Fórum Nacional de Música acontecerá em Aracaju com o tema "100 anos de Jackson do Pandeiro"

O intérprete, compositor e instrumentista paraibano Jackson do Pandeiro, que completaria 100 anos este ano, será o homenageado da edição 2019 do Arraiá do Povo, a principal festa junina do Governo do Estado de Sergipe. 

Realizado como parte integrante do Encontro Nordestino de Cultura, sob a coordenação da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe, o evento sediado na Orla da praia de Atalaia, vai acontecer de 20 a 30 junho em Aracaju.

Com o tema “100 anos de Jackson do Pandeiro”, o Encontro Nordestino de Cultura 2019 congrega também o Fórum Nacional de Música Nordestina, nos dias 10 e 11 de junho, abrindo o evento, e ainda o Arrasta Pé do bairro 18 do Forte, nos dias 14 e 15 de junho, e os concursos de quadrilhas juninas do Centro Cultural Gonzagão (Arraiá do Gonzagão) e do Centro de Criatividade (Arranca Unha), no período de 17 a 29 de junho.

Entre as atrações do Encontro Nordestino de Cultura está o Arraiá do Povo. O Arraiá será realizado na Praça de evento da Orla de Atalaia, de 20 a 30 junho. Nas atrações nacionais estão Targino Godim (PE), Chambinho(SP), Cezzinha (PE), Genival Lacerda(PB), Trio Nordestino(BA), Quinteto Violado (PE), Banda Saíra(SP), Silvério Pessoa (PE) , Jorge de Altinho(PE).

A homenagem vem marcar o centenário de um dos artistas mais relevantes na cultura regional e brasileira, que ficou conhecido como o “Rei do Ritmo” e figura, ao lado do “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, como um dos grandes representantes da musicalidade brasileira. Na tradução artística da alma de um povo, Gonzaga cantou o meio mais rural, enquanto Jackson o urbano.

Com seu pandeiro Jackson cantou coco, embolada, forró e também samba, fazendo grande sucesso em todo o país pela qualidade de seu trabalho tanto como como cantor, como compositor e instrumentista. 

O Mestre do Ritmo nasceu em Alagoa Grande, Paraíba em 31 de agosto de 1919, e registrado como José Gomes Filho. Sua mãe, Flora Mourão, era uma cantora de coco pernambucana e ainda criança ele começou a tocar zabumba e acompanhá-la nas festas de sua cidade natal.

Ainda garoto mudou-se para a cidade de Campina Grande, na época áurea do algodão, quando na região circulava muito dinheiro e gente importante. 

Cresceu num contexto de efervescência e diversidade cultural, conhecendo diferentes gêneros musicais. Em um documentário raro disponível na internet, durante entrevista concedida para Grande Otelo ele conta que tocou bateria, tamborim, reco-reco e pandeiro e durante muito tempo e passou ser chamado de Jack do Pandeiro.

Tornou-se “Jackson” na Rádio Jornal do Commércio, já em Pernambuco, na qual trabalhou e lançou sua primeira música, “Sebastiana”, durante um programa, em pleno carnaval, fazendo sucesso imediato. “Durante esses 35 anos que passei tocando pandeiro, desde menino, na feira, meu negócio era gostar de ritmo, eu gostava de ritmo, não tinha conversa, então depois de 35 anos eu consegui achar o que eu deveria gravar e eu gravei”, relata a respeito no mesmo vídeo.

Assim como muitos nordestinos, foi ao sudeste, em busca de maior notoriedade, tocou no Rio de Janeiro e São Paulo, sendo muitobem-sucedido. Morreu no ano de 1982 e em sua trajetória musical, foi sempre coerente com sua história e raízes nordestinas, além de um crítico da interferência estrangeira na música brasileira, como deixou evidente na seguinte declaração: “mesmo com a perseguição da música estrangeira, eu aguentei a barra durante doze anos. Eu e o Luiz Gonzaga. Nunca parei de fazer gravações, mesmo com a perseguição do iê-iê-iê”, registro.

Sua visão é perceptível na música “Chiclete com banana”: Eu só boto bebop no meu samba/ Quando Tio Sam tocar um tamborim/Quando ele pegar/No pandeiro e no zabumba./Quando ele aprender /Que o samba não é rumba./Aí eu vou misturar Miami com Copacabana./Chiclete eu misturo com banana,/E o meu samba vai ficar assim:Tururururururibop-bebop-bebop

Além de Sebastiana, Chiclete com Banana, também estão entre as dezenas de músicas que fizeram sucesso nacional O canto da ema, Cabo Tenório e Moxotó; 1 a 1; Forró em Caruaru; Como tem Zé na Paraíba, Casaca de couro; Meu enxoval;  17 na corrente, Coco do Norte, O velho gagá, entre muitos outros gravados por ele e regravados por outros importantes artistas brasileiros.

Lenine compôs e gravou a música “Jack Soul Brasileiro” especialmente em homenagem aeste que é um dos maiores ritmistas da história da Música Popular Brasileira. Na letra ele questiona, retoricamente: “Quem foi que fez o samba embolar? Quem foi que fez o coco sambar? Quem foi que fez a ema gemer na boa? Quem foi que fez do coco um cocar? Quem foi que deixou um oco no lugar? Quem foi que fez do sapo cantor de lagoa?”.

Jackson do Pandeiro gravou 137 discos, por meio de grandes selos nacionais, como Copacabana (1953-1958), Columbia (1958-1960), Philips (1960-1965), Continental, Cantagalo, CBS, Chantecler, Polygram. O artista morreu no dia 10 de julho de 1982, na cidade de Brasília, sendo sepultado no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

Fonte: Ascom Funcap/SE
Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário