MAIS DE 100 FAMÍLIAS SERÃO BENEFICIADAS COM USO TERAPÊUTICO DA MACONHA EM PERNAMBUCO

Desde o ano passado uma decisão da 12ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, a Associação Amme Medicinal recebeu a autorização para plantar, manipular e produzir produtos derivados da maconha para o uso terapêutico.

A associação não-governamental e sem fins lucrativos tem como principal bandeira a luta pelo acesso ao cultivo, tratamento e informação sobre a terapêutica da planta. 

Hoje, ela atende 108 pessoas com fibromialgia, Mal de Parkinson, dor crônica e diversas outras doenças. “A decisão foi para reforçar isso, a importância do trabalho para a sociedade. A necessidade é real e é urgente. Quem tem dor não espera”, afirmou o presidente da associação, Diogo Dias

Mas esta ação não é algo pontual. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram importados cerca de 45 mil produtos à base de cannabis somente em 2020. O que significa que não só as pessoas estão buscando o tratamento, mas também que os médicos estão prescrevendo.

“Nós estamos falando de uma planta. Nós podemos considerar a maconha um tratamento fitoterápico, porque ela não passa por nenhum processo da indústria propriamente dito. Mas a gente está falando de um tratamento que várias associações dispõem pelo Brasil afora, que tem uma eficácia muito interessante na melhora clínica da qualidade de vida das pessoas que estão fazendo uso e sabemos que isso tem que ser expandido, sabemos que tem que melhorar e sabemos também a nossa luta em favor da maconha terapêutica e com acesso pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância disso para o Brasil”, destaca Marcos Bosquiero, integrante da Liga Canábica e médico de Saúde da Família e Comunidade.

O tratamento com maconha tem eficácia comprovada para mais de 250 tipos de doenças, entre elas a epilepsia. Como é  o caso de Pedro, de 12 anos, que tinha cerca de 50 convulsões por dia e tomava 16 comprimidos já aos 5 anos. O seu pai, Júlio Américo, que também é integrante da Liga Canábica e possui habeas corpus para o plantio da maconha, percebe que o filho é outra criança depois do tratamento.

“Pedro não controlava direito o tronco, só tinha controle parcial do tronco e da cabeça, ficava assim 'tronxinho' na cadeira de rodas, Pedro não conseguia olhar nos olhos das pessoas, não chorava, não sorria, não demonstrava sentimentos. Pra gente não tem palavras para descrever, você se sente pai em uma relação de reciprocidade. Você vê que essa criança agora consegue se comunicar, consegue dizer o quanto ela está incomodada ou o quanto ela está feliz, o quanto ela quer carinho, ela consegue pedir as coisas”, relembra Júlio.

Após a liminar, a lista de espera da Amme Medicinal ultrapassou 100 pessoas somente no primeiro dia. Mas elas só poderão ter acesso ao produto após a sentença do processo, que segue em tramitação. “O governo proíbe, mas a sociedade pressiona. A partir do momento que você tem várias associações conseguindo a liminar e vários indivíduos conseguindo habeas corpus, tornando leis como a da apologia em desuso, vai criando uma situação insustentável até chegar ao ponto que o estado não consiga mais manter aquilo. E aí vem a legalização.”, analisa Diogo

Apesar do preconceito e dos estigmas em torno do tema, o Brasil é hoje um dos países que mais pesquisa sobre maconha no mundo. E para que os tratamentos sejam mais acessíveis, o médico acredita que a legalização é uma questão central de saúde pública.

“Então, a gente tem que estudar, porque isso é importante e pode nos ajudar. É uma planta, é bom que a gente deixe isso bem claro, a gente está falando de uma planta, que poderia ser uma erva cidreira que você tem no fundo da sua casa, que poderia ser um boldo, que poderia ser um capim santo, um alecrim que a gente pode fazer chá também.  Mas a gente tem que conhecer e pra gente conhecer, mas pra conhecer a gente tem que legalizar”, conclui o médico. (Fonte-Brasil de Fato)

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