DOCUMENTÁRIO MOSTRA AVANÇO DA MONOCULTURA DE EUCALIPTO NA BAHIA

“Esta é uma floresta morta, um fantasma”, conta Rodrigo Santana Mãdỹ, do povo Pataxó, ao caminhar por uma área de cultivo de eucalipto no extremo sul da Bahia. Cercados pela monocultura, indígenas e agricultores familiares enfrentam os impactos do eucalipto na região. O filme MATA acompanha a trajetória de Rodrigo e Etevaldo Pereira Nunes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na luta pela garantia de seus territórios.

O documentário foi selecionado para a 10a edição da  de cinema. A estreia do filme acontece no dia 24/08 às 15h. Acesse a página do filme com a programação completa da mostra.

Brasil é o maior exportador de celulose do mundo e um dos maiores produtores de eucalipto para a indústria de celulose destinada à produção de papel na Europa. Com apenas 4% da cobertura original da Mata Atlântica preservada na Bahia e a substituição da vegetação nativa por “florestas plantadas” de eucalipto, os Pataxó e agricultores vivem em um cenário de seca, rios contaminados, esgotamento do solo e insegurança fundiária.

“Se aqui fosse eucalipto não tinha mais água não. Ia estar tudo seco”, conta Etevaldo. Os indígenas aguardam a demarcação de seu território, a Terra Indígena Comexatiba (Cahy-Pequi), sobreposta aos Parques Nacionais do Descobrimento e Monte Pascoal, e rodeada por plantações de eucalipto. Etevaldo, por sua vez, aguarda o título de posse definitivo de seu lote. Por meio da mobilização do MST, 2,1 mil famílias foram assentadas no extremo sul da Bahia e outras 2,7 mil estão acampadas, lutando pelo direito de ter seu lote.

“Quando a invasão colonizadora veio para cá, ela arrancou as árvores, matou o verde, plantou o chão de eucalipto e está matando a terra. A terra não tem mais força, não tem mais poder, não tem um inseto, um besourinho, não tem uma isca, não tem nada vivo. A terra está morrendo onde plantam o eucalipto”, denuncia Rodrigo Mãdỹ, em uma plantação ao lado de seu território.

“Estamos trabalhando neste filme há exatamente cinco anos. Documentamos a paisagem ao longo do tempo, as mudanças e as consequências da seca. E, não menos importante, buscamos cenas visuais fortes e combinamos isso com uma paisagem sonora que busca fazer o público se mover junto com os eucaliptos dançantes”, diz Fadnes, uma das diretoras do filme.

MATA é o primeiro longa-metragem do fotógrafo e cineasta brasileiro Fábio Nascimento, que tem uma vasta experiência na temática ambiental e já realizou trabalhos para a National Geographic, Greenpeace, Médicos sem Fronteiras, New York Times, entre outros. É também o primeiro filme da jornalista norueguesa Ingrid Fadnes, com atuação de muitos anos na América Latina em trabalhos relacionados a causas ambientais e sociais.

Para a artista, cineasta e ativista finlandesa-sami Pauliina Feodoroff, ex-líder do Conselho Sami, o filme combina jornalismo com forte expressão artística. Segundo o Films From the South, é um “documentário hiper-atual sobre a perda da diversidade de espécies”. O filme, uma produção da Boituí, tem patrocínio do FSA/BRDE, coprodução da Flume e apoio do canal CineBrasilTV, LAG e Fundo para imagem e som da Noruega.

Site oficial: https://matafilme.com/ Programação mostra Ecofalante: https://ecofalante.org.br/filme/mata

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