FLÁVIO LEANDRO É CIDADÃO RECIFENSE

A vereadora Aline Mariano (PP) e a ex-vereadora Marília Arraes (PT), eleita deputada federal, entregaram, há pouco, ao talentoso cantor e poeta Flávio Leandro o título de cidadão do Recife. Natural de Bodocó, Flávio virou novo filho da capital por proposição da então vereadora Marília Arraes, enquanto Aline foi autora do requerimento da sessão.

O plenário da Câmara lotou para prestigiar o cantor, que após a saudação final pegou sua viola, declamou e cantou alguns dos seus sucessos ao lado de Sarah, sua filha de voz encantadora.

A sessão foi presidida pelo vereador Ivan Moraes e contou com a presença do empresário Eduardo Monteiro, presidente do Grupo EQM, ao qual à Folha está vinculada. Também estavam presentes artistas amigos de Flávio, como Luizinho de Serra, Paulo Matricó, banda Chinelo Rasgado e Diego Cabral. Flávio se emocionou também ao ver muitos amigos na plateia, como Abdias Félix, assessor do deputado Wolney Queiroz, e a poetisa Mariana Teles, filha do poeta Valdir Teles. Abaixo o discurso de Aline.

Meus senhores e senhoras vereadoras,

Caro Flávio Leandro, Cidadão do Recife.

Tem uma música de sua autoria – Semeando – na qual você diz que quem semeia o carinho, colhe gratidão, quem planta o amor, colhe amizades. Bastaram apenas seis meses com seus pés fincados na poética e romântica Recife, já revestido da condição auditor fiscal concursado da Receita Estadual, para, como faz o beija-flor, captar o sêmen do teu imenso amor pelo Recife.

De raízes impregnadas no pé da chapada do Araripe, você se firmou como gente na vida lá nas veredas do Sertão, mas tua alma foi lavada pelas águas do rio Capibaribe, que também inspirou João Cabral de Melo Neto com a sua obra Cão sem plumas, imortalizada na memória de todos recifenses, conhecida no mundo inteiro.

Os sobrados e casarões do Recife nunca saíram do teu pensamento. Você foi compor, cantar e decantar o teu Sertão se inspirando no teu povo sofrido de lá, mas teus incontáveis fãs e admiradores de cá, desta terra que viras hoje cidadão, nunca deixaram de seguir teus passos, um por um.

Viram você participar do primeiro festival de música, o Sementes da Terra, cantando composições de sua autoria. Te viram ainda ser vocalista da banda Raio de Laser e curtiram teu primeiro CD, Travessuras. Vibraram em seguida com mais um CD de tua autoria, Brasilidade, apontando o teu caminho definitivo da tua carreira: o verdadeiro e autêntico forró pé-de-serra.

Se emocionaram, ainda, com o reconhecimento da tua obra por artistas de renome nacional, como Flávio José, Elma Ramalho e Jorge de Altinho, cantando “Pode vir de mala e cuia”.

Dizem que na vida o melhor é vencer os caminhos mais difíceis, nunca percorrer os mais fáceis. Sua motivação sempre foram os caminhos mais espinhosos. Afinal, não é fácil fincar raízes em terras tão distantes e inóspitas e se firmar como uma das maiores referências da musicalidade nordestina.

Há pouco, tua belíssima canção Chuvas de Honestidade, que se traduz num grito bravo e altivo para pôr abaixo a famigerada indústria da seca, viralizou nas redes sociais e ganhou as manchetes dos jornais ao ser citada pelo presidente da República.

Nesta música, meu caro Flávio Leandro e novo cidadão do Recife, você se incorpora a todos nós, nordestinos, denunciando em versos cantarolados o sofrimento secular de nossa gente pela escassa e, muitas vezes, explorada água para se beber no Sertão.

Ninguém se faz gente na vida sozinho. Para tua amada Cícera, teu primeiro, único e verdadeiro amor, alicerce das tuas vitórias, cantaste na música “Nós dois: “Nosso amor é noite enluarada/ Cheiro de terra molhada/ Sertão verde Plantação/ Nosso amor é caso pra cinema/ Dá os versos de poema/ O alimento da canção”.

Tem um ditado popular que diz que filho de peixe, peixinho é. Teu imenso amor por Cícera abriu as janelas do mundo para David, Emanuel e Sarah. E é tua única herdeira mulher, Sarah, que estais jogando aos palcos da vida para encantar o mundo com a sua bela voz.

Em Oferendar, composta em parceria com o talentoso Xico Bezerra, ela dá um nó no coração da gente: “Deixa eu me banhar no orvalho fresco desse teu amor/ Deixa eu me molhar na cachoeira do teu carinhar/ Deixa eu me entranhar pelas veredas do teu coração”.

Flávio, você tem uma dezena de músicas, mas faz a gente ter mais saudade do Sertão em “Na paz do Sertão”, na que tua homenageia teu pai, “Meu pai”, e nos levanta o ego com o “Orgulho de ser nordestino”. Faz o coração da gente bater forte com “De mala e cuia”, e nos traz o Sertão em poesia com a igual melodia “O poeta cantador”. Faz qualquer um cair no forró com a “Dança do dia a dia”. Isso para citar algumas canções dentre tantas outras maravilhosas.

Esta honraria de seres cidadão do Recife não foi iniciativa minha, mas da ex-vereadora e amiga Marília Arraes, hoje deputada federal, que atuou nesta Casa emprestando o seu talento, a sua capacidade e seu elevado espírito público, servindo aos que nada têm sem do poder usufruir, fiel aos princípios do seu avô Miguel Arraes.

Mas saiba, Flávio, que tanto eu como todos os vereadores desta Casa José Mariano se sentem igualmente padrinhos da tua cidadania recifense.

Pegue este diploma e não coloque apenas na parede para te lembrares que és cidadão recifense. Quando dedilhar teu violão ou aprumar a tua sanfona, canta o Recife como cidadão da gema, a terra que te deu luz, a cidade repleta de pontes, de mocambos, de palafitas, de praias, de noites boêmias, cruzada pelo Rio Capibaribe que se confunde com o Beberibe.

No teu caminhar, em cima do palco arrastando milhares de fãs, renova a fé se espelhando em ilustres conterrâneos, como Gilberto Freyre, Mauro Mota, Nelson Rodrigues, Joaquim Nabuco, Clarice Lispector, Carlos Pena Filho, Joaquim Cardoso, Álvaro Lins, Reginaldo Rossi e Marcos Vinicius Vilaça.

Enaltece Manuel Bandeira. Diz como Ariano Suassuna dizia: “Para onde vais, ô minha amada Recife. E quando sentires saudade, se inspira ainda em Manuel Bandeira:

“Recife, há que tempo que não te vejo! Não foi por querer, não pude. Nesse ponto a vida me foi madrasta, Recife. Mas não houve dia em que te não sentisse dentro de mim: Nos ossos, nos olhos, nos ouvidos, no sangue, na carne, Recife.

Muito obrigado.
Fonte: BLOG MAGNO MARTINS




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