GONZAGÃO, A LENDA E A MAGIA DO TEATRO

Em 2012, quando foi comemorado o centenário de nascimento, Luiz Gonzaga foi alvo de uma série de homenagens. Em 'Gonzagão, A Lenda' oito atores e uma atriz se revezam no palco em uma viagem musical pela trajetória do Rei do Baião. Como em qualquer história de homem que vira mito, a vida de Luiz Gonzaga tem passagens em que as versões de seus biógrafos não convergem, em que realidade e fantasia se confundem e, por conta disso, o autor e diretor João Falcão se sentiu livre para tratar mais do mito do que do homem. 

O musical Gonzagão- A Lenda, foi roteirizado e dirigido por João Falcão e tem sua trilha sonora perpetuada em CD editado pela Sarau Agência de Cultura Brasileira, da produtora cultural e jornalista Andréa Ribeiro Alves, idealizadora do espetáculo.

Neste período de distanciamento social, escutei mais uma vez o CD. Magnifico. Nele vou viajando no texto de Andrea Alves: "Ê sertão. Luiz Gonzaga cantou a seca, a tristeza, a alegria e a saudade"...Lembrei da frase de Rubem Fonseca: quando a dor é muito grande, o sofrimento é silencioso. 

O elenco se reveza na interpretação vivaz de 35 músicas do repertório de Gonzagão sob a direção musical de Alexandre Elias, indicado ao Prêmio APTR de teatro por conta desse trabalho. O disco abre com Aboio, tema inédito de João Falcão em que o diretor expõe na letra as diretrizes deste espetáculo que celebra o Rei do Baião com liberdade estilística e alegria, reflexão.

Tive o impulso de escrever para a jornalista Andrea. Propus que este teatro musical deve voltar a percorrer o Brasil e novamente chegar no palco lá do pé de Serra do Araripe, Exu, Pernambuco, terra onde nasceu Luiz Gonzaga. 

Foi em Exu, que assisti o espetáculo duas vezes e a presença do pesquisador Higino Canuto Neto é uma das provas, pois nas duas vezes, vi Higino em pura emoção aplaudindo em pé e forças o final da apresentação. Magnifico é o espetáculo. Ali assistimos o povo de Exu, ri, chorar e aplaudir o mito, Luiz Gonzaga.

Gonzagão, a Lenda é uma viagem musical pela trajetória do Rei do Baião, o musical traz história de homem que vira mito, onde a vida de Luiz Gonzaga tem passagens em que as versões de seus biógrafos não convergem, em que realidade e fantasia se confundem, onde o autor se sentiu livre para tratar mais do mito do que do homem, apresentando cerca canções, como os sucessos “Cintura fina”, “O xote das meninas”, “Qui nem jiló”, “Baião”, “Pau-de-arara” e sua mais célebre criação, “Asa branca”.

“É a história de Luiz Gonzaga, mas não é Wikipédia”, diz Falcão, que evitou qualquer didatismo na construção do texto, embora tenha lido vários livros sobre um dos artistas mais importantes da música brasileira, morto em 2 de agosto de 1989, cujo centenário de nascimento foi comemorado em dezembro de 2012.

Sempre que escuto o CD Gonzagão, A Lenda, lembro da Missa do Vaqueiro, realizada em Serrita, Pernambuco. A missa serve para alimentar nossa alma e nossa identidade mais brasileira. Aliás ouvi de um vaqueiro história que fiquei emocionado: de acordo com ele o aboio é um canto mágico espiritual.


De acordo com o vaqueiro quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o sentimento pelo “irmão” morto. O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste! 


Assim eu escutei e aqui reproduzo.
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