Uma das características típicas dos seres humanos — dentre aquelas que nos diferenciam dos demais animais — é a nossa capacidade praticamente única na natureza de criar, tocar e apreciar música.
A música literalmente, molda os
nossos cérebros. Um novo estudo divulgado ontem não só reforça a máxima de
Sacks como constata que a música é também capaz de aprimorar as nossas funções
cognitivas.
A mesma
percepção tem a professora e doutora em Educação Andrea Ramal, autora de
diversos livros sobre aprendizado. Aulas
de música ajudam no aprendizado da criança ao longo da vida por diversas
razões. Tanto assim que a música se tornou disciplina obrigatória nas escolas —
constatou Andrea.
Além disso, a participação num conjunto musical desenvolve a disciplina na criança, a capacidade de trabalhar em grupo e outras competências que serão necessárias até no mercado de trabalho. Também trabalha habilidades motoras e aumenta a concentração, que é essencial para o aprendizado.
Mais
música, menos erros
O novo
trabalho vem se somar a um grupo cada vez maior de estudos que revelam a importante
relação entre música e cérebro. Uma pesquisa divulgada em novembro do ano
passado, por exemplo, revelara que os adultos que tocaram instrumentos quando
eram crianças (mas não tocavam há décadas) tinha respostas cerebrais mais
ágeis. Outro estudo, de setembro de 2013, mostrou que indivíduos que sabiam
tocar um instrumento também eram capazes de detectar erros de forma mais rápida
e acurada do que os não músicos.
Um dos
mais importantes trabalhos sobre o tema foi publicado também na “PLoS ONE”, em
fevereiro de 2008. Nele, cientistas da Johns Hopkins revelaram que, quando
músicos de jazz tocam de improviso (uma característica frequente desse tipo de
música), seus cérebros “desligam” áreas ligadas à autocensura e à inibição e
ativam aquelas que deixam fluir a autoexpressão. Ou seja, ao desligarem a
inibição, eles davam espaço à criatividade e acabavam conseguindo tocar uma
música inédita.
Por todas
essas características, especialistas acreditam que a música possa servir também
como mecanismo terapêutico. Como cita o próprio Oliver Sacks, “a música penetra
tão profundamente em nosso sistema nervoso que, mesmo em pessoas que sofrem de
devastadoras doenças neurológicas, ela é, comumente, a última coisa que
perdem.”
— Nossos
resultados têm implicações também para crianças e adultos que lutam com
problemas nessas funções do cérebro, como hiperatividade ou demência — afirmou
Nadine. — Novos estudos determinarão se a música pode ser usada como ferramenta
de intervenção terapêutica.
Fonte: O Globo
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