Invasão das bandas nos festejos juninos provoca debate entre música de qualidade e forró eletrônico

Assim como aconteceu há alguns anos, o forró voltou a ter espaço no mercado musical brasileiro. Mas não é o forró consagrado por Luiz Gonzaga e Dominguinhos nem a vertente universitária que revelou Falamansa e Rastapé. É o forró eletrônico, que já havia sido apresentado ao país por bandas como Mastruz com Leite e agora consagra como sucesso nomes como Aviões do Forró, Wesley Safadão e as irmãs Simone e Simaria.

A mais nova corrente denominada do forró eletrônico surgiu no início dos anos 2000 representada por grupos como Aviões do Forró, composto na época por Xand e Solange (agora a cantora faz carreira solo), e Garota Safada, hoje mantido com a alcunha apenas do vocalista Wesley Safadão. 

As duas bandas fazem parte da vertente que foi criada em 1990 e recebeu influência de outros estilos: sertanejo, brega e axé music. “Sua característica principal é a linguagem estilizada, eletrizante e visual, com maior destaque para o órgão eletrônico, que aparentemente substituiu a sanfona”, comenta o autor Expedito Leandro Silva em sua obra, o livro Forró no asfalto: Mercado e identidade sociocultural (2003)

O saudoso escritor Ariano Suassuna, escreveu e deixou o legado em defesa da linha do forró que para ele continua moderno com sanfona, zabumba. Segundo Ariano as bandas do chamado forró de plástico já tem o mercado de portas abertas para ele e “os artistas que fazem uma obra de teor cultural legítimo lutam para conseguir sobreviver”. 

No entendimento do autor o Estado tem por obrigação fomentar a cultura, adiantando que esses artistas que fazem uma música meramente comercial não têm necessidade de lutar por espaços abertos pelo dinheiro público. 

“Estou com os verdadeiros forrozeiros e não abro”, concluiu Suassuna que lembrou na ocasião o fato de grupos que seguem uma linha mais tradicional por exemplo, padecerem do mal que é a falta de visibilidade enquanto essas bandas que fazem uma música de qualidade fraca “enriquecem à custa dos espaços que, no meu entendimento, não fazem por merecer”.

Para Xand, há 15 anos vocalista do Aviões do Forró a modernização do ritmo contribuiu para o gênero ganhar espaço e ultrapassar as fronteiras do Nordeste, região natal e onde o estilo é fenômeno desde a década de 1940 e assim atingir os mais jovens. 

“Para isto acontecer a mudança de linguagem foi a peça-chave para o forró chegar onde chegou. Hoje, as letras falam de coisas do cotidiano”, explica o cantor. “O forró eletrônico ganhou uma nova roupagem. Se antes era apenas triângulo, sanfona e zabumba, hoje possui uma parafernália, com bateria, percussão e metais”, completa Solange. Mudanças que também ocorreram com o sertanejo — outro grande fenômeno da música brasileira — ao enveredar para os estilos romântico e universitário.


Wesley Safadão teve que esperar mais tempo para que o Brasil abraçasse de vez o Garota Safada, criado em 2003. O sucesso nacional veio no ano de 2015. Hoje, o cantor é um dos maiores fenômenos, recorde de público na maioria de suas apresentações. “O forró, muito embora seja respeitado no Brasil, não tinha tanta popularidade. O que acontecia é que o Norte e Nordeste nos recebiam muito bem. Até viajávamos para São Paulo ou Rio de Janeiro, mas não íamos a outros lugares do Sul e Sudeste, por exemplo”, afirma Safadão.

O sanfoneiro José da Silva diz que não adianta estes jovens das bandas argumentar. "Moderno continua sendo Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Estes meninos deveriam usar o conselho de Luiz Gonzaga...Luiz Gonzaga cantou de norte a sul deste Brasil e abriu caminhos também prá voces. Portanto, Respeitem os 8 baixos de Januário".




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