JUAZEIRO E OS DESAFIOS DA ARBORIZAÇÃO URBANA

"O homem toma conhecimento da sua própria personalidade quando procura unir-se o mais possível a natureza". A frase é de Teilhard de Chardin. 

Além de contar pessoas, automóveis e quilômetros de infraestrutura, as cidades hoje começam a contar árvores. As árvores urbanas, se inseridas no planejamento dos municípios, significam mais uma ferramenta de combate às mudanças climáticas. Além disso, a artificialidade e a falta de conexão com a natureza que muitas cidades apresentam estão relacionadas diretamente a diversos problemas de saúde da população.

O Rei do Baião, Luiz Gonzaga desde 2012 é Doutor Honoris Causa da Ecologia. O título é justificado por ser um "autêntico representante da cultura nordestina, cujas canções envolvem ecologia humana e meio ambiente, enaltecendo a fauna da caatinga e referenciando a conservação da natureza".

Este mês de setembro, que possui um dia dedicado árvore merece ser concluído com desafios que Juazeiro precisa discutir para os próximos anos: Arborização.

Na orla elas, as árvores estão qual a oração de São Francisco, servindo a população, ofertando sombra e renovando o ar. De acordo com o último levantamento do IBGE, os municípios brasileiros apresentam carência de áreas verdes nas zonas urbanas. O pior desempenho é das cidades médias com população de 100 mil a 200 mil habitantes: cerca de 40% das residências não têm árvores no entorno. 

A professora Cândida Beatriz Lima, graduada em engenharia Agronômica, mestrado em Ciências Agrárias e doutora em Ciências Agrárias diz que são catingueiras, jatobá, ipê roxo e juazeiro. Algumas destas árvores são jovens. Todavia algumas já com histórias que ultrapassam os 30 anos.

O funcionário público Robério Vieira, 51 anos, recorda que quando criança brincava no cais e além da beleza do rio São Francisco existia árvores na cidade e que "torce que uma política de meio ambiente esteja presente nos próximos anos na cidade".

As árvores fazem parte da nossa história, desde o descobrimento até os dias atuais. Uma importante e antiga relação é com o próprio nome do país, originário da espécie Pau-brasil (Paubrasil echinata). Outras espécies representaram importantes ciclos econômicos, como por exemplo o ciclo do Cacau (Theobroma cacao) e o ciclo da borracha (Hevea brasiliensis).

A maior e mais significativa importância das árvores é a ambiental, pois são organismos essenciais para o equilíbrio do planeta, desempenham funções vitais como o controle da temperatura, aumento da umidade do ar, maior controle das chuvas, qualidade da água dos mananciais, controle de erosão, manutenção da biodiversidade, além de produzirem frutos, sementes, madeira, resinas e outros produtos.

A presença das árvores no meio urbano é muito recente, eram vistas apenas como elementos integrantes das florestas. A arborização urbana e sua evolução teve seu início e desenvolvimento por volta do século XV na Europa, sendo que sua prática se tornou comum a partir do século XVII, através da iniciativa pioneira das cidades de Londres e Paris, com seus Squares e boulevars.

A engenheira Cândida Lima aponta que são inúmeros os benefícios da arborização urbana, os principais são: melhoria da qualidade do ar; redução dos níveis de ruído; redução das ilhas de calor; proteção/alimentação da avefauna; redução do escoamento superficial.

"As árvores são também fontes de alimentos e moradia para insetos e pássaros que contribuem com o equilíbrio ambiental', diz Cândida.  Esses benefícios estendem-se desde o conforto térmico e bem-estar psicológico dos seres humanos até a prestação de serviços ambientais indispensáveis à regulação do ecossistema.

O sucesso de um plano de arborização ocorre quando há o envolvimento do setor público, privado e a população local. E com a criação de normas que estimule a arborização de forma eficiente; a criação de programas de educação ambiental que promova o convívio harmônico da população com as árvores; e aplicação o princípio da educação ambiental, onde qualquer agressão ou intervenção deve ser avaliada, dimensionada e necessariamente compensada por medidas reparadoras na proporção direta do dano causado, ou a causar.

"A árvore não prova a doçura dos próprios frutos; o rio não bebe suas próprias ondas; as nuvens não despejam água sobre si mesmas. A força dos bons deve ser usada para benefício de todos". Provérbio hindu.
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