Zuza Homem de Mello viu e ouviu praticamente tudo
referente à música popular brasileira, da década de 1950 até os dias de
hoje. O jornalista e musicólogo, que atuou como baixista na juventude,
foi engenheiro de som dos festivais da TV Record, nos anos 1960, e
tornou-se umas das principais referências quando a MPB entra na pauta.
Nos programas de tevê e de rádio que comandou e nos artigos, entrevistas
e reportagens que produziu para a imprensa, Zuza ajudou a contar uma
parte fundamental da história cultural recente do país.
Aos 81 anos, em plena atividade, Zuza reuniu 140 desses textos, escritos ao longo de seis décadas, no livro recém-lançado Música com Z. De Elizeth Cardoso a Charles Mingus, de Itamar Assumpção a Dizzy Gillespie, a coletânea é boa oportunidade para nos lembrar, também, do enorme apreço do autor pelo jazz, cujas impressões ele despeja com maestria ao longo das páginas.
Aos 81 anos, em plena atividade, Zuza reuniu 140 desses textos, escritos ao longo de seis décadas, no livro recém-lançado Música com Z. De Elizeth Cardoso a Charles Mingus, de Itamar Assumpção a Dizzy Gillespie, a coletânea é boa oportunidade para nos lembrar, também, do enorme apreço do autor pelo jazz, cujas impressões ele despeja com maestria ao longo das páginas.
Em entrevista ao Correio,
o estudioso dá dicas de como arrancar profundidade de um entrevistado,
esnoba Marisa Monte e Maria Rita, critica o Procure Saber e lamenta o
atual modelo que rege a indústria cultural. “Os meios de comunicação no
Brasil de hoje não são dirigidos por pessoas que conheçam de música”,
dispara.
Em 2003, você escreveu um texto imaginário como se fosse sua amiga Elis Regina, reproduzido no livro Música com Z. Uma década depois, e mais de 30 anos após a morte dela, o que Elis diria sobre o Brasil de hoje?
Em 2003, você escreveu um texto imaginário como se fosse sua amiga Elis Regina, reproduzido no livro Música com Z. Uma década depois, e mais de 30 anos após a morte dela, o que Elis diria sobre o Brasil de hoje?
Ela estaria do mesmo jeito, sem
papas na língua. Elis tinha uma grande percepção do que se passava na
área musical, e isso é o que fazia dela uma pessoa diferenciada. Elis
não era só uma cantora… E, tirando todas as qualidades musicais dela,
você podia falar com ela sobre todos os assuntos: futebol, política,
social. Você não pode conversar sobre isso com os caras do sertanejo
universitário, não tem a menor condição. Eles morreriam na primeira
frase.
E o que Elis acharia, então, do sertanejo universitário?
E o que Elis acharia, então, do sertanejo universitário?
Que
é uma enganação, né? É um gênero para as pessoas musicalmente muito
ingênuas. Você não pode obrigar que todas as pessoas sejam capacitadas a
entender de música, mas há um enorme contingente que engole qualquer
coisa e acha graça. Esse contingente cresceu assustadoramente nos
últimos anos no Brasil, mas um dia eles não vão mais se satisfazer com
isso.
0 comentários:
Postar um comentário