Luiz Gonzaga: Sanfona, Triangulo e Zabumba. Forró Xote Baião e Exu, Serra do Araripe

Sanfona, triângulo e zabumba. É praticamente impossível imaginar os festejos juninos sem a “tríade” de instrumentos musicais que faz todo mundo dançar forró. Entretanto, nem sempre foi assim. De acordo com o pesquisador, e professor do Conservatório Pernambucano de Música e da pós-graduação em Música da Universidade Federal de Pernambuco, Climério de Oliveira, essa formatação dos trios, ao que todas as pesquisas indicam, foi criada pelo rei do Baião, Luiz Gonzaga.

Ele explica que até meados da década de 1940, o forró sequer era chamado por esse nome. “O termo forrobodó era usado para festas populares, um termo considerado pejorativo, tinha uma conotação de furdunço, definia uma festa realizada pelas pessoas de classes desfavorecidas”, aponta o professor.

“O forró virou a narrativa desse tipo de baile, o Gonzaga começou a chamar as músicas que narram esse tipo de festa de forró. Outra pessoa que fez muito isso também foi Jackson do Pandeiro”, acrescenta.

O festejo de São João, até então, era musicado de acordo com a disponibilidade daqueles que faziam a festa. “Era utilizado qualquer agrupamento de instrumentos acessíveis à população, podia ser pandeiro, clarineta, violão, qualquer coisa. O que aconteceu foi que Gonzaga saiu de Exú, na Serra do Araripe, e aportou no Rio de Janeiro quase dez anos depois, em 1939”, explica Climério.

A viagem de Luiz Gonzaga tinha como objetivo a fama por meio da música. Inicialmente, ele tentou a sorte tocando e cantando ritmo como samba, bolero e foxtrote, mas ao levar a música que cantava no Sertão, Gonzaga começou a ficar conhecido e ganhar fama sobretudo na comunidade de migrantes nordestinos.

 “As pessoas que estão em outras cidades querem ouvir coisa da sua terra, ele começou a preparar isso para agradar ao público, ele vivia de rodar o chapéu. Até que em um programa de calouros ele decidiu mudar, tocou o que ele preparava para a comunidade nordestina e ganhou o programa”, aponta o professor.

Abraçado pelas gravadoras, o baião de Gonzaga se multiplicou por meio de outros artistas e passou, aos poucos a ser chamado de forró, como é conhecido hoje. Ao longo do tempo, começou a ganhar corpo, com forte atuação de Gonzaga na associação mais que bem-sucedida do ritmo ao mês de junho, que faz o “arrastapé” tomar conta do São João.

“O forró que a gente escuta é uma mistura do que era feito com o que passou a ser feito. Quando Gonzaga foi ao Rio, ele buscou fazer sucesso com as cantigas do jeito que eram, ainda sem o instrumento dos oito baixos, em formato de canção. Ele depois se adapta ao padrão da indústria, que hoje temos como muito tradicional, mas é recente, é da década de 1940”, destaca.

Fonte: Diário de Pernambuco

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