CANTADOR ELOMAR A CAMINHO DOS 84 ANOS

Dia 21 dezembro de 2021, Elomar faz 84 anos. Elomar Figueira Mello. Onde ele está? Recolhido em suas terras, junto com seus bodes, lá em Vitória da Conquista, Bahia?

Provavelmente.

Mas temos a sua música. Vamos ouvi-la, hoje, em sua homenagem.

Apois pro cantadô i violero

Só hái treis coisa nesse mundo vão

Amô, furria, viola, nunca dinhêro

Viola, furria, amô, dinhêro não

Esse foi o primeiro impacto.

O Violeiro, versos escritos assim mesmo, com essa grafia. Como se fosse um dialeto do Sertão da Bahia.

Aquela voz. Aquele violão. Diferentes de tudo o que ouvíamos.

Era a faixa de abertura do LP Das Barrancas do Rio Gavião, de 1973.

Seis anos mais tarde, em 1979, veio o álbum duplo Na Quadrada das Águas Perdidas.

Não havia mais nenhuma estranheza provocada pelos sons daquele cara – criador de bodes em Vitória da Conquista, arquiteto graduado em Salvador, violonista de formação erudita.

Já havíamos assimilado a música dele. Tudo era beleza no seu universo musical e poético.

Elomar Figueira Mello. Ou, simplesmente, Elomar.

Homem de ideias atrasadas, um reacionário, como dizíamos no passado, mas autor de uma obra incrível.

A música de um Brasil profundo e desconhecido.

Elomar e seu violão. Elomar e alguns poucos músicos. Elomar e uma orquestra sinfônica.

Canções soltas reunidas num disco. Ou trabalhos conceituais (Fantasia Leiga para um Rio Seco) compostos por um artista talentosíssimo e muito original.

Elomar não faz televisão, raramente dá entrevista, não quer conversa com gravadoras.

Grava seus discos de forma independente e os vende caríssimos na porta dos teatros onde se apresenta.

Jamais usa a palavra show. Prefere concerto. Ou recital. Ou cantoria.

Quando vou vê-lo ao vivo, ou ouvi-lo em discos, esqueço todas as suas idiossincrasias.

E me entrego à extrema beleza da sua música. (fonte:Silvio Osias)

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