A obra de Marcus Accioly está viva e eterna, diz o escritor Raimundo Carrero

Devo este artigo faz tempo. Não exatamente por causa do lançamento, em que se reviveu a força, a fidalguia e os amores do autor, no auditório da Academia Pernambucana de Letras, mas por causa da amizade de vida inteira, nas viagens ao Sertão a São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba, sempre revestidas de sucesso, conquistas e boas farras neste mundo de meu Deus, a celebrar o bom uísque e a festiva cerveja, com macarronadas e saborosos filés ao molho madeira .

Por tudo isso e mais isso o livro não poderia ser outro senão Don Juan – Don Giovanni, que é, a seu modo, uma espécie de autobiografia sentimental-amorosa deste que foi um poeta sempre encantado pelas mulheres e conquistado por elas, embora sempre leal e correto, ainda quando guardando os princípios sociais da conquista.

Na quarta capa do volume, a Cepe Editora , magnífica no lançamento de grandes obras de autores pernambucano, destaca que “este livro de Marcus Accioly foi escrito à exaustão pelo poeta, que já o imaginara como sua última obra. Nele, percebe-se a grandeza épica e trágica – a par com o burlesco – de grande beleza verbal, característica marcante de sua poesia, que recorre com frequência os mitos.”

“Aqui resgata a figura de Don Juan, cujos jogos de erotismo e sedução em embates com mulheres e com o diabo, revelam as inconsistências da condição humana, a recusa e a atração da morte”, completa a nota que poderia acrescentar ter sido esta uma das constantes da vida do escritor de Nazaré, muitas vezes retirado humildemente na casa de Itamaracá.

Destaque-se, ainda, o mito de que Marcus Accioly não bebia. Sim, bebia à larga nas conquistas e aventuras, nas noitadas com amigos, mantendo-se abstêmio nas ocasiões que lhe favorecia. Lembro-me das noitadas em Arcoverde, no Portal do Sertão, onde vencíamos as horas ao som de violões e de cantares, sempre com uma mão feminina pelos escaninhos do corpo e do desejo.

Saúdo com alegria e festa a publicação deste livro póstumo. A Cepe realiza assim a construção de uma brilhante biblioteca de autores pernambucanos, tornados imprescindíveis para a literatura brasileira, num momento em que se anuncia tanto a falência do livro. Além disso, a obra de Marcus está viva e eterna. Enfim, ad eternum.

Raimundo Carrero-escritor
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