PADRE ANTÔNIO MORENO COMPLETA NESTA SEXTA-FEIRA(27), 39 ANOS DE VIDA SACERDOTAL

Padre Antônio de Jesus Moreno completa nesta sexta-feira (27)  39 anos de sacerdócio. As comemorações estão sendo realizadas realizadas de forma virtual. Todos os anos a data é lembrada pelas paróquias, movimentos sociais e sindicatos. Amigos, fiéis e admiradores enviam as várias formas de gratidão pelos serviços prestados durantes estas décadas de trabalho nas comunidades.

A ordenação aconteceu no dia 27 de agosto de 1982. Natural de Arari, Maranhão Antonio Moreno exerceu ministério nas paróquias Nossa Senhora das Dores em Petrolina, Paróquia São José, (Dormentes, PE) e São João Batista (Afrânio, PE), Paróquia São João Batista, João de Deus, Petrolina,  Paróquia Santa Teresinha (Cohab VI, Petrolina, PE);e Igreja do Bairro José e Maria.

Padre Antonio é doutor em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, Itália, tendo defendido tese sobre “Educação Profissional e Tecnológica em uma Estratégia de Desenvolvimento Local”. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, Itália;  Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Itália; Especialista em Gestão do Desenvolvimento Local pelo Centro Internacional de Formação, OIT (Organização Internacional do Trabalho), Torino, Itália.

Em abril de 1991 ingressou através de concurso no Instituto Federal do Sertão, quando ainda era Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Brandão Vilela. Aposentou-se em julho de 2015.

Militante político de fortes convicções democráticas e populares, exerceu o mandato de vereador pelo Partido dos Trabalhadores no período de 2001 a 2004, destacando-se na luta pela implementação do Estatuto das Cidades e Reforma Urbana em Petrolina.

Confira homenagem do professor Francisco José de Lima.

“Não, não pares. É graça Divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa, manter o ritmo... Mas a graça das graças é não desistir. Prosseguir firme. Podendo ou não podendo. Caindo embora aos pedaços... Chegar até o fim". (Dom Helder Câmara) 

Caro irmão no sacerdócio e no seguimento de Jesus Cristo, quero neste dia, render graças a Deus pelo dom do seu sacerdócio. Hoje é um dia de ação de graças a Deus porque um homem que tinha seus projetos e sonhos foi há 39 anos misteriosamente alcançado pelo amor e a misericórdia de Deus. Como aconteceu ao profeta Jeremias: “o Senhor se enamorou de ti”. O Senhor te seduziu e tu te deixaste seduzir por Ele e seu projeto de amor. Verdadeiramente o Senhor te olhou nos olhos. Que grande mistério de amor é a vocação!

Deus em seu amor e gratuidade chama a quem Ele quer e pelos caminhos que somente Ele conhece. Tenho certeza de que o senhor se pergunta no íntimo da sua alma: “Porque eu Senhor e não outros”? Essa pergunta esbarra no grande mistério que é o chamado de Deus. A vocação é proposta de amor e somente o amor constitui a única resposta adequada. De fato, somente o amor é a medida que está à altura da dignidade do homem. Este não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo seu próprio, se dele não participa vivamente.

A celebração dos seus 39 anos de anos de sacerdócio é a expressão do quanto o senhor, entre alegrias e tristezas, fracassos e esperanças correspondeu ao chamado de Deus. Se ao fazer a memória destes 39 anos vier ao seu coração o sentimento de indignidade e insuficiências humanas, que venha em seu auxilio o socorro da graça de Deus. Se a sublimidade e grandeza desta vocação assustam a sua humana fraqueza, que o auxílio divino venha ao seu encontro. Somente Deus é Santo! Diante de Deus somos todos indignos servos. O único e supremo sacerdote é Cristo. O sacerdote por graça e bondade de Deus participa do único Sacerdócio que é o de Jesus Cristo.

A prova de que a Igreja é divina é que Deus sabe trabalhar com instrumentos frágeis e deficientes. Deus sustenta a sua Igreja contando com a colaboração dos homens, mesmo estes tendo suas fraquezas. Quanto estrelismo e sensacionalismo no nosso tempo! Tentações que arrastam a muitos cristãos leigos e sacerdotes. O senhor, ao longo do exercício do seu ministério, sempre fugiu destas loucuras da nossa época. Com suas homilias, formações, palestras e sobretudo com a própria vida, o senhor é um testemunho vivo de que a razão de ser do sacerdócio consiste em viver para Deus a serviço dos irmãos. É uma aberração um padre narcisista que se considera o centro do mundo e da vida, esquecendo que é um servidor de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus. 

Durante estes 39 anos o senhor fomentou e promoveu, com zelo e amor, o protagonismo dos leigos nas paróquias por onde passou. Sempre exortou sobre o perigo de infantilizar e clericalizar os leigos. Estes não são o braço direito da hierarquia eclesiástica ou empregados que somente servem para atender caprichos dos padres ou se confinarem a sacristia. Não! A missão dos leigos se fundamenta no Batismo. Evangelizar é uma missão recebida diretamente de Cristo. Os leigos devem servir a Cristo nos mais variados campos da sociedade civil. Devem ser sal da terra e luz do mundo.

É digno de nota que, numa época onde a Igreja particular de Petrolina contava com pouquíssimos padres e escassos recursos econômicos, o senhor organizou e ajudou a formar diversas paróquias, tanto no aspecto administrativo e econômico, como pastoral. A prova viva disso é que as lideranças leigas que encontramos até hoje nas paróquias são fruto do sério e eficaz trabalho pastoral de todos esses anos anteriores. Longe de qualquer saudosismo: é justo e necessário reconhecer que foi um dos momentos mais dinâmicos e frutuosos da história da nossa querida diocese de Petrolina.

O senhor é um dom de Deus para nossa Igreja particular de Petrolina como homem e como sacerdote. Digo como um homem porque é impossível ser um bom sacerdote, se faltam qualidades humanas essenciais. Uma certa vez perguntaram a um cardeal qual seria o critério essencial para ordenar um sacerdote no mundo atual. Ao que este respondeu: ‘Que seja um ser humano”. Se a dimensão humana de uma pessoa se encontra desfigurada ou atrofiada, a graça não poderá fazer muitas coisas, porque como nos ensina o grande Doutor da Igreja, Tomás de Aquino: “a graça supõe a natureza”.

Dito isso, quero elencar algumas qualidades humanas que o senhor possui e que estão por sua vez ligadas ao ser e ao exercício do ministério sacerdotal.

Em primeiro lugar, o senhor é uma pessoa empática e sensível ao sofrimento das pessoas. A sua casa é uma porta aberta para todas as pessoas, inclusive, para os padres da nossa Diocese a quem o senhor teve sempre uma atitude de respeito e cuidado. Independente de gostos e opiniões pessoais o senhor sempre soube ter atitudes de acolhida e de compreensão para com todos.

Em um mundo carente de valores como a honestidade, o senhor é um testemunho vivo que é possível viver com ética e cidadania. De fato, são 39 anos de trabalho na Igreja e no campo da educação. Somente uma pessoa maldosa ou que desconhece a sua história poderia dizer o contrário. Sim! O senhor é um homem honesto e transparente. O sacerdote pessoalmente inserido na vida da comunidade é responsável por ela e deve oferecer, também, o testemunho de uma total transparência na administração dos bens da comunidade, que ele nunca deve tratar como se fossem patrimônio próprio, senão como algo que deve prestar contas a Deus e a comunidade de fé. Deus seja louvado pelo seu testemunho no tocante a este excelso valor humano e cristão que é a honestidade e a transparência. 

Enquanto no mundo predomina a hipocrisia e a falsidade, o senhor é um exemplo de sinceridade. É curioso que a palavra sinceridade etimologicamente falando se refere a um mel puro. Ou seja, sem cera. O senhor não aprendeu graças a Deus a usar máscaras. Fazer teatro, exibicionismo, hipocrisia, oportunismo e tramar o mal contra as pessoas não faz parte da sua história. 

Nunca esquecerei de uma missa onde o senhor resumiu a sua vida nesta frase: “Deus infinitamente Bom e eu muito pecador”. O senhor apesar das perseguições, calunias e difamações é incapaz de guardar ódio contra quem quer que seja. Deus lhe concedeu mais esta graça! Realmente não cabe ódio no coração de um cristão. Que uma pessoa seja incapaz de sentir ódio e de maquinar o mal contra o próximo é uma dádiva divina. Por trás de toda pessoa maldosa existe uma vida muito infeliz. Somente quem é capaz de amar e perdoar pode ser realmente feliz.

Neste dia, damos graças a Deus pelo dom do seu sacerdócio vivido com fé e fidelidade a Cristo. Deus seja louvado pelo senhor ser um homem fiel à sua consciência, a Deus e a Igreja. Hoje se fala muito no interior da Igreja da obediência, mas, na realidade, a imensa maioria dos cristãos leigos e dos sacerdotes não compreendem o seu verdadeiro sentido humano, teológico e espiritual. Eu estou convencido de que existe uma obediência que concerne a todos: superiores, sacerdotes, bispos e leigos, que é a mais importante de todas, que sustenta e fundamenta todas as demais. E esta obediência, não é a obediência do homem a outro homem, senão a obediência do homem a Deus. É necessário obedecer antes a Deus que aos homens. 

Obedecer cegamente aos homens que detém o poder foi e continua sendo, na história, causa de muitas arbitrariedades e injustiças. Dom Helder dizia acertadamente que obediência cega nem a Deus. Que triste e que irracional quando um sacerdote afirma que” a vontade do superior é a vontade de Deus”. Ou” quem obedece nunca erra”. A obediência aos superiores é legitima somente quando o que estes ordenam está de acordo com a consciência e o Evangelho de Cristo. Fora deste critério fundamental obedecer é um ato imoral e vergonhoso. Nenhuma autoridade está acima de Deus e da consciência do homem.

Por esta razão a verdadeira obediência a Deus implica sofrimento. Cristo, nosso Mestre e Senhor, foi caluniado, difamado e morto porque preferiu obedecer antes a Deus que aos homens. Verdadeiramente, obedecer é morrer. Se trata de confrontar e conformar nossas vontades com a vontade de Deus e deixar que esta última prevaleça. São Basílio dizia que se pode obedecer de três maneiras: a primeira, por medo ao castigo, esta é a atitude dos escravos; a segunda, por desejo de privilégios e prêmios, esta é a disposição dos mercenários; a terceira, por amor, esta é a disposição dos filhos. Deus seja louvado por sua obediência a Cristo e a Igreja.

Hoje é um dia de ação de Graças porque Cristo, por meio do seu ministério, continua presente na vida das pessoas. Obrigado, Pe. Antônio, porque fugindo de toda publicidade e espetáculo o senhor tem dado aos homens e mulheres do nosso tempo o maior tesouro: Jesus Cristo. Cristo é o amigo de todas as horas, inclusive, quando somos incompreendidos, caluniados e difamados pelos próprios irmãos de fé. Assim foi com os profetas, até mesmo com o maior de todos: Cristo, o nosso Mestre e Salvador. Não tenha medo! Não existe solidão quando esta é povoada pela presença de Cristo. O mundo tem esperança porque sempre Deus fará surgir homens capazes de sofrer pela verdade.

A vida humana não se realiza por si só. A nossa vida é uma questão aberta, um projeto incompleto que ainda deve ser terminado e realizado. A pergunta fundamental de cada homem é:  como se realiza isto de tornar-se homem? Como se aprende a arte de viver? Qual é o caminho da felicidade? Cristo é a nossa felicidade.

A maior pobreza de um ser humano é a incapacidade de alegria, o tédio da vida considerada absurda e contraditória. A incapacidade de alegria supõe e causa a incapacidade de amar, inveja, avareza: todos estes são vícios que devastam a vida dos indivíduos e o mundo. A alegria é o antidoto contra a maldade humana. Os ditadores são incapazes de sorrir. Que o senhor continue irradiando alegria apesar das perseguições e calúnias. Como dizia o grande Dom Helder Câmara: “Há criaturas como a cana: mesmo postas no moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura“.

Que o Senhor te conceda neste dia muitas alegrias. Que te sirva de consolo as palavras de São Paulo:

“Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças”. (Filipenses 4,4-7) 

*Francisco José  de Lima é professor no Crato-Ceará Graduado em Filosofia pela Faculdade de Ciencia e Letras de Cajazeiras, Paraíba e bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza, Ceará. Mestre em Ciências do Matrimônio e da Família (Espanha).

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