Gravadora lança 15 albuns de Luiz Gonzaga na plataforma digital

A discografia de Luiz Gonzaga começa a ser retirada das estantes para ganhar luz novamente sob os aparelhos de som, através da plataforma digital. Em uma ação que segue o passo da valorização de um outro percursor nordestino da música popular brasileira, Jackson do Pandeiro, a Sony Music relançou 15 álbuns de Luiz Gonzaga nos serviços de streaming.

Os discos, lançados entre 1970 e 1988 em vinil, assumem facetas pouco conhecidas do sanfoneiro em duetos: Fagner, Alceu, Geraldo, Gonzaguinha, além de participações de músicos como Sivuca, Altamiro Carrilho e o afilhado musical Dominguinhos. São obras pouco conhecidas porque a discografia que ainda ouvimos nas rádios se restringe basicamente aos anos 1950 e 1960. O legado das décadas seguintes do Rei do Baião permanecia obscuro para as novas gerações, nos acervos dos selos RCA Victor e Camden.

O catálogo se inicia com o pouco conhecido Sertão 70, gravado dois anos após Luiz Gonzaga anunciar a aposentadoria, em 1968. Em O canto jovem de Luiz Gonzaga, de 1971, ele faz uma homenagem aos grandes nomes da cena musical brasileira comemorando, com nova sonoridade, e atesta o retorno na parceria com Humberto Teixeira: Bicho, eu vou voltar. "Bicho, com todo respeito/ Dá licença, eu vou voltar/Ô desafio pai dégua/Pra cabra macho enfrentar", canta, antes de reverenciar Caetano, Gil, Capinam, Chico (Buarque) e Tom (Jobim). Também apresenta um emocionante dueto com o filho Gonzaguinha, na música Asa branca.

São João quente, do mesmo ano, tem no "lado A" uma única faixa instrumental e inclui o clássico Xote das meninas, seguida pela composição da lenda do choro Altamiro Carrilho O coreto da pracinha. Em Aquilo bom, no ano seguinte, Lua grava o canto crítico e nacionalista da música do filho, Gonzaguinha, From United States of Piauí, em um disco que o faz se aproximar da juventude universitária, com novos arranjos. Dengo maior (1972) tem como destaque as participações de Sivuca e Glorinha Gadelha, em Serena do mar e Nunca mais eu vi esperança.

A participação de artistas renomados em trabalhos do sanfoneiro Luiz Gonzaga também é recuperada em A festa, de 1981. É uma celebração recheada de artistas tarimbados como Dominguinhos, Emilinha Borba, Gonzaguinha, Nelson Valença, José Marcolino e Milton Nascimento. Esse último divide os vocais com Gonzagão em Luar do Sertão. Dois anos depois, o pernambucano Alceu Valença se encontra com Luiz na faixa Plano piloto, do álbum 70 anos de sanfona e simpatia. Outro nome consagrado da música nordestina reviu canções emblemáticas do repertório de Gonzaga ao lado do Rei em dois álbuns: Luiz Gonzaga & Fagner, de 1984, quando o cearense tinha 35 anos, e Gonzagão & Fagner 2 - ABC do Sertão, que ganhou o mundo um ano antes da morte do sanfoneiro.

Iniciado pela bem-humorada pergunta "Sandoval, que chá é esse que tu bebe?", Chá Cutuba (1977) apresenta o belo arrasta-pé Onde tu tá neném, sucesso na voz de Elba Ramalho ao ser regravada em Leão do norte (1996). O disco também traz a faixa Chapéu de couro e gratidão, na qual Luiz Gonzaga agradece a Benito Di Paula, que o homenageou em 1975 com a música Sanfona branca.

Na época do lançamento de O canto jovem de Luiz Gonzaga (1971), Asa branca havia se tornado hino para exilados pelo regime militar. Uma aproximação com a nova geração, que brilhava nos festivais, o LP tinha arranjos leves e interpretações de canções como Procissão, de Gilberto Gil, Cirandeiro, de Capinam e Edu Lobo, Fica mal com Deus, de Geraldo Vandré, e No dia em que eu vim me embora, de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Em De fiá pavi (1987), Gonzaga homenageou o parceiro de uma vida de composições, Humberto Teixeira, coautor em Asa branca e Assum preto. As saudades do velho amigo foram cantadas em Doutor do baião: "Onde tá meu grande irmão/ Onde é que tá/ Quanto tempo, que saudade/ Que você me dá/ Quanta falta está fazendo, irmão/ Ao nosso baião".

Último disco do artista pela RCA, Aí tem Gonzagão (1988) comemorava os 75 anos de vida e 50 de carreira de Lua. Lançado um ano antes da morte, o disco carrega em duetos com Camélia Alves, em Vamos ajuntar os troços, Geraldo Azevedo, em Táqui pa tú, e com o sobrinho Joquinha Gonzaga, na faixa Dá licença prá mais um. Além das sanfonas de Chiquinho do Acordeon, Dominguinhos e Waldonis.
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