LUIZ CALDAS LANÇA ÁLBUM DE FORRÓ E RELEMBRA ENCONTROS COM LUIZ GONZAGA

"A sonoridade desse disco é original, é muito raiz", descreve Luiz Caldas, cantor e compositor baiano, sobre o álbum de forró Remelexo Bom, lançado nesta terça-feira (1º). Com dez canções autorais, o álbum conta com diversas participações, entre elas a do amigo Carlinhos Brown.

Para quem acha que o passo ao som do forró é o primeiro de Luiz Caldas, está enganado. Desde 2013, todo mês de junho, ele lança um álbum de forró. Todos os discos estão disponíveis no site do artista.

"Esse é o 11º disco de forró que eu gravo", destaca.

Contemplando o forró em uma versão mais tradicional e genuína, Luiz Caldas diz que não é fã dos "modismos" que fazem esse estilo musical e opina: "Tem certo tipo de música que não necessita de evolução, elas já são evoluídas ao ponto de serem únicas".

O cantor e compositor detalha que o disco de forró é uma forma de manter a originalidade do estilo musical, já que com o tempo, novos instrumentos e demais estilos estão sendo incorporados à música nordestina.

"É um cuidado também de poder manter intacta a raiz desse estilo, já que quando o comércio entra, ele consegue, muitas vezes, modificar tudo e isso serve para a música também. Então, o que é que eu fiz? Fiz um disco que é tradicionalmente acústico. Não tem baixo, não tem guitarra, não tem bateria", diz.

Luiz Caldas diz que esse disco foi gravado da mesma maneira que Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião", gravava.

"Eu gravei como era antigamente, como seu Luiz [Gonzaga], que era com o regional, o mesmo grupo que tocava choro tocava forró. Então, era violão de 7 cordas, cavaquinho, instrumentos que as pessoas nem acham que existam no forró", conta.

Ainda sobre o xará, o artista aproveitou para relembrar um momento de gravação e descontração, no final dos anos 1980.

"Quando seu Luiz [Gonzaga] gravou comigo eu disse brincando: 'Olhe, todos os discos que eu fizer a partir de hoje vou sempre regravar uma música do senhor'. Aí ele olhou para mim, brincando: 'Rapaz, vai cuidar da sua vida e deixe a minha em paz'"

"O jeito que ele tinha, muito carinhoso, sempre brincalhão comigo, e meu deu bons conselhos e isso ficou em mim. Eu nunca cheguei para ninguém para dizer que sou forrozeiro, nem nada, porque eu já nasci com isso, com a coisa de gostar e respeitar muito [o forró]", conta.

Entre as lembranças das raízes do forró, Luiz Caldas conta que o estilo musical sempre esteve presente na vida dele e era bastante apreciado pelo seus pais.

"[O forró] Entrou na minha vida e ficou. Durante todo tempo que passei por bailes, eu toquei muito forró. Uma festa que nunca deixei de tocar, desde o tempo dos bailes. Quando eu comecei a gravar, de certa forma, a música que a gente usava no trio elétrico, ela é junina, que é o galope, um estilo que sempre foi gravado, não só por Luiz Gonzaga, Jackson [do Pandeiro] e por outros grandes. Já havia essa semelhança muito grande", explica.

Luiz Caldas ainda citou outro artista que, para ele, é referência do forró.

"Quando eu conheci seu Luiz Gonzaga, pra mim foi um sonho, porque depois eu comecei a conhecer outros grandes, como Zé Nilton. Pessoas que eu cheguei a conviver", relembra.

Participaram do novo álbum de trabalho, os sanfoneiros Marquinhos Café, Jussiê do Acordeon, Daniel Novaes e Theus Oliveira.

"Quatro grandes mestres que trabalharam comigo. São músicos muito bons. O São João sem sanfona, até pode rolar, mas que ela faz uma falta danada, faz. E esses quatro são mestres, então fica um disco bem dançante", diz.

Para gravar, Luiz diz que contou com a tecnologia. Em tempos de pandemia, não foi possível reunir os músicos, nem encontrar os amigos. Cada um fez sua gravação e o resultado ficou por conta da edição.

"A gente está vivendo um momento muito complicado. Eu estou gravando esses discos aqui no meu estúdio, como sempre gravei, e os outros músicos têm gravado em estúdios fora daqui. A gente tem que se cuidar. É um disco em que eu não usei os meus músicos que tocam na banda, são outros. Porque a gente teria que se encontrar em estúdio para ensaiar", explica.

Luiz Caldas também falou sobre a participação de Carlinhos Brown no disco de forró.

"A gente sempre está conversando e eu fiz participação em algumas músicas dele. Aí eu disse: 'Cara, quero que você faça parte do meu projeto também', e ele disse: 'a hora que você quiser'. Então eu pensei que é legal a gente fazer coisas que as pessoas não estão tão acostumadas. A gente não está acostumado a ver Brown cantando forró e é maravilhoso", diz.

A música que Carlinhos Brown canta no disco é Carta de Zé.

"A música conta uma história bem interessante. Eu fiz uma brincadeira com o lance dele [Brown] ter o mesmo nome de um dos três santos, que é Santo Antônio. Daí essa irmandade que a gente tem e musicalmente a gente está muito ligado à música brasileira em todos os seguimentos. Ficou bem divertido", disse Luiz sobre o amigo e artista que tem como nome de batismo Antônio Carlos.Além dos parceiros Reinaldo Barbosa e Paulinho Caldas, o compositor Cesar Rasec assina junto com Luiz as músicas Carta de Zé e Forró Zé Bode.

A coprodução do disco é de Nagib Barroso. O mestre Luiz Caldas, por sua vez, assina direção, produção, arranjos, gravação, violões, cavaquinho e voz. A percussão é de Claudinho Guimarães.

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