MARIA BONITA DE LAMPIÃO. LIVRO CONTINUA SENDO REFERÊNCIA NOS ESTUDOS DO CANGAÇO

Em 28 de julho de 1938, Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro mais famoso do Brasil, sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa ou Maria Bonita, e mais nove integrantes do bando, foram mortos em uma emboscada, na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. 

Pesquisadora do tema, a neta de Lampião produziu três livros, dois deles escritos em parceria com um dos maiores pesquisadores em Cangaço, Antonio Amaury. São eles: O Espinho do Quipá - Lampião, a História (1997); e De Virgulino a Lampião (1999). 
Já o livro Maria Bonita do Capitão, publicado em 2011, foi organizado com a designer gráfica e professora da Universidade Federal de Sergipe, Germana Gonçalves.

Há muitos anos Vera Ferreira vem mantendo contato com autoridades, buscando apoio para reconstruir a história do cangaço e preservar depoimentos, material iconográfico, objetos e pertences de cangaceiros. Seu livro “Bonita Maria do Capitão”, comemorou o centenário de Maria Bonita com a excelência dos estudos e obras artísticas de mais de 40 colaboradores.

A obra é estruturada em duas partes – a primeira, biográfica, apresenta textos e imagens da sertaneja da Malhada da Caiçara, sertão da Bahia, Maria Gomes de Oliveira, um estudo de sua genealogia. A segunda parte, dividida em temáticas, apresenta obras de artistas que se apropriaram da imagem de Maria Bonita para suas produções, juntamente com textos sobre a representação dela dentro de cada uma das temáticas desenvolvidas fotografia, cinema, xilogravura, literatura, teatro, música, artesanato, moda e artes visuais.

O cangaço de Lampião e Maria Bonita, que permeia o imaginário de muitos nordestinos, inspirou uma neta do casal, Vera Ferreira a contar uma história que nem sempre é abordada: a do papel de Maria Bonita no grupo.

Jornalista e escritora, a autora disse que o objetivo principal da obra intitulada “Bonita - Maria do Capitão” é relembrar a história da avó, nascida Maria Gomes de Oliveira, e que se tornou Maria Bonita.

"A gente estava devendo à minha avó a história dela, porque ela era sempre coadjuvante. E eu disse ‘Não, tem que mudar essa história’, afinal de contas, a mulher tem um papel muito importante no cangaço”, disse.

O grupo foi morto em julho de 1938, e o livro também traz os oitenta anos do episódio em que Lampião, Maria Bonita e os demais cangaceiros foram surpreendidos pela polícia da época, conhecida como ‘volantes’, e mortos na fazenda Angicos, em Sergipe.

Vera Ferreira relatou que buscou trazer no livro relatos do convívio que teve com pessoas que compuseram o cangaço, e por meio de pesquisas que fez para recontar a história.

“A gente conviveu com esses cangaceiros, com pessoas que conviveram com eles, com irmãs, parentes, tias-avós minhas, então a gente passa de uma maneira que as pessoas tem que entender que a história é recente, vai fazer 84 anos agora em julho, aconteceu ontem”, explicou.

A autora detalha no livro que durante o período de pesquisa encontrou casos interessantes sobre a relação do sertanejo com o cangaço, mas que tentava que a condição de neta não interferisse nos levantamentos de informações.

“Nós estivemos em Floresta, uma região que tem um dos maiores perseguidores do meu avô, um volante que tinha a foto do meu avô da parede. Toda vez que eu pesquisava, eu nunca me apresentava como neta deles. Não era medo e vergonha, ao contrário, eu tenho muito orgulho de ser neta deles. Só que não queria comprometer a pesquisa”.

Vera relatou que chamou a atenção a admiração que as pessoas no sertão, inclusive os ‘inimigos’ do cangaço, tinham com relação a Lampião.


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