NEUROCIENTISTA DIZ QUE BRASIL SOFRE A PIOR TRAGÉDIA COLETIVA DA HISTÓRIA COM A PANDEMIA DO COVID-19 QUE ELE CONSIDERA FORA DE CONTROLE

O neurocientista Miguel Nicolelis, um dos cientistas mais influentes do Brasil, disse hoje que, com mais de 77.800 mortes, seu país sofre a pior tragédia coletiva da história com a pandemia do COVID -19, que ele considera “fora de controle” e com um cenário “dantesco” por ter mais vítimas do que a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) contra o Paraguai.

“Estamos em um cenário dantesco, é a pior tragédia humana da história do Brasil, sem considerar a escravidão ou o genocídio indígena, que são processos seculares. Estamos falando de apenas quatro meses. Brasil, na guerra da Tríplice Aliança (Argentina e Uruguai) contra o Paraguai, perdeu 50.000 soldados em seis anos. A pandemia já ultrapassou essa marca “, afirmou o especialista em entrevista à Xinhua.

O também coordenador do Comitê  Científico de Combate ao Novo Coranavírus do Consórcio Nordeste, que agrupa nove estados da região mais pobre do Brasil, elogiou a cooperação da China com o Brasil na pandemia e considerou “o caminho a seguir” em termos de equipamentos para enfrentar a emergência de saúde.

No entanto, afirmou que, sem dúvida, no Brasil a doença do novo coronavírus (covid-19) “carece de uma coordenação central nas ações para mitigá-lo”.

Nicolelis, que há 32 anos trabalha nos Estados Unidos, se estabeleceu em sua casa em São Paulo durante a pandemia e a partir daí coordena a equipe de especialistas do  Consórcio Nordeste que delineou políticas regionais contra o covid-19.

Ele indicou que neste momento a pandemia está experimentando o efeito “bumerangue”, já que o pico de contágio nas capitais mais afetadas do Nordeste, como Fortaleza (Ceará), Recife (Pernambuco) e São Luiz (Maranhão), já passou, mas o surto avançou para o interior dos estados e deve retornar aos grandes centros urbanos.

“São Luiz e Fortaleza foram as cidades que alcançaram resultados rápidos ao fazer duas semanas de ‘confinamento’ (confinamento total), mas agora podemos ver o efeito bumerangue. Um grande esforço está sendo feito para convencer os prefeitos de pequenas cidades a não ceder à abertura da atividade para evitar multidões e infecções “, explicou.

Quando perguntado sobre como o vírus se espalhou no Brasil, ele citou como um dos motivos o fluxo de pessoas no final de fevereiro, após o Carnaval.

Mas também o fato do governo federal ter mantido em operação aeroportos e rodovias federais, que atravessam o país, transportando mercadorias e pessoas.

No segundo semestre, Nicolelis  informou que uma das recomendações que deu é adiar até 2021 as eleições municipais agendadas para novembro.

“Não vejo o Brasil fora da crise em novembro e o drama crescerá se houver multidões”, afirmou.

Os efeitos da pandemia durarão até 2021.

Diante dessa situação, o gabinete do prefeito de São Paulo, a maior cidade do Brasil e da América do Sul, decidiu suspender as tradicionais celebrações de rua do Ano Novo.

O relaxamento das quarentenas nos dois estados mais afetados, Rio de Janeiro e São Paulo, “pode ser dramático”, porque, segundo Nicolelis em setembro, o número de mortos pode chegar a 150.000.

“Além de todos os problemas, temos pessoal médico saturado e exausto, com altas taxas de mortalidade e doenças. O sistema de saúde não se mede apenas a disponibilidade de leitos”, enfatizou.

Nicolelis, professor de Neurociência da Universidade Duke, Estados Unidos, destacou as relações de cooperação do Brasil com a China, que ele descreveu como “fundamentais” para enfrentar a pandemia.

“A China é nosso principal parceiro comercial e deve ser um parceiro estratégico para a pandemia. A China tem capacidade industrial para dar o que o Brasil precisa, a China é um parceiro para aliviar o drama brasileiro”, acrescentou o neurocientista.

Fonte* Xinhua é a agência de notícias oficial do governo da República Popular da China
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