Elba Ramalho critica programações juninas com presença de sertanejos

A cantora Elba Ramalho, um dos ícones do São João nordestino, criticou a programação de Campina Grande, na Paraíba, e reclamou do espaço tomado por artistas da música sertaneja nas grades juninas. A cantora paraibana encerrou a noite de abertura dos festejos de junho de Caruaru, conhecida como a Capital do Forró, com roteiro composto por xote, forró, quadrilha e outros ritmos locais. Além dela, apresentaram-se a Orquestra de Pífanos de Caruaru, Maestro, Mozart Vieira, Fulô de Mandacaru e Alcymar Monteiro. 

"Falei com a Paraíba, reivindiquei porque o São João de lá está muito mais comprometido que o São João daqui. Eu não tenho nada contra nenhum artista, nada contra nenhum sertanejo. Tem espaço para tudo, no céu cabem para todos os artistas, ninguém atropela ninguém. Porém eu não toco na Festa de Barretos, Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos, e eles têm bem esta coisa: essa área é nossa", declarou Elba. 

"Aí quando chega aqui no São João, em Campina Grande, não ter o Biliu de Campina, não ter Alcymar Monteiro, eu reclamei bastante, não ter os trios. Quando chega o São João, se você não tem forró... Eu não quero ir a uma festa que não tenha forró", comparou. 

Elba aproveitou para apoiar campanha Devolva meu São João, encabeçada por Joquinha Gonzaga, sobrinho de Gonzagão, Chambinho do Acordeon, Alcymar Monteiro, Flávio Leandro, Flávio José, Jorge de Altinho, Marquinhos Café, Targino Gondim, Rennam Mendes, entre outros sanfoneiros e cantores.

Nas redes sociais, a manifestação conta com adesão de cantores, compositores e instrumentistas de vários estados do Nordeste. Eles compartilham textos, vídeos e imagens com os dizeres "Devolvam o nosso São João", "São João é do Nordeste" e "São João só é grande quando tem forró", entre outros.

Alcymar Monteiro aponta que "essa é festa espoliada por pessoas que são alheias à nossa cultura, que não compreendem esse tipo de manifestação. E que acham que o forró é uma música de 2ª classe".

O forrozeiro classifica as tradições culturais como um direito universal, existente no mesmo patamar que outras garantias básicas necessárias como saúde e alimentação. "O forró é a trilha sonora da maior festa de inverno do mundo. Uma manifestação que é a representação dos nossos valores mais profundos, oriundos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Joao do Vale e Jackson do Pandeiro, esses grandes menestréis que construíram nossa cultura musical", afirma.
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