CIÊNCIA MOSTRA EFICÁCIA POR TRÁS DAS MÁSCARAS CONTRA O CORONAVÍRUS

Um acessório que se tornou de uma hora para outra de uso mundial mobiliza estudos de cientistas de diferentes países e é motivo, simultaneamente, de proteção e alerta. Ao mesmo tempo em que a comunidade científica em todo o planeta persegue a imunização e medicamentos eficazes no combate à COVID-19, estudos tentam quantificar a eficiência das máscaras de tecido, por ora a mais barata e acessível barreira contra o novo coronavírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar que governos incentivem o uso da proteção, mas especialistas alertam: máscara não é vacina nem elimina a necessidade do distanciamento social. E precisa ser usada corretamente, associada a medidas de higiene.

A microbiologista Viviane Alves, professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, informa que ainda não existem dados concretos sobre a eficiência dos diferentes tipos de máscaras. Isso porque são muitos os modelos e tecidos diferentes. Com isso, muitos grupos avaliam a eficácia do item utilizando partículas com tamanho equivalente ao do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Estudo publicado em 26 de maio na revista científica ACS Nano é considerado o mais eficiente no quesito tecidos. “Eles testam de algodão de camiseta de malha a chiffon. Avaliam e indicam que quanto mais camadas e mais fechada essa malha do tecido, melhor”, explica a especialista da UFMG. “Para ter respirabilidade, não pode ser algo impermeável. Então, é preciso levar em consideração vários aspectos”, completa.

A recomendação da OMS para uso de máscara foi publicada no último dia 5 – o que pode ser considerado um atraso na tomada de decisão. Para a microbiologista da UFMG, a demora ocorreu porque estudos que fazem análise científica do acessório mostram que ele é muito mais eficaz ao ser utilizado por uma pessoa doente do que saudável. Contudo, em um momento em que todos estão sob risco constante, é importante o uso generalizado. “A recomendação da OMS mudou, mas ela leva em consideração que o uso isolado da máscara não protege ninguém. Isso é um fato científico. Tem que ser associado à higiene das mãos e ao distanciamento. Principalmente o distanciamento físico”, enfatiza a professora.

A publicação que fundamentou a recomendação da OMS foi divulgada no último dia 1º na revista científica The Lancet. A pesquisa identificou 172 estudos em 16 países e seis continentes. Para os profissionais de saúde, os dados mostram que as máscaras do modelo N95 são melhores para a proteção do que as cirúrgicas. Para o público em geral, as evidências mostram que o distanciamento físico superior a 1 metro é altamente eficaz e que as máscaras faciais, cirúrgicas ou de algodão de múltiplas camadas melhoram a proteção.

A máscara de três camadas é o modelo recomendado, com base em evidências científicas, não apenas no combate à COVID-19, mas também a viroses como a gripe e doenças bacterianas. A diretriz da OMS recomenda o utensílio com a camada interna absorvente, para reter a umidade da fala; a camada intermediária filtrante; e a externa um pouco menos permeável, para agir como barreira.

“Obviamente, vários estudos já mostraram que qualquer máscara é melhor que nenhuma. Desde lenço de pano até máscaras mais elaboradas, como a máscara comercial N95, todas são eficazes em alguma extensão”, esclarece a especialista. “Obviamente, quanto menor o número de camadas, menor a eficiência”, acrescenta Viviane Alves. A microbiologista defende que o ideal é que a máscara tenha pelo menos duas camadas de algodão de um tecido de malha “bem fechada”.

Apesar de as máscaras N95 e cirúrgica – que parece fina em comparação às máscaras de pano que têm sido comercializadas – serem mais eficazes, especialistas defendem que o comércio desses itens seja reservado aos profissionais de saúde. “As máscaras cirúrgicas parecem frágeis, mas não são simplesmente um pedaço de tecido: têm um polímero que ajuda nessa capacidade de filtração. Nada ainda supera a proteção de uma máscara cirúrgica e de uma N95”, explica a professora da UFMG. (Fonte: Jornal Estado de Minas)
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