PESQUISA INVESTIGA O USO DA PALMA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Quem trabalha com criação de rebanhos já conhece muito bem os usos da palma forrageira para alimentação animal. Fonte de energia e rica em água, a planta adapta-se facilmente ao clima semiárido e tem baixo custo de produção. Mas o que pouca gente sabe é que a palma também pode ser utilizada na alimentação humana. É justamente sobre esse tema que a tecnóloga em alimentos Elizângela Carlos da Silva desenvolve sua pesquisa de mestrado.

Segundo ela, há estudos que comprovam que a planta ajuda a combater doenças como cegueira noturna em recém-nascidos e até a fome ou a desnutrição. "A palma tem um grande potencial nutricional, é rica em vitamina A, vitamina C, complexo B, é fibrosa e tem vários tipos de aminoácidos essenciais para o desenvolvimento humano, entre outros nutrientes", explica a pesquisadora.

Em países como Índia e México e até em outras cidades do Ceará, a palma já é matéria-prima para sucos, geleias e doces, entre outros produtos. Mas a pesquisadora, que trabalha no campus de Crato do IFCE, explica que, apesar de versátil, a palma é pouco aproveitada por falta de conhecimento ou até preconceito, já que o uso mais conhecido é a alimentação animal.

Por isso, um dos objetivos da pesquisa é apresentar as possibilidades da planta para os produtores rurais: "A palma é uma realidade na vida dos nossos estudantes [que convivem no meio rural]. A pretensão é que eles observassem o que tem na sua produção familiar e fizessem o aproveitamento, porque a palma, além de alimentar o animal e ter a questão da alimentação humana, colabora com a convivência com o semiárido".

Embora Elizângela também produza geleias, sucos e outras receitas e trabalhe com elas em sala de aula, a pesquisa trata especificamente da farinha de palma, que pode ser usada, por exemplo, para fazer sequilhos. A ideia é avaliar a concentração de nutrientes da farinha – com o processo de desidratação necessário para a fabricação, eles podem ser reduzidos – e a aceitação dos estudantes do campus ao biscoito. No futuro, é possível que ele passe a fazer parte do cardápio do refeitório da instituição.

Entre as possibilidades da palma forrageira, há também o viés econômico, como explica Elizângela: "É uma cultura de fácil cultivo e beneficiamento simples. O produtor pode melhorar sua renda, desenvolver produtos para venda. É uma versatilidade muito grande que precisamos aproveitar, principalmente para essa cultura, que é muito importante para a região semiárida".

A palma serve de alimento para bois, cabras e ovelhas, além de ajudar na hidratação dos animais, já que é constituída por até 90% de água. Ela se adapta a longos períodos de estiagem e exige poucos recursos hídricos para o plantio. De acordo com Ariane Castricini, pesquisadora em pós-colheita da EPAMIG, a planta utilizada para a alimentação humana é a mesma que se cultiva para o uso animal. Os preparos culinários podem ser feitos à base do caule (cladódio) e do fruto. 

“A diferença consiste no fato de que para o preparo de pratos na culinária utilizam-se os cladódios novos, ou jovens. Para o gado tanto faz se é jovem ou maduro, mais velho”, explica. Cladódios são os caules adaptados, e que realizam fotossíntese, da planta que é adaptada à regiões de clima seco e quente. 

“No México, país de origem da Palma, o consumo na alimentação humana já é cultural e lá esses cladódios jovens são chamados de nopalitos. No Norte de Minas já é comum o picadinho de palma com carne, e aqui ela é chamada popularmente de verdura. Já o fruto da palma, é conhecido popularmente como ‘Figo da Índia’”, conta ela sobre as várias curiosidades da planta.

Rica em minerais como cálcio, magnésio, ferro e vitaminas como B1, B2 e vitamina A, entre outros, a palma tem sabor característico, mas leve, o que faz com que ela se adeque a pratos diversos, funcionando bem como uma complementação dessas composições. Para uso em preparações culinárias o cladódio deve apresentar características como tamanho da palma da mão de uma pessoa adulta, cor verde brilhante e estar facilmente quebrável quando dobrada. Ariane indica ainda que o preparo da palma pode ser fácil lembrando somente de cuidados básicos como a limpeza do cladódio que será consumido e a extração dos espinhos. O mesmo se aplica quando utiliza-se do fruto da palma, seja in natura ou processado.

Com a intensificação do cultivo de Palma Forrageira no Semiárido Mineiro, incentivada pela EPAMIG, Emater-MG, Secretaria de Agricultura de Minas, entre outros parceiros, as possibilidades de uso também vêm sendo passadas para produtores da região. 

A EPAMIG é uma Empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

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