VEIA NORDESTINA GANHA O PRÊMIO LATINO: O MELHOR ÁLBUM DE MÚSICAS DE RAÍZES EM LÍNGUA PORTUGUESA

O Melhor Álbum de Músicas de Raízes em Língua Portuguesa Veia Nordestina, da cantora Mariana Aydar foi a vencedora do Grammy Latino da música. Aqui Está-se Sossegado - Camané & Mário Laginha. Acaso Casa Ao Vivo - Mariene De Castro e Almério. Targino Sem Limites DE Targino Gondim E Obatalá - uma Homenagem a Mãe Carmen - Grupo Ofa eram os concorrentes.

"Na veia nordestina, eu tenho a minha visão / Carrego emprestada a força do sertão...", é assim que a cantora e compositora paulistana, Mariana Aydar, resgata sua história com a música nordestina, tendo como protagonista o forró, recomeçando o que nunca teve fim.

Nessa paixão pulsa “Veia Nordestina” (Natura Musical), projeto que foi lançado ao longo de 2019 dividido por EPs que formam um disco, produzido por Marcio Arantes, e um minidocumentário dividido em quatro episódios que abordam temas do universo forrozeiro, dirigido por Dellani Lima e Joaquim Castro, parceiro de Mariana na direção do documentário Dominguinhos (2014).

O disco “Veia Nordestina" com 12 faixas que misturam ritmos como xote, pagodão, arrocha, frevo, galope, kuduro e rastapé, este é o quinto álbum de estúdio de Mariana e o primeiro dedicado integralmente à cultura nordestina.

Passando pelas festas populares brasileiras como o Carnaval e o São João, o disco traz experiências sensoriais que transportam quem ouve para o universo multicultural do nosso país, como acontece em "Se Pendura", "São João do Carneirinho" e "Forró do ET", essa com a participação da madrinha de Mariana no forró, Elba Ramalho. 

O disco apresenta músicas que mostram a força e liberdade de escolha das mulheres, quebrando pensamentos machistas e patriarcais e elevando o empoderamento feminino como um dos temas principais. Em "Triste, Louca ou Má", regravação da banda Francisco, El Hombre, Mariana escolheu a amiga e grande inspiração ativista, Maria Gadú, para dividir os vocais e em "Condução", Mariana canta sobre a mulher que conduz na dança da vida. 

Questionar o público sobre o atual momento vivido no Brasil e no mundo, contestar o retrocesso que nos rodeia, dizer sim à diversidade em todas suas formas, tons e gêneros, também são temas presentes em Veia Nordestina em músicas como "Na Boca do Povo", na mistura envolvente de samba com forró. 

O sentimento mais transformado em música no mundo, a sofrência, está presente em vários momentos do disco. Ela aparece em músicas como "Represa", um xote chorado na regravação pop do clássico de Accioly Neto, "Espumas ao Vento", e em algumas mais animadas, que misturam o sofrer com o sorrir, como "Xilique", um forró sambeado da vertente de Jackson do Pandeiro, composta por Mariana em parceria com Jorge de Altinho e o arrocha "Venha Ver", de autoria de Anastácia, uma das maiores compositoras de forró do país, e Liane. 

Quero traduzir o meu forró, a minha maneira de ver o gênero reinventando, instigando, trazendo elementos contemporâneos, guitarras psicodélicas e a eletricidade da MPC sem perder a alma pé de serra do clássico power trio forrozeiro: zabumba, triângulo e sanfona”, explica Mariana. 

"Os temas deste projeto são muito de dentro do meu sertão, todo mundo tem o seu próprio sertão: suas tristezas, seus lamentos, suas questões. Onde quer que a gente esteja, não importa a região do Brasil e do mundo, a gente se encontra nesse sertão de dentro.", conclui Mariana. 

Veia Nordestina ressignifica esse sertão, da mulher independente que conduz na dança e na vida e para tratar as principais questões do mundo moderno, transformando a tristeza em alegria, como o forró sabe bem fazer.

O disco termina com um agradecimento ao mestre e amigo Dominguinhos com a emocionante "Para Dominguinhos", onde Mariana colocou em música tudo aquilo que queria dizer para ele mas não conseguiu em vida. Um sertão inundado de saudade e gratidão. A elegante sanfona de Mestrinho dá o tom de despedida do disco.

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