A ararinha-azul é uma espécie endêmica da Caatinga e considerada uma das aves mais ameaçadas do mundo. O declínio da espécie foi atribuído a dois fatores principais: a destruição em larga escala do seu habitat e a captura para comércio ilegal nas últimas décadas. Atualmente, existem 11 ararinhas em território brasileiro. Elas estão no criadouro Fazenda Cachoeira, em Minas Gerais.

Para que os animais sejam recebidos no país, será construído um centro de reintrodução da espécie no município de Curaçá (BA), também com apoio da ACTP e da Fundação Pairi Daiza, da Bélgica.

Esses esforços já possibilitaram que a população de ararinhas passasse de 79 indivíduos, em 2012, para 158 em 2018.

Para garantir a reintrodução e preservação da espécie, no Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, 5 de junho, o governo brasileiro criou o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-azul, no município de Curaçá, e a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-azul, em Juazeiro (BA). O objetivo dessa iniciativa, além de proteger o bioma Caatinga, é promover a adoção de práticas agrícolas compatíveis com a reintrodução e a manutenção da espécie na natureza.

O Refúgio da Ararinha-azul tem 29,2 mil hectares; e a Área de Proteção possui 90,6 mil hectares. As unidades vão compor um mosaico de UCs para conciliar a conservação de remanescentes de Caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, com o Programa de Reintrodução da Ararinha-azul na natureza, que prevê a soltura dos primeiros exemplares a partir de 2021.

Essas unidades também irão incentivar políticas para a melhoria da qualidade de vida da população local, além de estimular atividades que gerem emprego e renda para a comunidade por meio de projetos de produção sustentável, turismo, conservação e pesquisa.

Fonte: Renata Meliga, enviada especial a Berlim (Alemanha)/ Ascom MMA
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