Pesquisa da Embrapa descobre que o Juazeiro pode amenizar os impactos da seca

A seca tem afetado o estado de Pernambuco. Dos 185 municípios, 118 estão em situação de emergência. Em menos de seis meses, quatro reservatórios entraram em colapso no Sertão de Pernambuco. Um deles é o de Pau ferro, em Petrolina que ficou totalmente seco.

"Eu me sinto triste, porque está vazio e quando ele estava cheio era muito bom. Geralmente eu vinha para cá com meus animais, às vezes assim, para eles pastarem, porque meus animais são poucos, passavam os dias embaixo do juazeiro, olhando os pescadores, cheios de tarrafa. Era bom, era bom e era bonito e era alegre. Hoje tá triste porque tá nessa situação", descreveu o aposentado José Evilásio Ferreira.

A falta de chuva e de água nos açudes tem prejudicado a agricultura. "A seca aqui está muito avançada, não tem capacidade da gente plantar, a gente fez planta esse ano, mas a chuva foi pouca, não veio chuva para cá esse ano, então quem plantou perdeu tudo aqui nessa região", explicou o agricultor Reginaldo José de Amorim.

Um estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indica que a seca que atinge o Nordeste há sete anos é a mais intensa desde 1850, quando o monitoramento começou a ser feito. São mais de 100 mil municípios atingidos e mais de 20 milhões de pessoas afetadas. O estudo ainda estima mudanças climáticas na região até o final do século. Num cenário em que o acordo para diminuir as temperaturas não seja cumprido e o aquecimento global aumente em até 4 graus, a tendência é de que o Nordeste se transforme em um deserto.

Para amenizar estes efeitos, pesquisadores da Embrapa Semiárido descobriram que a árvore típica da caatinga, o juazeiro, pode ser uma aliada na diminuição dos impactos causados pela seca e para evitar a desertificação. Os estudos realizados pela Embrapa revelaram que o juazeiro tem papel fundamental na recuperação de áreas degradadas, em um trabalho com auxílio de abelhas.

"O juazeiro é uma espécie importante fornecendo néctar e pólen para as abelhas, numa época em que a caatinga tem pouca oferta. Com essa interação vai haver a frutificação, esses frutos vão servir de alimento para os passaros que, consequentemente vão dispersar as sementes, originando assim novas plantas de juazeiro, que vão então sombrear novamente e repovoar essa região. Por ser uma espécie que se mantém enfolhada ao longo do ano, ele ameniza essa situação criando um ambiente propício para germinação, inclusive, de sementes de outras espécies nativas da região", declara a Bióloga e Doutora em Caracterização de Ecossistemas da Embrapa, Lúcia Kill.

Após os resultados, mudas foram distribuídas para projetos de recuperação e recomposição da caatinga. O objetivo é fazer com que o juazeiro seja usado da melhor forma possível. "As informações geradas já estão disponíveis na forma de calendários para as abelhas, orientando a época de floração e a oferta de néctar e pólen, bem como na forma de cartilhas, orientando no plantio dessas árvores, quer seja para recuperação de áreas degradadas, quer seja no uso do paisagismo urbano. Com isso a gente espera que reabrir o papel ecológico do juazeiro seja reconhecido e que a espécie seja preservada, concluiu Lúcia.

*Fonte: Paulo Ricardo Sobral, TV Grande Rio
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