NÓS QUE VIVEMOS NO SERTÃO NÃO PRECISAMOS DE UMA USINA NUCLEAR, ISTO NÃO É BOM PARA NENHUM LUGAR DO MUNDO DIZ BISPO DE FLORESTA, PERNAMBUCO

Diante da possibilidade da instalação de uma usina nuclear às margens do Rio São Francisco, no município de Itacuruba, no Sertão pernambucano, movimentos sociais estão se mobilizando em defesa da segurança hídrica e ambiental da região.

A Diocese de Floresta e a Comissão Pastoral da Terra vão realizar no dia 5 e 6 de novembro, o Encontro de Estudos e Reflexões sobre o Rio São Francisco e suas energias: impactos e desafios.

O evento será realizado no Centro de Formação da Diocese de Floresta.

O Bispo diocesano Gabriel Marchesi cita que o Papa Francisco alerta para quando existir desafios que coloquem em duvida o bem estar comum e provoque ameaças ao presente e futuro das comunidades é necessário "confrontar entre riscos e benefícios".

Mais de 100 organizações, incluindo o Conselho Pastoral dos Pescadores,  já assinaram carta em repúdio ao Projeto que prevê a implantação de novas Usinas nucleares no Brasil, em especial no município de Itacuruba, em Pernambuco. 

A criação da fonte atômica de energia foi sinalizada no Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Além de Itacuruba, outras no Nordeste estão sendo estudadas para abrigar usinas, a cidade de Poço Redondo, Sergipe é um dos municipios citados pelo Projeto.

De acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros, a Eletronuclear já concluiu estudos que indicam Itacuruba como a área ideal para a construção do empreendimento que custaria R$ 30 bilhões.

"Nós que vivemos no Sertão vemos as famílias viverem de promessas, que são, na verdade, ilusões. Não queremos que essa história se repita. O que está sendo proposto vão de encontro aos dados técnicos, que apontam que isso não é bom nem para Itaparica e nenhum lugar no mundo. Neste momento nós desejamos muito mais clareza sobre nosso futuro", defende o bispo de Floresta, Don Gabriel Marchesi. 

De acordo o membro da Articulação Antinuclear Brasileira e professor aposentado de engenharia da UFPE, Heitor Scalambrini Costa, a construção da usina representa risco a toda bacia do Rio São Francisco. 

"O Brasil não precisa de usina nuclear para produzir energia. Temos mais de 15 mil megawatts de potência instalada de outras usinas e as duas usinas nucleares de Angra representam apenas 1,1% de tudo isso. Então é irrisório a participação da energia nuclear. Além disso, nossa ação é preventiva. Porque com a instalação próximo ao Rio São Francisco, existe a possibilidade de vazamento de material radioativo em um rio que passa por sete estados e atinge 506 municípios e 200 milhões de pessoas. Uma contaminação seria desastrosa para todos", aponta o engenheiro.

Segundo a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), socióloga e antropóloga, Vânia Fialho, antes de criar um projeto como este é necessário reconhecer a importância dos povos que vivem nessas regiões, já que seriam diretamente afetados . 

"Estou falando de povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e quilombolas que formam um seguimento maior da população dessa região. Esse empreendimento vem em sequência de uma série de outros, como a Barragem Itaparica, a hidroelétrica Luiz Gonzaga, que já vem impactando a população. Então os direitos dessas populações têm sido negados do ponto de vista territorial. Eles deveriam ser formalmente consultados sobre o interesse dessa implantação", pondera.

Foto: Arquivo Comissão Pastoral da Terra
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