E foi saindo dessa geografia da água verde do Rio São Francisco e estrada afora entre poeira e sol que rompemos o silêncio. O mês agosto e o destino Exu, Chapada do Araripe: É Luiz Gonzaga, o Lula das Luas Belas, o grande nome da modernização da música brasileira nos últimos 60 anos... Afonso Minha Pedra Conselheiro fez questão de declarar que sim, e Dominguinhos “pois este superou a arte do mestre”.
Seguimos estrada afora. Rádio ligado e o silêncio soprando o vento. No meio da estrada parada para uns cafés. Outras prosas e abraços. Nascido em Exu, no sertão de Pernambuco, na chapada do Araripe, Luiz Gonzaga ganhou o Brasil e o Mundo. “Mas coloque ai na reportagem: nunca, jamais ele esqueceu o Nordeste, de sua origem”, diz o artesão na arte do couro Mestre Aprigio.
Em plena atividade em Ouricuri, nascido em Exu no dia 25 de maio de 1941, “Mestre Aprigio”, confecciona couro e sem nenhuma pretensão ou arrogância conta que conheceu bem o repertório de Luiz Gonzaga.
“Meus chapéus serviram de coroa para os dois grandes reis que conheci, veja só que privilégio, Luiz Gonzaga e Dominguinhos”. Um abraço e até logo!
Chegamos a Exu. Logo somos abraçados por Neto Tintas que já havia chegado no dia anterior. No carro de som ouvimos Asa Branca, toada que Luiz Gonzaga elevou à condição de epopeia a questão nordestina. É um autêntico Hino. Música que tonifica o cancioneiro brasileiro, capaz de ser uma tese, síntese contra o empobrecimento cultural em que se encontra o atual estágio de músicas executadas nas rádios e canais de TV.
Gilberto Amado disse ao se referir à morte: “Apagou-se aquela luz no meio de todos nós”. Mas o desaparecimento físico de Luiz Gonzaga não cessou de florescer a mensagem da cultura e da valorização da música brasileira.
Afonso, artesão e lutador do bom combate enxuga uma lágrima. Luiz Gonzaga canta A Triste Partida. Silenciamos em respeito as lágrimas de Minha Pedra, ele personagem de Antonio Conselheiro, ficou emocionado com o tema dos versos da música.
Luiz Gonzaga vive, está vivo no sertão, na cidade grande e capitais, de Norte a Sul, Leste Oeste. Luiz Gonzaga vive na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira.
Disse Fernando Pessoa: “Quem morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente.”
Foi assim que um dia escrevi e hoje reproduzo. Os amigos, Neto Tintas, Seu Aprigio e Afonso partiram para o sertão da Eternidade...e eu aqui na boca da madrugada fico mais uma vez olhando o brilho das estrelas e da Lua no céu...
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