É junho! Uma fogueira me fez lembrar de Dominguinhos

É junho! E hoje pela madrugada senti a presença de Dominguinhos! Sim! No balanço da rede despertei ouvindo "Seu Dominguinhos" cantando no Rádio.

Numa recente conversa com a cantora e compositora Anastácia, ela que é uma das parceiras mais talentosas de Dominguinhos disse que o sanfoneiro "deveria ser um Grande Espírito", tamanha a genialidade, humildade em criar melodias e arranjos.

Dizem que Dominguinhos criava melodias fácil e “Todas surgiram tão rápido, de forma tão mágica que pareciam psicografadas”, conta Alceu Valença, parceiro de Lava mágoas e Estrela somos nós, ambas de 1982.

O dom para a criação foi despertado por Anastácia, com quem Dominguinhos viveu junto durante 12 anos e assinou mais de 200 músicas. Ela conta que, certa vez, em Sergipe, durante uma turnê pelo Nordeste, Dominguinhos começou a tocar pela manhã e ela, mesmo de outro quarto, inspirou-se para escrever. Ainda no início de namoro, em 1969, fizeram De amor eu morrerei e Um mundo de amor.

“Era uma declaração de amor, sem perceber”, confessa. A partir de então, o gravador era item obrigatório. As melodias registradas em fitas cassete, algumas vezes, demoravam anos para ganhar letras, como no caso de Tantas palavras (1983), parceria com Chico Buarque. “O músico pernambucano já não se lembrava da fita e muito menos da melodia, quando se encontraram para terminar o trabalho”, conta o biógrafo Wagner Homem, no livro Histórias de canções. Mais de dez anos depois, a fita rendeu ainda Xote de navegação (1998).

Djavan não esperou tanto, mas demorou um ano para devolver Retrato da vida (1998). “Eu encontrei Dominguinhos e ele me perguntou: ‘Dja, se eu te mandar uma musiquinha, você faz uma letrinha?’ Ele me enviou oito! A primeira que eu ouvi já era maravilhosa”, recorda. As outras sete permanecem “brutas”.

Outro parceiro da música popular brasileira foi o baiano Gilberto Gil, fã declarado de Luiz Gonzaga, influência direta no início da carreira musical.

Antes de escrever com ele os clássicos Lamento sertanejo (1975) Abri a porta (1979), Gil gravou Só quero um xodó (Dominguinhos e Anastácia), a primeira composição de sucesso de seu Domingos, em 1974. “Quando Xodó tocou no rádio, Luiz Gonzaga disse ‘eita, Neném, tu és danado mesmo’. E chorou copiosamente”, recorda a prima, Maria Lafaete Gonzaga. Ela o viu chorar duas vezes. A segunda foi com o arranjo do Quinteto Violado para Asa branca.

Dominguinhos, aliás, chegou a ser conhecido como sexto membro do Quinteto Violado, durante turnê de A feira, no início da década de 1970. Nessa época, ele e Toinho Alves compuseram Sete meninas (1975), gravada também por Jackson do Pandeiro. Também na estrada, quando se encontrava com João Silva, sempre saía uma música. “Uma vez, eu vi uma moça beijando um retrato várias vezes. Achei que era um santo, mas era o namorado dela. Quando contei a Dominguinhos, ele perguntou ‘e a música já está pronta?’”. Não estava, mas virou Retrato redondinho, umas das mais de 20 parcerias da dupla.
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