Brasil é governado por um bando de maluco, diz Lula em entrevista na prisão

É o Lula de sempre. Ele está igual. Quem esperava vê-lo envelhecido ou derrotado, se frustra. Ele tem fúria. E obsessão para provar sua inocência. “Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem não dorme bem é o Moro, Dallagnol e o juiz do TRF-4 [que confirmou sua condenação em segunda instância].” 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (26/4), que o Brasil está sendo comandado por um "bando de malucos". 

A declaração foi dada em entrevista aos jornais Folha de São Paulo e El País. O petista, que está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde 7 de abril do ano passado, teve o direito de falar a jornalistas concedido após uma longa discussão no judiciário. Nessa quinta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski deu parecer a favor de Lula, permitindo que ele selecionasse os veículos de comunicação pelos quais gostaria de ser entrevistado.

Durante duas horas e dez minutos, os jornalistas e Lula conversaram sobre o atual governo, sobre a morte do neto Arthur, e sobre a possibilidade de nunca sair da prisão. Sobre este último tópico, Lula respondeu que não via problema em morrer sem o direito à liberdade. "Eu tenho certeza que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que Dallagnol não dorme, que o (ministro da Justiça) Moro não dorme", disse. 

Lula também ironizou o episódio em que Sérgio Moro pronunciou a palavra "cônjuge" de forma errada. "Sempre riram de mim quando eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha", brincou. 

O petista também fez várias críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele avaliou que, sem um partido sólido, o atual mandatário brasileiro não "perdura". Além disso, Lula convidou a elite do país a fazer uma reflexão. "Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso", afirmou. 

Quanto aos militares, Lula disse que gostaria de entender o porquê do ódio ao PT, uma vez que o governo de Lula teria recuperado o poder das forças armadas. "Quero conversar com os militares", disse. Contudo, o petista agradeceu ao vice-presidente, Hamilton Mourão, por ter prestado solidariedade à morte do neto e defender a ida do ex-presidente ao funeral, ao contrário do filho de Eduardo, deputado estadual filho de Bolsonaro, que acusou Lula de estar se aproveitando do momento para fazer de vítima.

O ex-presidente chorou ao tocar no assunto da morte de Arthur, aos 7 anos de idade. "Eu já vivi 73 anos. Poderia morrer e deixar meu neto viver".  

Lula falou sobre a necessidade de diálogo entre os partidos da esquerda e lembrou do episódio em que senador Cid Gomes (PSB-CE), irmão de Ciro Gomes (PDT), havia dito a frase "O Lula tá preso, babaca!". Quanto à política externa, o ex-presidente disse que, hoje, o país tem "o mais baixo nível de política externa que já vi na vida". Ele também criticou a atuação do chanceler Ernesto Araújo, que hoje comanda o Itamaraty.

Fonte: Correio Braziliense

Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário