ALCEU VALENÇA CELEBRA 102 ANOS DE JACKSON DO PANDEIRO EM RELEITURA DE PAPAGAIO DO FUTURO

Para celebrar Jackson do Pandeiro e no dia de seu aniversário – se vivo estivesse, o artista paraibano completaria neste 31 de agosto 102 anos - o cantor e compositor Alceu Valença lançou o single digital “Papagaio do Futuro” (Deck), em versão com voz e violão.

A canção, lançada por Alceu, Geraldo Azevedo e Jackson do Pandeiro no Festival Internacional da Canção, em 1972, ganha nova roupagem, além das que já foram feitas com pegadas voltadas para o rock e para o regional.

Segundo Alceu, “Papagaio do Futuro” foi uma espécie de previsão feita na época, já que em sue refrão “(...) eu fumo e tusso / fumaça de gasolina”, traz à tona a crise do petróleo que eclodiria em todo o planeta anos depois do lançamento da música. Já para Jackson, a canção era a embolada do século.

INFLUÊNCIA JACKSON NA MPP: As obras compostas ou interpretadas por Jackson do Pandeiro marcaram a trajetória da Música Popular Brasileira. Com uma divisão musical diferenciada para a época e o domínio sobre diferentes ritmos, o paraibano José Gomes Filho ganhou o título de “rei do ritmo”.

Para o pernambucano Alceu Valença, a expressividade de Jackson se destacava durante as apresentações. “Trouxe justamente a maneira dele interpretar, que é diferente, a maneira dele dividir, que é diferente. Ele é expressivo e ele cantava muito bem, dividia muito bem”, comentou.

Gilberto Gil explicou que o pandeirista conseguia utilizar a voz para sobrepor sílabas explosivas, como uma espécie de percussão. Para Gil, músicas como “Sebastiana” e “17 na corrente” tiveram grande impacto no cenário musical.

O artista lembrou que, quando pequeno, foi a um show de Jackson, que aconteceu onde atualmente está situada a Arena Fonte Nova, em Salvador, na Bahia. “Eu fui ver, fiquei assim bem na frente dele, era bem garoto ainda”, disse. À época, o menino não tinha noção de que, por volta de 1972, eles chegariam a trabalhar juntos.

“Participou de uma gravação comigo, uma gravação que eu fiz de um disco sobre samba breque e tal. Eu convidei ele pra participar e a gente se encontrava muito nos camarins das televisões, era muito interessante”, pontuou.

Alceu Valença contou que quando, juntamente com Geraldo Azevedo, procurou Jackson para gravar uma música. Na ocasião, houve uma certa resistência por parte do paraibano, que pensava, pelo estilo dos jovens músicos, que seria uma proposta relacionada à Jovem Guarda, que estava em alta na época.

“Ele não suportava a Jovem Guarda, depois é que ele me confessou. Aí ele olhou, eu digo ‘olha, eu queria convidar o senhor pra poder cantar com a gente’. Ele fez ‘mas que música?’. [...] Aí eu digo, ‘é uma música’, aí ele fez ‘mas que tipo, que gênero?’. Aí eu digo [cantando] ‘é… estou montado, no futuro indicativo, já não corro mais perigo...’. E ele fez ‘eita! Fulano, eles são ‘cabeludos’ mas fazem música brasileira’”, narrou.

O também pernambucano Lenine destacou que considera Jackson como um dos alicerces da MPB contemporânea. “Da mesma maneira quando eu percebo o Gonzagão e o baião, quando eu percebo um Jorge Ben com um samba, ou um João Gilberto com o samba, quando eu percebo um Bob Marley com o reggae, isso me parece muito parecido com a importância que o Jackson tem em relação ao coco”, ressaltou.

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