Onildo Almeida e Janduhy afirmam que é Luiz Gonzaga o cantor sanfoneiro mais importante desse País



Compositores Janduhy Finizola e Onildo Almeida vivem em Caruaru
Próximo de completar 25 anos da morte de Luiz Gonzaga (1912-1989), os principais parceiros do chamado "Rei do Baião" em Caruaru, Onildo Almeida, de 84 anos, e Janduhy Finizola, de 82, dizem esperar um maior reconhecimento por parte da cidade que o "adotou".

Os dois se reuniram  para relembrar os sucessos que compuseram para Gonzagão e até cantaram trechos das músicas famosas.


"Os poderes não valorizam Gonzaga como deviam", diz Onildo Almeida. "Gonzaga é o músico mais importante deste país", complementa Janduhy Finizola.

  
“Cabôco... Essa música é sua?”
Onildo Almeida conheceu Luiz Gonzaga no fim da década de 1950, nos corredores da extinta Rádio Difusora de Caruaru. O compositor trabalhava como operador de áudio da emissora e, nas horas vagas, rabiscava alguns versos para exercitar sua grande paixão: a música. Gonzaga estava visitando a rádio, de passagem pela cidade, quando ouviu uma canção gravada por Almeida em 1956. Perguntou a Zé Almeida (irmão de Onildo) quem era aquele cantor, quando foi apresentado ao poeta.


"Cabôco... Essa música é sua?" A pergunta de Gonzaga ao entrar no estúdio da emissora foi o início de uma amizade que durou até a morte do Rei do Baião, em agosto de 1989. “A Feira de Caruaru” só foi gravada em 1957. Fez parte do LP "O Reino do Baião", que rendeu o primeiro Disco de Ouro da carreira de Luiz Gonzaga, ultrapassando a marca de 150 mil cópias vendidas.


Onildo Almeida diz se orgulhar das 34 versões em língua estrangeira que a música ganhou e, ao mesmo tempo, revelou para o mundo. “A gravação na voz de Gonzaga levou ao conhecimento do mundo uma das feiras populares mais movimentadas do Nordeste brasileiro”, diz. Almeida conta ainda que sonhava em ter um baião interpretado por um grande nome da música nacional.

 "Eu só havia gravado 'A Feira...' porque não tinha encontrado um cantor. Fui ao Recife várias vezes, até que o diretor de uma gravadora me convenceu de colocar a voz na canção. Mas eu sabia que ninguém cantava baião como Luiz Gonzaga", relembra, emocionado. Depois do encontro, surgiram outras parcerias do caruaruense com o sanfoneiro: 

1957: A Feira de Caruaru (Onildo Almeida); Capital do Agreste (Onildo Almeida e Nelson Barbalho)
1967: Hora do Adeus (Onildo Almeida e Luís Queiroga)
1970: Xote do Saiote (Onildo Almeida)
1973: Só xote (Onildo Almeida)
1974: Bom? Pra uns (Juarez Santiago e Onildo Almeida); É sem querer (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida) Teitei no arraiá. (Onildo Almeida)
1978: Onde o Nordeste garôa (Onildo Almeida)
1980: Lá Vai Pitomba (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida)
1984: O Regresso do Rei (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida); Aproveita gente (Onildo Almeida)
1985: Sanfoneiro Macho (Luiz Gonzaga e Onildo Almeida); Tá bom demais (Onildo Almeida e Luiz Gonzaga)
1986: Queimando Lenha (Onildo Almeida)



 "É o 'Doutor do Baião'?"
Já o médico Janduhy Finizola, natural de Jardim do Seridó (RN), chegou a Caruaru em 1959. Ele sempre se considerou um admirador de Luiz Gonzaga e das manifestações culturais nordestinas.

Em 1973, ocorreu o primeiro contato entre o médico e o sanfoneiro. Finizola trabalhava no Hospital São Sebastião, em Caruaru, quando soube que Gonzaga ia fazer um show no Clube Intermuncipal.

"Onildo Almeida sabia da minha admiração por Luiz Gonzaga e me disse que havia chegado a hora de conhecê-lo. Mas coincidiu de eu estar de plantão no hospital. Então, enviei uma letra que havia escrito em homenagem a Gonzaga, que ia receber o título de Cidadão de Caruaru.", relembra.


Era madrugada quando um enfermeiro acordou Janduhy Finizola para avisar que Luiz Gonzaga estava precisando de atendimento – o músico havia sofrido um mal-estar, sem gravidade, durante a apresentação. O sanfoneiro entrou na sala de atendimento e disparou: “É o 'Doutor do Baião'?”, querendo confirmar a autoria da música “Cidadão de Caruaru”.


Após o grande sucesso de execução nas rádios, o médico-poeta desenvolveu outras parcerias que também foram gravadas por Luiz Gonzaga. Mas foi a saga "A Missa do Vaqueiro" que deu contornos ainda mais sólidos aos trabalhos do médico com o músico. 

Gonzaga desejava homenagear o primo, Raimundo Jacó, assassinado em 1954 na área rural do município de Serrita, no sertão pernambucano. A "Missa do Vaqueiro" é composta por nove canções elaboradas por Finizola após assistir à celebração. Até hoje o evento religioso é realizado em Serrita, sempre no 4º domingo do mês de julho. O grupo Quinteto Violado registrou em LP as canções da missa em 1976. 

Entre as principais parcerias do médico do rei do baião estão:

1973: Cidadão de Caruaru (Janduhy Finizola e Onildo Almeida); A Nova Jerusalém (Janduhy Finizola)
1974: Frei Damião (Janduhy Finizola)
1977: Jesus Sertanejo (Janduhy Finizola)
1978: Pai-Nosso (Janduhy Finizola)
1979: O Caçador (Janduhy Finizola)
1981: Os Bacamarteiros (Luiz Gonzaga e Janduhy Finizola)

Fonte: G1/TV Asa Branca/Afiliada Rede Globo

Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário