Nesta sexta-feira (8), os fãs de Roberto Carlos vão ter mais um encontro com o rei em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O artista se apresenta no Pátio de Eventos Ana das Carrancas, reunindo súditos de diversas cidades da região. Para quem quer saber tudo sobre o cantor, há dez anos o município pernambucano abriga o Centro Cultural Emoções, com discos, fotos, recortes de jornais e muitos objetos que levam o público a uma viagem sobre a vida e obra do ídolo.
Com o show de Roberto Carlos em Petrolina, a movimentação no Centro Cultural Emoções vem crescendo, superando o período do São João, quando o local recebeu 11 ônibus com visitantes. “A gente só está atendendo agora por agendamento, porque eu não consigo, pelo fluxo de ônibus, eu não consigo atender todo mundo”, conta Adriano Thales de Souza, curador e idealizador do espaço.
O espaço funciona de terça a domingo, das 9h às 12h e das 15h às 18h, na Rua Castro Alves, nº 428, no centro da cidade. A entrada é gratuita, mas os visitantes podem doar 1kg de alimento não perecível ou fazer doações em dinheiro, que serão revertidas para instituições de caridade da região.
O Centro Cultural Emoções foi inaugurado no dia 19 de abril de 2015, data do aniversário do cantor, e nasceu da admiração que Adriano Thales nutre por Roberto Carlos. O encontro com um casal, durante o cruzeiro promovido pelo rei em 2012, foi fundamental para a a realização do sonho.
“Começamos a conversar. Eles sabiam que eu tenho um acervo muito vasto, porque em em 2009 passei em quatro blocos no Globo Repórter. Aí conversando com o casal, a esposa olhou para mim e perguntou: ‘Qual o teu maior sonho’?”, diz Adriano, lembrando que contou toda sua história ao casal e do desejo de ter um espaço para colocar todas as peças que tinha sobre Roberto Carlos, fazendo com que outras pessoas pudessem conhecer mais sobre o cantor.
Dois meses depois da viagem, um emissário do casal entrou em contato com Adriano informando que eles construiriam o tão sonhado centro. O último contato entre os três aconteceu no dia da inauguração do espaço, quando Adriano teve uma grande surpresa.
“Eu descobri, no dia da inauguração, eles vieram e trouxeram o Dudu Braga, filho do Roberto Carlos com a banda RC na Veia. E nesse dia eu descobri que o casal é sócio do Roberto Carlos e é o padrinho da filha do Dudu Braga, neta do Roberto Carlos. Está vendo como são as coisas?”, conta Adriano Thales.
'Meu querido, meu velho, meu amigo'-O acervo de Adriano tem mais de 5 mil peças, frutos de mais de 40 anos de dedicação, que começou quando o fã ainda era criança, como forma de matar a saudade do pai, que precisou viajar para Fortaleza, deixando o filho com os avós, em Petrolina.
“Minha mãe, que estava aqui em Recife, veio me buscar. Assim que eu cheguei em Recife com ela, eu senti muita falta dele, porque sempre que podia, ele me levava aos circos, cinemas, quando podia comprava aquele brinquedo. Eu estava numa solidão imensa”.
A curiosidade de menino fez com que Adriano ouvisse pela primeira vez a música que mudaria sua vida.
“Um dia no apartamento da minha mãe, remexendo alguns discos, vi lá um tal de Roberto Carlos e botei para tocar. Assim que eu escutei a música, ‘Meu querido, meu velho, meu amigo’, essa canção passou a trazer a presença de papai muito forte. Tão forte que eu cantava essa música durante todos os dias inúmeras vezes no dia”.
Quando o pai foi a Recife para buscar Adriano, sugeriu comprar um presente para o filho, que sabia muito bem o que desejava. “Eu falei para ele que não queria um brinquedo. Eu queria um disco do cantor Roberto Carlos”, diz Adriano, lembrando a surpresa do pai com o pedido.
“Ele achou estranho porque sua geração é diferente. Ele perguntou: ‘Por quê?’ Eu falei: ‘Ó, porque em um determinado disco tem uma determinada música, eu escutava todos os dias para lembrar do senhor’. Vi a primeira emoção do papai naquele dia”.
Encantado com o sentimento do filho e conhecimento que o menino tinha sobre o cantor, o pai decidiu que, além do álbum Carlos e Erasmo, que tem a música ‘Meu querido, meu velho, meu amigo’, presentearia Adriano com todos os discos que estavam disponíveis na loja.
“De lá para cá, as canções do Roberto passaram pela minha vida. Os primeiros amores. A forma bonita de falar de Deus, das coisas boas da vida”.
O primeiro encontro de Adriano com Roberto Carlos aconteceu no dia 5 de dezembro de 1992, em um show do Rei na cidade de Campina Grande, na Paraíba. Ao conceder entrevista a uma emissora de televisão local, mostrando as peças que tinha sobre Roberto Carlos e explicando que havia viajada mais de 16 horas para ver a apresentação, Adriano acabou sendo surpreendido.
“Enquanto eu estava dando a entrevista, tinha um senhor a uns cinco metros me escutando". O senhor em questão era um dos produtores do show. “Quando ele saiu, ele andou um pouquinho e voltou. Como é teu nome? Meu nome é Adriano. Ele parou assim. 'Adriano, não sai daí não, quando o Roberto chegar, eu vou levar você aqui".
Adriano diz que ficou fascinado ao ver Roberto Carlos pela primeira vez. “Eu desabei de muita emoção. E o que me deixou fascinado foi o tratamento dele comigo. Eu falei para ele: ‘Posso apertar a sua mão?’ Ele disse: ‘Claro, inclusive eu que aperto a sua, rapaz’. Apertei a mão dele, abracei ele”.
A relação improvável entre fã e ídolo se fortaleceu. “Comecei levando coisas para ele sobre ele, acabei caindo na graça dele. E hoje eu tenho uma boa relação de amizade com ele”, afirma Adriano.
“Fui no Cruzeiro, fui agradecer a ele, ele olhou para mim e falou: ‘Eu não fiz nada, o que foi que eu fiz’? Aí depois eu chegou para mim, pô, você faz tanto por mim, nunca me pediu nada. Então, imagina, a pessoa entra na sua vida, te trata de uma forma assim, pô. Cara, é o mínimo que eu posso fazer por ele, pela história dele”.
Além de preservar a história de Roberto Carlos, Adriano levou a paixão pelo Rei para os filhos. A mais nova, inclusive, foi batizada com o nome de Maria Rita, esposa do Rei que faleceu em 1999, aos 38 anos.
“Eu me sinto homenageada também, né? Eu gosto muito do Roberto, das canções. Eu cresci escutando tudo. Acabei tomando gosto também”, diz a jovem Maria Rita, de 20 anos. *Texto Emerson Rocha-Jornalista. G1 Petrolina Pernambuco
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