FAZENDA HUMAYTÁ, CURAÇÁ BAHIA. OUTUBRO LUA CHEIA NA TERRA DA ARARINHA AZUL

 

Luar do Sertão é uma toada brasileira de grande popularidade. Seus versos elogiam a vida no sertão, especialmente o luar. Luar do Sertão originalmente um coco sob o título "Engenho de Humaitá". Catulo da Paixão Cearense e João Pernambucano são autores destes versos, uma das músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos.

"Não há, óh gente Luar como esse do sertão...Que saudade do luar da minha terra lá na serra branquejando folhas secas pelo chão este luar cá da cidade tão escuro não tem aquela saudade do luar lá do sertão...Se a lua nasce por detrás da verde mata mais parece um sol de prata prateando a solidão...e a gente pega na viola que ponteia....Coisa mais bela nesse mundo não existe do que ouvir um galo triste no sertão que faz luar...parece até que a alma da lua que descansa escondida na garganta desse galo a soluçar"...

Uma das versões mais conhecidas é interpretada por  Luiz Gonzaga e Milton Nascimento e é capaz de provocar o sentimento de pertercimento e identidade.

A lua está na fase cheia. O cantor e compositor, poeta Luiz do Humaytá, registrou o esplendor da Lua Cheia, mês de outubro, nos sertões de Curaçá, Bahia, terra da Ararinha Azul. A foto é da Fazenda Humaytá.

O saudoso músico do Quinteto Violado, Toinho Alves, apontava que Luiz Gonzaga ao interpretar Luar do Sertão, possuía a sensibilidade observadora dos poetas maiores que habitam os sertões, onde, dos fenômenos mais simples e por isto geniais, encantadores apresentados pela natureza, captavam a sabedoria do mundo".

O escritor João Guimarães Rosa diz que o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. Como explicar a caminhada de um gaúcho apaixonado pelos sertões. Luiz Carlos Forbrig é o nome de Batismo. O apelido Humaytá, ele herdou, da característica do nordestino que precisa de um adjetivo para os nomes: logo Luiz...ficou Luiz do Humaytá. 

Geólogo, aposentado da Petrobras desde 2016, o então funcionário público ganha o nome artístico da Fazenda Humaytá. Na Fazenda ele usa um sistema ecologicamente sustentável. 

Luiz do Humaytá avalia que é um erro ainda comum acreditar que a sustentabilidade representa somente a não degradação do meio ambiente. "A abrangência do termo sustentabilidade vai além, incorporando questões relacionadas à qualidade de vida, competitividade empresarial, tecnologias limpas, utilização racional dos recursos, responsabilidade social, questão cultural, entre outros.

Ainda segundo Luiz hoje a regra é muito clara; para ser sustentável, qualquer atividade precisa ser: “Economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta”. Discutindo essa “regra da sustentabilidade” observamos que ela se baseia na adoção de boas práticas socioambientais na agricultura, na pecuária e em todas as atividades rurais, visando garantir o bem-estar de toda a sociedade, além do equilíbrio entre produção, conservação dos bens naturais, questão econômica, turística e cultural.

"Com relação à preservação ambiental, vale ressaltar que 93% da área é constituída de mata nativa, sendo composta por árvores chamadas de “nobres”, tais como umbuzeiros, umburanas, baraúnas, aroeiras, angicos e mandacarus, além das catingueiras e várias outras espécies arbustivas", revela Luiz. 

Os outros 7% da fazenda são de áreas trabalhadas para o suporte animal, mas mesmo nessas áreas as árvores nobres são preservadas. Portanto, a fazenda trabalha o tempo todo com o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja produzindo carne, gerando empregos, sendo economicamente viável e preservando a natureza para as gerações futuras.

A Fazenda Humaytá está sendo preparada para visitação turística. A proposta é que o visitante fique um dia inteiro na Fazenda que possui 1500 hectares para desfrutar das atividades rurais além de passeios e rotas pela caatinga. 

Neste dia de visitação, onde será mostrado todo o manejo dos animais, será também possível fazer trilhas pela caatinga, andar de paquete no açude da propriedade (em épocas de chuva), conhecer o manejo de horta orgânica, produção de queijo e no futuro o projeto da Ararinha Azul que fica a 6km de distância da Fazenda Humaytá. 

Luiz nasceu em Jabuticaba Velha, interior do Rio Grande do Sul. Filho de Guilhermina e Anoly. Com os pais desenvolveu a veia poética musical. A mãe puxava os cantos religiosos da Igreja Católica. O pai tocador de gaita de boca. Luiz aprendeu a tocar violão nas terras gaúchas.

O Nordeste Luiz conheceu devido o trabalho no sertão e a realidade foi tatuada do sol abrasador, da luz das caatingas, do calor contrastante do frio das terras do sul. E assim passou a cantar e fazer versos para o sertão, os sertões.

"O Sertão é dessas coisas que não tem meio termo ou você ama ou odeia. Eu me apaixonei pelo sertão. Primeiro pelo rio São Francisco e depois pela caatinga. Cheguei na região de Juazeiro, Petrolina e Curaça em 1979", explica.

Luiz decidiu morar definitivamente no sertão do Vale do São Francisco. Deixa a vida na capital Salvador, 'abandona a cidade grande",  onde fez vários shows e decide no 'meio da caatinga", viver o trabalho junto a agricultura e ao inseparável violão.

A história conta que em novembro de 2010, Luiz formou a Banda Forró Avulso, com o desafio de fazer o forró nordestino com uma pitada de modernidade: a gaita de boca no lugar da sanfona e o cajon no lugar da zabumba. Com este grupo fez carreira em Salvador tocando na noite baiana por seis anos.

A discografia consta seis CDs: 

2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO

2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS

2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA

2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO

2019 – DECANTO O SERTÃO

2020 CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO EM CURAÇÁ.

Luiz do Humaytá continua unindo em 2020 o empreendedorismo pela agricultura, a música e a poesia. É a travessia que une a paixão pelos ritmos, referência a Luiz Gonzaga, aos sertões, a caatinga. 


Apaixonado pelo sertão Luiz do Humaytá comenta que este ano Curaça ganha o retorno da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza desde 2000. "As ararinhas azuis estão se adaptando para voltar a voar nos céus brasileiros em especial ao sertão de Curaçá. A ave, natural da Caatinga nordestina vai voltar a voar e isto é poesia, música de liberdade. Vamos preservar", diz Luiz.

O processo de reintrodução da Ararinha teve início em março deste ano, quando chegaram ao Brasil 52 ararinhas que foram trazidas da Alemanha, por meio de uma parceria com criadores europeus.

O refúgio de vida silvestre em Curaçá é numa área de proteção ambiental fica próximo a Fazenda Humaytá.

O processo de reintrodução da ave envolve a readaptação dos indivíduos à natureza, o que leva algum tempo. De acordo com Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, que colaborou com o projeto de criação da unidade de conservação de Curaçá, as aves deverão ser soltas entre 2021 e 2023.

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