"O SERTÃO É A MINHA FONTE DE INSPIRAÇÃO. FLORA, FAUNA, COSTUMES E O DIA A DIA DAS FESTAS DOS SERTANEJOS", DIZ O CORDELISTA J.BORGES

É no ateliê em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, que o xilogravurista e cordelista J. Borges passa todas as tardes, traduzindo em palavras e ilustrações em preto e branco toda a imensidão da paisagem e do cotidiano do sertanejo.

 “O Sertão é a minha maior fonte de inspiração. Todo o meu trabalho é baseado na flora, na fauna, nos costumes, no dia a dia e nas festas do povo sertanejo. Eu exploro com gosto mesmo”, conta, em entrevista ao Viver. As obras lançam mão dos recursos mais tradicionais da xilogravura e cordel e simbolizam a cultura nordestina, com a singular e inconfundível assinatura do mestre.

Patrimônio Vivo de Pernambuco, o artesão de 84 anos é o homenageado do São João na Rede da Fundação Joaquim Nabuco, que será realizado nesta quarta-feira (24) no site www.saojoaodafundaj.com.br e nas redes sociais da instituição (@fundajoficial). A programação terá com apresentação do ator Adriano Cabral. 

Diante da pandemia do novo coronavírus, o festejo será totalmente on-line e contará com oficina gastronômica, atividades recreativas, espetáculos, debates, exibições de filmes e show da cantora Cristina Amaral, além da presença de folcloristas e historiadores.

“É muito bom receber essa homenagem, eu engrosso meu currículo com essas coisas”, agradece J. Borges. “Estou satisfeito, veio na hora certa. Espero que todos continuem acreditando no meu trabalho”, completa o artista, desculpando-se ao telefone pelo jeito informal de falar, com gentileza e humildade tão grandes quanto sua obra. Dentro da programação, um depoimento do homenageado será exibido para o público. Borges já recebeu da Fundaj a medalha de honra ao mérito, em 2000, e foi agraciado no ano passado com a Medalha Gilberto Freyre, na celebração dos 40 anos do Museu do Homem do Nordeste. Também em 2019, o artista assinou a decoração do São João de Caruaru e criou quatro peças exclusivas para a ocasião.

José Francisco Borges nasceu em 1935 no município de Bezerros, onde iniciou a vida artística e reside até hoje, escrevendo, ilustrando e publicando os seus folhetos. J. Borges começou a trabalhar aos 10 anos, dedicando-se à agricultura e à venda da colheita nas feiras da região. Como um dos primeiros impulsos artísticos, o jovem aproveitava a oportunidade para comercializar colheres de pau que ele mesmo fabricava. Em 1964, começou a escrever cordel e a fazer xilogravuras, entalhando madeira de pinho e imburana.

Na década de 1970, o artesão teve suas obras e técnicas reconhecidas nacionalmente como uma atividade cultural. O ateliê, que no início fabricava figuras apenas para ilustrar suas histórias, atingiu uma marca de 200 cordéis e dezenas de xilogravuras de capa. Atualmente, os produtos que narram o cotidiano do sertanejo pobre, do cangaço, do amor, dos folguedos juninos e até de crimes e corrupção são impressos em larga escala e vendidos para colecionadores e público vindo de diversas partes do mundo.

Apaixonado pelo São João, Borges lamenta que não terá a tradicional festa neste ano. “O São João é a festa melhor do mundo, anima todo lugar e todas as pessoas. Até nos lugares distantes que têm só um ranchinho de palha na beira da mata, todo mundo fica vibrando com a fogueirinha. É uma festa muito social, eu adoro. Vamos apelar para que no próximo ano tenha, porque nunca faltou”, deseja, ao lembrar de um São João que perdeu por estar nos Estados Unidos a trabalho. “Eu passei o feriado todo trabalhando, parecia como um dia comum, nunca vi uma coisa dessa”, relembra.

“Quando eu era jovem mesmo e tinha as pernas boas, eu dançava os três dias. Santo Antônio, São João e São Pedro, fazia forró lá em casa, ficava todo mundo dançando, bebendo e batendo papo.” Oscilando com o isolamento social entre o ateliê e a sua casa, J. Borges não demonstra cansaço.

“Eu faço quarentena a vida toda. Eu passo o dia no meu ateliê e depois volto pra casa, uma vez por semana vou na rua resolver as coisas e nem do carro eu saio”, confessa. “Espero que o coronavírus não me pegue, porque eu não tenho condições de escapar dessa doença. Ela desperta muito cuidado. Desde que nasci e me criei, nunca vi um problema como esse no mundo.”

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PANDEMIA APAGA TRADIÇÃO DO SÃO JOÃO E ESVAZIA CIDADES DO NORDESTE

O artesão Sebastião Luiz da Silva, 78, morador de Caruaru, no interior de Pernambuco, diz que não reconhece sua cidade. Nunca viveu um mês de junho assim. "Este não é o meu planeta", resume a ausência, pela primeira vez na história, da maior celebração do interior nordestino: o São João. A pandemia apagou o que foi preparado durante o ano inteiro e ignorou o calendário junino, mais tradicional em cidades como Caruaru (PE), Campina Grande (PB), Mossoró (RN), Cruz das Almas, Amargosa e Senhor do Bonfim (BA).

Morador do Alto do Moura, um pedaço pequeno de Caruaru que recebe uma multidão no São João durante 30 dias, Sebastião personifica o sentimento de milhares de nordestinos. Sente falta de tudo. Do milho assado, da fogueira na frente de casa, do forró esticado até o dia amanhecer, das quadrilhas, dos tiros ensurdecedores dos bacamarteiros e do movimento intenso de visitantes que vai de maio até o início de julho. Reclama até de não sentir a ansiedade da espera.

"Quando chega maio, tudo já vai se transformando por aqui. É uma fartura, muita gente na rua. A chuva começa e o milho vem. Esperar chegar o dia do São João é muito bom", diz.

Perto da casa dele, uma máscara de pano cobre o rosto da estátua do mestre Vitalino (1909-1963), o mais famoso artesão de bonecos de barro de Caruaru. É o sinal de que está tudo pelo avesso. Não há qualquer decoração alusiva ao São João. Bares e restaurantes permanecem fechados.

No vazio do principal pátio de eventos de Caruaru, um Luiz Gonzaga gigante em pedra se impõe na paisagem com uma proteção no rosto. No local, onde uma multidão se espremia durante esta época do ano para acompanhar shows, resto de frutas, pessoas passeando com cachorros e crianças andando de bicicleta.

"Eu já chorei muito. Choro quando lembro que não teremos essa festa. A gente respira o São João", diz Lucineia Ferreira, responsável pela Molecadrilha, a mais antiga quadrilha de São João de Caruaru. "Já estava quase tudo preparado. Começamos a ensaiar em agosto", conta.

Só em Caruaru, onde ocorrem mais de 800 apresentações artísticas durante um mês inteiro do ciclo junino, 3 milhões de pessoas eram aguardas neste ano. A cidade deixou de movimentar R$ 200 milhões na economia. "O calendário de Caruaru é dividido em dois períodos: antes do São João e depois do São João. É o momento em que a gente se enxerga protagonista durantes dois meses", lamenta a prefeita da cidade, Raquel Lyra (PSDB).

A prefeita decidiu não bancar lives de artistas, mas usar as apresentações virtuais para fazer o chamado São João Solidário. As lives vão servir para arrecadar alimentos para quem ficou sem trabalhar na festa, caso de artistas populares. A cidade já tinha captado com a iniciativa privada R$ 7 milhões. O dinheiro será utilizado na festa do próximo ano. "Vivemos um sentimento de profunda tristeza. A gente se pega ouvindo uma música e chorando. Não é simples", lamenta a prefeita.

Os hotéis e pousadas da cidade estão vazios ou com taxa de ocupação mínima. Dono de um dos principais hotéis de Caruaru, o empresário Fábio Couto teve que demitir 17 funcionários. Após um período fechado, retomou as atividades há dez dias, mas a ocupação não passa de 10%.

Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) emitiu um decreto cancelando os festejos juninos em todos os municípios baianos devido à pandemia e antecipou o feriado estadual do dia 24 de junho para o mês de abril. O estado tradicionalmente tem festas de santo Antônio, são João e são Pedro espalhadas por todo o território. As maiores acontecem nas cidades de Cruz das Almas, Amargosa e Senhor do Bonfim.

Em Cruz das Almas, cidade de 63 mil habitantes do recôncavo baiano, a prefeitura optou por cancelar o São João e não ter nenhuma programação festiva durante o de junho neste ano. Não haverá shows, apresentações de quadrilha, bumba-meu-boi, nem tradições como pau de fita e o casamento na roça. "Estamos todos muito tristes, mas tristeza maior é esta pandemia. Entendemos que não havia clima para celebrar nada quando estão morrendo 1.200 pessoas por dia no país", afirma o prefeito Orlando Peixoto (PT).

A cidade chega a ter até 100 mil pessoas por dia nas ruas durante cinco dias de festa do São João, incluindo entre 30 a 40 mil turistas que circulam pela cidade e movimentam a economia. Muitos deles vêm em grupos e hospedam-se em pousadas e alugam casas na cidade.

A prefeitura estima que a festa movimente cerca de R$ 30 milhões na economia da cidade, incluindo hotéis, bares, restaurantes, quituteiras, fabricantes de licor e de fogos de artifício. Sem a festa, a prefeitura orientou a população a evitar acender fogueiras, soltar fogos de artifício e receber parentes de fora da cidade. Também vai intensificar a fiscalização nas entradas da cidade, com um reforço nas barreiras sanitárias que já estão em atuação.

Além do setor de turismo, o comércio deve sofrer um baque com o cancelamento dos festejos juninos. Na Bahia, o São João é considerada a segunda principal data de vendas, superando até o Dia das Mães. De acordo com cálculos da Fecomércio Bahia, o cancelamento dos festejos deve provocar uma queda nas vendas de 23%, afetando principalmente os setores de supermercados e vestuário.(Diário de Pernambuco)

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SECRETÁRIO DE SAÚDE DA BAHIA CRÍTICA GUERRA DE ESPADAS REGISTRADAS EM SENHOR DO BONFIM

O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, criticou, em entrevista ao Jornal da Manhã desta quarta-feira (24), a realização de "guerras de espadas" registradas na noite de terça (23), véspera de São João, em Cachoeira, cidade do recôncavo baiano, e Senhor do Bonfim, no norte do estado.

Apesar da pandemia de coronavírus e das recomendações por isolamento social, moradores das duas cidades se reuniram nas ruas e soltaram fogos.

“A guerra de espadas é por si só um ato de vandalismo. Entendo que é uma tradição baiana, mas é algo que hoje, no século XXI, compreendendo a racionalidade das complicações que isso pode trazer... Quando eu era adolescente, quando era estudante de medicina, tive a oportunidade ir a Senhor do Bonfim e ver de perto como era a guerra de espadas. É um ambiente de alto risco. A pessoa tem que ir de capacete, casaco de couro, duas calças jeans, ambiente de fumaça terrível, que irrita as vias aéreas, e nessa época de Covid isso é extremamente prejudicial para o pulmão”, disse o secretário.

“Deveria ser considerado um crime acender uma espada. Antes de haver restrição, era a principal causa de atendimento no nosso hospital em Santo Antônio de Jesus. O centro de queimados vivia cheio de pessoas sequeladas de espadas. Rogo para que haja repressão, para que isso seja proibido e reprimido de forma extensiva pelas autoridades”, disse Vilas-Boas.

Vilas-Boas afirmou que a taxa de novos casos de coronavírus por dia na Bahia está atualmente em 3.5%. Porém, algumas cidades ainda estão com números altos. O secretário apontou a migração de pessoas de fora do estado e também a flexibilização do comércio como principais fatores para o descontrole.

“Temos um processo de interiorização da pandemia para municípios de pequeno e médio porte. Processo causado por migração, principalmente de São Paulo, através de ônibus clandestinos. Mas também temos municípios que adotam estratégias inadequadas, de abrir o comércio, como foi o caso de Vitória da Conquista e Feira de Santana. A história se repete. É a terceira vez que esses municípios abrem o comercio, o número de casos dispara e tem que voltar atrás e fechar de novo. Não é hora de flexibilizar atividade comercial. É preciso manter o controle por mais algumas semanas. Definimos que só haverá qualquer tipo de flexibilização quando houver uma neutralização do crescimento por 14 dias sustentados”, afirmou o secretário.

Segundo o último boletim da Secretaria de Saúde do estado (Sesab), divulgado no fim da tarde da última terça-feira, a Bahia possui 49.084 casos confirmados de coronavírus, com 1.491 mortes em decorrência da doença. (Fonte: G1 Bahia)
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NUVEM DE GAFANHOTOS PASSA PELA ARGENTINA E PREOCUPA AUTORIDADES NO BRASIL

A nuvem de gafanhotos que chegou à Argentina e se aproxima do Brasil preocupa pesquisadores e autoridades brasileiras por ser uma praga ainda pouco conhecida e que é capaz de causar danos enormes às lavouras agrícolas.

Antes de chegar à Argentina, a nuvem de gafanhotos passou pelo Paraguai e, por lá, destruiu plantações de milho. De acordo com monitoramento da Argentina, os insetos devem seguir em direção ao Uruguai.

Isso preocupa o Ministério da Agricultura do Brasil, já que, ao realizarem este percurso, os gafanhotos passarão pelo oeste dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Segundo um relatório do Ministério da Agricultura da Argentina, a espécie de gafanhoto que avança na América do Sul, chamada Schistocerca cancellata, causou danos severos à produção do país nos anos 1960 e ainda é "pouco conhecida". Novos ataques do inseto voltaram a ser relatados no país vizinho somente em 2015.

“Esta espécie causa danos em todas as suas fases de crescimento, possui um aparelho típico de boca para mastigar e ataca a parte aérea dos vegetais silvestres e cultivados.”

Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, esses insetos estão no país desde o século 19 e causaram grandes perdas às lavouras de arroz na região Sul do país nas décadas de 1930 e 1940. Mas as nuvens não se formam desde então.

"(A praga) Tem permanecido na sua fase 'isolada', que não causa danos às lavouras, uma vez que não forma as chamadas 'nuvens de gafanhotos'. Recentemente, voltou a causar danos à agricultura na América do Sul, em sua fase gregária (formação de nuvens)", afirmou o ministério.

Ivo Pierozzi Júnior, doutor em ecologia, participou de um estudo pela Embrapa no final da década de 1980 de um fenômeno parecido ocorrido em Mato Grosso, porém com uma outra espécie do inseto.

“Essas infestações são periódicas, fazem parte parte do ciclo da espécie. Já houve surtos no passado, na década de 1940, 1970, no Sul”, afirmou Pierozzi Júnior.

“Vivemos poucas experiências no Brasil para dizer como as espécies de gafanhotos respondem ao ambiente, não dá para definir quais são os ciclos (de surgimento de nuvens)”, completou o pesquisador.

Pierozzi Júnior conta que os insetos têm um mecanismo genético de gregarismo, ou seja, vivem em grupos, agregados. É um comportamento natural dos gafanhotos viverem próximos, inclusive para facilitar a reprodução.

“Se encontram condição de reprodução, sobrevivência e alimentação, elas se agregam mais, para ter mais chances de se reproduzir. É como se aproveitassem o momento favorável para potencializar (o aumento da população). É uma 'tempestade perfeita'”, explica.

Após esse ciclo de expansão, a tendência é que os insetos se dispersem e o nível populacional se estabilize. Os gafanhotos podem viver de meses até um ano, tudo varia conforme a espécie, o clima e as condições do enxame.

“Podem vir a ser um problema se, eventualmente, chegarem ao Brasil. Vai depender muito das condições que eles vão encontrar pelo caminho, o clima e o que vão ter para comer, que culturas ainda estão sendo plantadas… os gafanhotos não diferenciam uma vegetação natural de uma cultura economicamente importante para o ser humano.”

Segundo o governo, os fatores que levaram ao ressurgimento desta praga em "sua fase mais agressiva" na América do Sul ainda estão sendo avaliados pelos especialistas e podem estar relacionados a uma conjunção de fatores climáticos, como temperatura, índice pluviométrico e dinâmica dos ventos.

O professor de entomologia da Universidade de Cruz Alta Maurício Pazzini afirmou à RBS TV que a estiagem que o Rio Grande do Sul passou neste verão poder facilitar a chegada dos insetos ao Brasil.

"Se nós tivéssemos na nossa condição ideal de inverno, temperaturas frias, aquele ambiente nosso do Rio Grande do Sul no inverno, consequentemente a gente não teria essas populações porque o nosso frio iria impedir. Como a gente não tem esse frio, e como a gente não tem vento que favorece essa dispersão, a minha perspectiva é muito forte de que isso possa acontecer no estado do Rio Grande do Sul".

No entanto, Pierozzi Júnior diz que não é possível afirmar que apenas a seca e a mudança de clima que atingiu o estado e, por consequência, o Sul do continente neste ano, tenha estimulado a formação da nuvem de gafanhotos.

O entomologista e pesquisador da Embrapa de Londrina (PR), Adeney de Freitas Bueno, diz que o crescimento excessivo da população de gafanhotos é estimulado pelo clima quente e seco associado a um desequilíbrio ambiental provocado pelo uso excessivo e incorreto de agrotóxicos nas lavouras.

Ele explica que o manejo incorreto dos inseticidas destrói agentes que são controladores naturais do crescimento de insetos e da proliferação de pragas. Esses agentes naturais são, por exemplo, os sapos, pássaros, bactérias e fungos.

"Há fungos, por exemplo, que são responsáveis por causarem doenças que matam os percevejos e gafanhotos. E, quando você usa incorretamente os agrotóxicos, você destrói todos esses microrganismos que seriam importantes para controlar, naturalmente, o crescimento da população de insetos”.

"É como o nosso organismo. Se você tomar muito antibiótico, você destrói bactérias que são importantes para o nosso organismo".

Segundo Bueno, da Embrapa, uma forma de combater a nuvem de gafanhotos é utilizar inseticidas específicos nas plantações para matar os insetos.

"Porém, o uso de inseticida é paliativo e pode não ter um resultado tão bom. Pois são muitos insetos que voam de forma muito rápida a longas distâncias, em grande quantidade. Quando eles chegam, devoram rapidamente tudo o que é verde. Então, até o produtor tomar a decisão de colocar inseticida e o produto fazer efeito leva alguns dias. Somente para o inseticida fazer efeito são dois dias", explica Bueno.

Por isso, o pesquisador ressalta que o monitoramento, neste momento, é muito importante.

Já para prevenir esse estrago no longo prazo, a saída, segundo Bueno, é fazer um uso racional dos agrotóxicos e manejo integrado de pragas e doenças.

Pierozzi Júnior reforça que o controle dessas pragas deve ser feito e indicado pelas autoridades, no caso o Ministério da Agricultura. “Até porque, se o agricultor fosse aplicar (inseticida), ele precisaria de um receituário agronômico para comprar o defensivo, e isso é fiscalizado.”

O ministério pediu que a Superintendências Federais de Agricultura e aos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária para que realizem o monitoramento das lavouras e orientem os agricultores, principalmente os do Rio Grande do Sul, a adotarem eventuais medidas de controle da praga, caso a nuvem chegue ao Brasil.

"As autoridades fitossanitárias brasileiras encontram-se em permanente contato com as autoridades argentinas, bolivianas e paraguaias, por meio do Grupo Técnico de Gafanhotos do Comitê de Sanidade Vegetal (Cosave)", reforçou o Mapa, em nota divulgada. (Fonte: G1)

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COVID-19: NÚMERO DE INFECTADOS DISPARA EM JUAZEIRO/PETROLINA E DEVE ULTRAPASSAR 1070 CASOS NESTA QUARTA (24)

São 1069 pessoas infectadas somando os casos da doenças confirmadas em Juazeiroe Petrolina. A situação se torna crítica e preocupa autoridades sanitárias e governamentais.

Durante live no início da noite de ontem terça-feira (23) véspera de São João o governador da Bahia Rui Costa informou que o município de Juazeiro registrou aumento no número de casos da Covid-19 e entra no "radar da luz vermelha" do governo do estado.

Rui Costa esclareceu que Juazeiro é uma das cidades que teve grande crescimento da taxa de contaminados nos últimos cinco dias. "Esses municípios chamam a atenção. Esses casos isolados têm que chamar a atenção, porque eles puxam a média para cima. Tem que atuar nesses focos. Hoje são quatro focos, merecem luz vermelha e atenção máxima para a gente atuar neles e reduzir os números", pontuou o governador.

A Secretaria da Saúde em Juazeiro apresentou no último boletim ontem terça-feira (23), os dados que os casos confirmados subiram para 418 o número de pacientes positivos para a doença. Em Petrolina, de acordo com a secretaria de saúde são 651 pessoas infectadas.

O diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que a porcentagem de testes de coronavírus que dão resultado positivo no Brasil, de 31%, indica que o número real de pessoas contaminadas no país pode estar subestimado.

De acordo com Ryan, o Brasil ainda testa uma parcela muito pequena da população. “Nos países que aplicam grande número de testes, a porcentagem de positivos fica perto de 5%”. Segundo os cálculos do Imperial College, que têm base no número de mortos declarados na última semana, há uma subnotificação de casos de infecção por coronavírus no Brasil.

Segundo o centro de pesquisa britânica, o Brasil registra 34% dos casos possíveis. O dado informa que o número de brasileiros infectados pode ser o triplo do informado. De acordo com a Folha de São Paulo, o Imperial College parte da premissa de que a taxa de mortalidade por caso de coronavírus é 1,38% — para cada morte relatada havia 72,5 pessoas infectadas.

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EM PLENO ANO ELEITORAL, POLÍTICOS ENCARAM SÃO JOÃO SEM O CORPO A CORPO EM BUSCA DE VOTO

Tradicionalmente, o período junino no Nordeste é marcado por festas e também pela participação de políticos e lideranças partidárias nessas comemorações, sobretudo em ano eleitoral. No entanto, em função da pandemia do novo coronavírus, as festividades em homenagem a São João estão suspensas e até mesmo as habituais fogueiras estão proibidas. As medidas foram tomadas para minimizar os efeitos da crise sanitária e afetam, por tabela, “a forma tradicional de fazer política”, como destaca o cientista político Antonio Lucena. 

Apesar das restrições, Antonio Lucena ressalta que os atores político podem recorrer a outros meios como reuniões online” para se manter em contato com a população. Ele pondera, contudo, que essas medidas não alcançam o “mesmo nível” da participação nas festividades juninas.  A cientista política Priscila Lapa, por sua vez, salienta que o São João é uma oportunidade para que os políticos mobilizem seus cabos eleitorais, direcionem recursos para patrocinar arraiais, quadrilhas e que, com a pandemia, não há possibilidade de fazer isso, tornando o momento “especialmente desafiador para quem vai disputar uma eleição”. 

“A existência da pandemia nesse momento coloca as pessoas numa situação de muita ansiedade e até um clima meio de nostalgia, de você sentir falta daquilo que você não pode mais acessar. Então, uma agenda política nesse momento parece um pouco inapropriada”, argumenta Priscila. Para ela, não há clima para falar de eleição. “As pessoas estão muito desmobilizadas para o processo eleitoral. O clima da campanha ainda não chegou e não chegaria se a gente estivesse sem pandemia porque as campanhas estão cada vez mais curtas. Fica muito mais desafiador para aquelas pessoas que vão precisar repensar as estratégias de aproximação com eleitorado, a começar desta festividade”, complementa. 

Prefeito de Afogados da Ingazeira e presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota (PSB) destaca que todos os gestores municipais estão se adaptando aos meios disponíveis, mas reforça que a pandemia prejudica porque apresenta uma nova realidade. “Não tem festa. Nós temos o costume e a cultura do corpo a corpo, do abraço, mas a linha é de recolhimento, de cautela. Está tudo muito restritivo, recolhido”, explica. 

O deputado federal Lucas Ramos (PSB), pré-candidato à Prefeitura de Petrolina, reforça que as festas juninas fazem parte do calendário político e eleitoral de qualquer liderança. “(Sem a pandemia) A gente estaria no maior São João do Brasil, que é o de Petrolina, aguardando o início da missa do vaqueiro no próximo domingo, e tudo isso suspenso. Esse momento requer responsabilidade por parte dos políticos, principalmente. Os políticos tem que dar o exemplo, a gente tem que experimentar uma nova forma de curtir o São João”, afirma. No entanto, ele reconhece que as restrições atrapalham esse calendário eleitoral. “Impede de estar nas ruas fazendo o que a gente mais gosta, que é trabalhando, pedindo voto, mostrando a cara”, complementa. 

 também deputado estadual Sivaldo Albino (PSB), pré-candidato em Garanhuns, lamenta a falta de contato com o eleitorado. “Se tivesse dentro da normalidade - porque geralmente a convenção é em junho e julho - estaríamos na pré-campanha. Então, isso afeta diretamente no contato. A diferença é que é para todo mundo. Não é para um candidato, um político. Isso (a restrição) é para todo mundo. Até porque não tem polos para você visitar, então fica uma coisa equilibrada, mas claro que é um cenário muito ruim você não tem um contato daquilo que você é habituado a fazer, a conviver”, explica.

Já a prefeita de Cumaru, Mariana Medeiros (PP), que deve disputar a reeleição, aponta que, apesar da tradição do período, o foco é superar o novo coronavírus. “O município está tranquilo, temos apenas um óbito, mas focamos no trabalho de conscientização”, explica. O município não terá festa ou fogueiras. “O importante é salvar vidas. Vai vir o São João do próximo ano”, complementa. (Folha Pernambuco)
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VIVA LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO, SEMPRE NA MIRA DE NOSSOS CORAÇÕES

O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões. Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos.

Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

O olhar de Gonzaga furou o ventre de todas as coisas e seres, escaneou suas vísceras, revirou seus mistérios, escrutinou suas entranhas. A mão do homem deslizou pelas teclas sensíveis da concertina, seus dedos pressionaram os pinos, procurando os sons baixos e harmônicos. Os pés do homem organizavam o primeiro passo, sentindo o caminho, testando o equilíbrio. A cabeça erguida, o queixo pra frente, a barriga desforrada e o pulmão vertendo cem mil libras de oxigênio, vibrando as cordas vocais: era Lua nascendo.

O peito de Gonzaga abrigava o canto dolente e retorto dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade. Viva Luiz Gonzaga do Nascimento, sempre na mira de nossos corações. (Texto: Aderaldo Luciano-mestre e doutor em Ciência da Literatura)
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