AO ESPÍRITO SILENTE DAS MATAS

E quando não mais existirem os pássaros

Contritos, louvaremos ao espírito silente das matas

Para que nos liberem os gorjeios retidos em suas folhas mortas

E quando não mais existirem asas e voos

Inventaremos, com pétalas de seda, nossos ímpetos

E tomaremos dos arco-íris as cores que tingirão nossas plumas

Seremos arapongas e curiós reinventados

Reacendidos de dentro de texturas e sons sufocados

E, sem levarmos em conta a frieza nem a sangria dos enganos

Cantaremos; ainda que seja silente o canto

Toaremos, insurretos cantadores rebelados

Ainda implumes, nossos trinos por serem revelados

Serão gorjeios preservados; e, à revelia impiedosa dos tiranos

Tecerão, à nova era, seu imaculado manto

.VIRGÍLIO SIQUEIRA-Músico, Poeta e Escritor

Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário