Luiz Gonzaga ajudou a vencer os preconceitos exercidos contra pobres e negros em Picuí, Paraíba

Meu amigo, conterraneo das bandas da Paraíba, o cangaceiro, professor, pesquisador Kydelmir Dantas conta um trecho da passagem de Luiz Gonzaga, no município de Picui, num forró que serviu para desbancar o preconceito das minorias humilhadas pelo poder político da época exercido  contra negros e pobres.

A história é a seguinte:

"Já tinha ouvido falar sobre a presença do Rei do Baião no curimataú paraibano, inclusive sobre a história do Clube fundado por Felizardo Bezerra (in memoriam) que o fez para o divertimento da classe média e baixa (e de negros) pois o clube social da cidade só permitia ao acesso da elite.

Agora me chega o primo Antonio Carlos Dantas, a prima Carmera Dantas a amiga Selma Ferreira e Fabiana Agra para corroborar esta passagem nas plagas picuienses. O que se comentava é que Felizardo criara este clube e dissera em alto e bom som que era "para os negros e pobres se divertirem" e ainda trouxe um 'negro de fama' pra inaugura-lo".

O negro era Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

"Felizardo Bezerra fundou o “Centro Recreativo Picuiense”, no ano de 1956. E muito já se especulou acerca da motivação de Felizardo para assim proceder, eis que já havia um clube na cidade. Francisco Cavalcanti, amigo pessoal do líder político, dirime as dúvidas, afirmando que Felizardo costumava eleger rainhas nas festas de São Sebastião, através do “cordão do encarnado”. Já a situação, que era adepta do “cordão azul” não gostava de Felizardo. Então, os líderes da situação, tais como Raimundo Sales, Antonio Belarmino, Eduardo Macedo, Abílio Cesar, Celso, Amando, não deixavam que Felizardo fosse presidente do clube. Portanto, devido a uma questão político-partidária, Felizardo Bezerra fundou o clube, vendendo mais tarde a sede da agremiação para a outra associação, na época liderada por Omar Henriques – surgindo, assim, o atual “Picuí Clube”.

“Esta sanfona da foto é aquela que roubaram de Luiz Gonzaga, no Rio de Janeiro, momentos antes de uma apresentação sua e que inspirou para a música SANFONA DO POVO, de autoria de Luiz Guimarães e Helena Gonzaga".

Carmera Dantas comenta ainda em sua rede social que "Felizardo Bezerra era negro e por isso deveria sofrer o racismo de cada dia. Era um líder popular e construiu uma oposição qualificada que colocou o primeiro negro na prefeitura: José Mariano da Silva derrubando a elite truculenta e racista de Picuí!!
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