EM BRASÍLIA 19 HORAS: PROGRAMA DE RÁDIO A VOZ DO BRASIL COMPLETA 85 ANOS NESTA QUARTA (22)

O programa de rádio A Voz do Brasil completa 85 anos nesta quarta-feira (22). Idade avançada para pessoas e para instituições no Brasil. Uma frase atribuída a Leonardo da Vinci, que morreu idoso para o seu tempo (aos 67 anos), sentencia que “a vida bem preenchida torna-se longa”.

Há 85 anos, em 22 de julho de 1935, entrava no ar, pela primeira vez, o noticiário de rádio considerado o mais antigo do Hemisfério Sul e o segundo mais antigo do mundo. Trata-se de "A Voz do Brasil", à época batizada como Programa Nacional. De lá, pra cá, brasileiros de todos os cantos do País se informam diariamente com as notícias anunciadas pela característica abertura: “Em Brasília, 19 horas”.

A Voz do Brasil é um programa de Estado que divulga políticas públicas, decisões políticas, prestação de contas e dados públicos relacionados à sociedade e seu dia a dia. O programa tem veiculação obrigatória em todas as emissoras de radiodifusão brasileiras, entre 19h e 22h do horário de Brasília.

Com o objetivo de levar informação sobre as ações dos três poderes aos cidadãos dos mais distantes pontos do País, "A Voz do Brasil" é composta por uma hora diária de programação oficial. O programa é exibido de segunda a sexta-feira (com exceção dos feriados).

O Presidente da EBC, Luiz Carlos Pereira Gomes, destaca que a “ A Voz do Brasil” é a informação do Estado, uma vez que o programa apresenta as ações dos três poderes da República para milhões de pessoas. “Todos nós brasileiros nos acostumamos à chamada: “Em Brasília, dezenove horas! Há 85 anos cidadãos de todos os rincões do País reúnem-se em torno de um aparelho de rádio, e mais recentemente de um computador, para ouvirem os principais fatos que marcaram o dia na política, na economia e na vida do brasileiro”.

De acordo com ele, a credibilidade e a qualidade dos conteúdos são suas principais características. “A história de A Voz do Brasil é a história da Comunicação no Brasil. Na data em que se comemora mais um aniversário desse histórico programa, fica o nosso preito àqueles que fizeram e fazem de A Voz do Brasil um dos mais longevos programas do mundo”.

Apresentador da Voz por 13 anos consecutivos, o Gerente Executivo da Rádio Nacional, Luciano Seixas, considera uma alegria poder informar sobre os atos do Governo Federal que interferem diretamente na vida da população. “A Voz do Brasil é, ainda hoje, a única fonte de informação de muitos brasileiros espalhados por este território gigantesco e que têm o rádio como verdadeiro companheiro do seu dia a dia. Não são raros os casos de pessoas que ajustam sua agenda, seu relógio, pelo horário da Voz. É um programa histórico e da mais alta credibilidade”, pontua.

Um total de 25 minutos do programa são dedicados ao poder Executivo e produzidos pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Os outros 35 estão sob a responsabilidade dos poderes Legislativo e Judiciário mas, apesar da produção própria das Casas, são transmitidos pela EBC. São cinco minutos para o Judiciário, dez para o Senado e vinte para a Câmara. Uma vez por semana também são transmitidas notícias sobre as ações do Tribunal de Contas da União (TCU), em um minuto.

Na equipe de produção de "A Voz do Brasil" há 21 anos, inicialmente como repórter e hoje como editora e apresentadora, Alessandra Bastos destaca que, por meio do programa, atos públicos tornam-se conhecidos pela população, garantindo preceitos constitucionais como o da transparência e o da publicidade. 

“O sentimento de integrar a equipe da Voz é o de informar ao cidadão que vive num pequeno município do Norte do País que ele tem direito a receber um auxílio emergencial de R$ 600, de dizer a um pescador como fazer para ter acesso ao Seguro Defeso ou de incentivar, por meio da política governamental, mulheres de todo o país a denunciarem agressões”, define a apresentadora. “É um sentimento maior de amor, de coletividade e de esperança no desenvolvimento desse nosso Brasil”, complementa.

HISTÓRIA: Criado para divulgação dos atos do Estado Novo, na Era Vargas, o Programa Nacional deu lugar à Hora do Brasil, três anos após o seu nascimento, em 1938. No mesmo ano, passou a ter veiculação obrigatória nas rádios do País, com o horário fixo das 19h às 20h. À época, a divulgação se restringia aos atos do Poder Executivo.

Em 1962, com a entrada em vigor do Código Brasileiro de Telecomunicações, o noticiário passou a dividir o tempo de veiculação com o Poder Legislativo, que passou a ocupar a segunda meia hora. Ao longo dos anos, o programa passou por várias reformulações. Inicialmente, foi marcado por um produto com espaço para a arte, execução de músicas, transmissão de radionovelas e até mesmo recados presidenciais.

Em 1975, a Empresa Brasileira de Radiodifusão (Radiobrás) foi criada e passou a ser responsável pela produção da parte do Executivo do programa. Em 1998, o marco foi a inclusão oficial de uma voz feminina na locução.

Desde 2017, por sua vez, com a evolução dos meios de comunicação, "A Voz do Brasil" pode ser acompanhada, ao vivo, também pela internet. O material radiofônico está disponível, gratuitamente, no site da Rede Nacional de Rádio, para emissoras de todo o Brasil e países vizinhos. 

“Para mim é uma honra fazer parte desse programa histórico. Com tanto tempo no ar, "A Voz do Brasil" se adaptou aos novos tempos. Com uma linguagem moderna, traz todas as informações das ações do poder Executivo e das políticas públicas de forma leve e gostosa de ouvir”, avalia Nasi Brum, que apresenta o programa há quatro anos.

O sentimento é compartilhado pelo editor Eduardo Biagini, na Voz há quase sete anos. “É um orgulho trabalhar neste programa histórico, que faz parte do imaginário coletivo dos brasileiros. Com uma audiência grandiosa, é um desafio manter a relevância e informar, com qualidade, todas as ações do governo e o impacto que elas têm na vida de cada brasileiro. É um trabalho duro, puxado, mas feito com muito carinho por toda a equipe, todos os dias”.

A partir de 2018, com a Lei 13.644, a retransmissão do programa foi flexibilizada possibilitando que as rádios possam transmiti-lo entre às 19h e 22h de Brasília.

Em julho de 2010, Prudêncio veio a Brasília para conhecer o estúdio da Voz e seus apresentadores. A partir de lá, anualmente, visita a equipe. As fotos dos encontros estão espalhadas em porta-retratos pela redação. “Acompanhei uma transmissão e não tinha ideia de que funcionava com tanta gente, tanta informação e correria. Percebi que é uma família que trabalha muito pela notícia”, resume. “Amo o rádio e fico muito feliz em poder conhecer um pouco mais do nosso País pela Voz do Brasil”, conclui.

O GUARANI: Criada no século 19 e aclamada em sua estreia, em 1870, em Milão, a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, é tema de abertura de A Voz do Brasil. Os primeiros segundos da peça de Gomes foram escolhidos para anunciar a entrada do programa no ar e se tornaram uma das marcas mais conhecidas do programa. A ópera foi exibida no programa em sua versão original por décadas. Posteriormente, releituras foram feitas em diferentes estilos, como samba, axé e capoeira, sempre remetendo à cultura nacional. 


CULTURA ORAL: Na opinião de Alessandra Bastos, A Voz do Brasil é extremamente importante para uma boa fatia da população. “Para muitos, é a única forma de saber o que pensa e o que faz o governo federal. É a única ponte entre o cidadão eleitor e seus representantes eleitos. É preceito constitucional a transparência e publicidade dos atos públicos, de todos e qualquer. Publicidade aqui no sentido de tornar público. E A Voz do Brasil coloca em ação esse direito, que é dado a todos e cada brasileiro.”

“A Voz do Brasil é um excelente momento para ter informações, para receber material, e para que seu ouvinte tenha algum contato com o país que ele vive”, complementa Luiz Artur Ferraretto. Para ele, a veiculação do programa “ainda se justifica em função das pequenas e médias emissoras, que não são totalmente jornalísticas.”

Ferrareto não desconsidera as mudanças que estão ocorrendo no rádio no século 21, por causa da internet, digitalização e do suporte do celular para ouvir notícias. Ele, no entanto, ressalta que o meio de comunicação continua sendo importante. “É sempre bom lembrar que em momentos de crise extrema, quando a gente está vivendo uma enchente ou um ciclone bomba, falta energia elétrica. O único meio que as pessoas têm vai ser o radinho de pilha.”

Na mesma linha, Sonia Virginia Moreira adiciona que o “rádio chega a qualquer lugar. Ainda hoje em ambiente de internet, que muitas pessoas têm pouco acesso ou, quando têm, a velocidade é muito baixa. [Elas] não conseguem ter um acesso de qualidade.”

Em sua opinião, A Voz do Brasil “tem um caráter informativo porque fala o que está acontecendo na capital do país. Fala dos Três Poderes. Muitas vezes as informações veiculadas em A Voz do Brasil, não têm em outros meios de comunicação.”

Além dessa razão, ela descreve que no Brasil “a cultura oral ainda é importante”, haja visto o número expressivo de pessoas que não sabem ler por analfabetismo absoluto ou têm dificuldades de compreensão por causa do analfabetismo funcional.

Como já reportado pela Agência Brasil, em 2018, havia 11,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade (dados do IBGE). Se todos residissem na mesma cidade, este lugar só seria menos populoso que São Paulo – a capital paulista tem população estimada de 12,2 milhões.(Fonte: EBC)



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