Estão ainda entre os produtos da cooperativa as cervejas de umbu, produzidas a partir da receita desenvolvida pelo jovem Emanuel Messias, que atua na Área de Produção da Coopercuc.
Natural da comunidade tradicional de fundo de pasto Serra da Besta, em Uauá, a história de Emanuel com a Coopercuc começou em casa, não só porque desde cedo sua mãe era cooperada, mas também pela cultura local da coleta de umbu: “Lembro bem dos comentários que a safra de umbu era o período de fazer dinheiro para comprar material escolar e roupas, pois coincide com as férias e início do período escolar na região”.
Com o objetivo de buscar conhecimentos por meio do Curso Técnico em Agroindústria, do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco (Cetep-SF), área ligada às atividades da cooperativa, Emanuel deixou a zona rural e, durante quatro anos, cursou o Ensino Médio integrado ao Curso Técnico em Agroindústria, vivendo no Centro de Formação Dom José Rodrigues, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), espaço localizado a 12 km de Juazeiro, destinado para acolher filhos e filhas de agricultores e agricultoras familiares, de diferentes partes do Semiárido, que ingressam em cursos técnicos e superiores relacionados à temática agrária.
Nesse período, o jovem aprendeu técnicas sobre beneficiamento de frutas, entre outras práticas de convivência com o Semiárido, além de participar de espaços de mobilização e diálogo destinados à construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Voltando a Uauá, Emanuel ingressou como estagiário na Coopercuc. Após o término do estágio curricular, iniciou a participação, junto com mais nove jovens, filhos de cooperados, em um estágio remunerado do Projeto Jovens Inovadores, quando percorreu todos os setores da Coopercuc, desde a Administração e Produção, até a Comercialização.
“A partir desse estágio, fui escolhido para desenvolver a receita da Cerveja de Umbu, pois, na primeira vez que a cerveja foi fabricada, a cooperativa forneceu somente a polpa, mas não queríamos apenas fornecer a matéria-prima, mas buscarmos outras alternativas e conhecimento sobre cerveja artesanal, com o processo de fabricação. Fiz o Curso sobre Cerveja Artesanal em Blumenau, Santa Catarina, na Escola Superior Cerveja e Malte, onde adquiri conhecimentos e consegui desenvolver a receita da cerveja de umbu, estilo Saison. Missão cumprida! Hoje, a cerveja é totalmente baiana”, explica Emanuel Messias.
A Coopercuc, atualmente, produz e comercializa duas cervejas, uma com Umbu e outra com Maracujá da Caatinga, lançada no final do ano de 2019, na Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária. As três cervejas, que foram desenvolvidas pelo jovem Emanuel, valorizam e agregam valor a frutos nativos da Caatinga, único e exclusivo bioma brasileiro.
Para o técnico em Agroindústria Emanuel Messias, o sucesso desses produtos e da Coopercuc são resultado da união das famílias de agricultores a favor do desenvolvimento da região.
“As cervejas da Caatinga nasceram dessas duas políticas. Precisamos sempre de iniciativas e de políticas públicas que atendam à população jovem rural e urbana desse país. A juventude é o futuro de um país. Quando olho para trás e lembro daquele garotinho tímido da Serra da Besta, da zona rural de Uauá, que se tornou um jovem cervejeiro técnico em Agroindústria, enche-me de orgulho. Isso é fantástico”.
A presidente da Coopercuc, Denise Cardoso, destaca que o investimento na formação e inclusão de jovens permite emancipação e geração de renda no Semiárido baiano: “A possibilidade da geração de renda dentro da cooperativa é bastante importante. Nesse sentido, os investimentos na capacitação da juventude são sempre muito bons, com resultado positivo a médio e longo prazo, segurando os jovens no meio rural. A Coopercuc acredita nisso, e Emanuel é um desses exemplos. Temos outros jovens que estão ligados a cooperativas, tanto cooperados quanto funcionários”.
A Coopercuc foi criada no ano de 2004, por agricultores familiares, com maioria de mulheres, inicialmente com 44 cooperados. Atualmente, conta com 270 cooperados, sendo 70% de mulheres e 20% de jovens, e tem o trabalho voltado para o beneficiamento de frutas nativas do Semiárido como o umbu e o maracujá da Caatinga, por agricultores familiares dos municípios de Canudos, Uauá e Curaçá, na região semiárida baiana. (Fonte: Secretaria Desenvolvimento Rural/Bahia)
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