Livro Luiz Gonzaga, Baião, Forró e Seca analisa os três temas mais presentes na obra do sanfoneiro

Foi lançado no dia 2 de agosto, no Memorial de Medicina de Pernambuco, o livro Luiz Gonzaga: baião, forró e seca, do pesquisador, escritor, ator e radialista Renato Phaelante.

Este trabalho tem como objetivo mostrar a relação da poesia e da música de Luiz Gonzaga e seus parceiros com sua terra, sua gente, seus costumes e tradições, em um Nordeste às vezes sofrido, às vezes alegre, cheio de surpresas e de supertições. Mas, sobretudo, de um povo forte, apaixonado e crente na capacidade e no talento de seu povo.

Renato Phaelante se debruça sobre “o que considero o grande artista brasileiro. Luiz Gonzaga foi trabalhador da música, viveu 76 anos, deixou uma vasta obra, que refletiu e cantou a cultura do Brasil continental. Luiz Gonzaga, com vários parceiros, recriou a música nordestina, coletando de cada folguedo e de cada matriz cultural, uma pedra para construir a estrada de sua trajetória, andando por esse país, levando os vários sentimentos do povo brasileiro.


 Este livro reporta com propriedade o princípio da trajetória que os artistas brasileiros percorriam nas migrações para a antiga capital do País - Rio de Janeiro, com o nascimento da Era do Rádio”.

Até a década de 1940, muito pouco se sabia a respeito da cultura nordestina no Sul e Sudeste do país. Entre os poucos artistas a representarem a musicalidade da região diante do grande público estavam João Pernambuco e Manezinho Araújo, eleito o Rei da Embolada.

O surgimento de Luiz Gonzaga por meio de programas radiofônicos de auditório, portanto, foi um grande acontecimento. O início da trajetória do futuro Rei do Baião é relembrado pelo pesquisador e escritor pernambucano Renato Phaelante no livro Luiz Gonzaga: Baião, forró e seca, cujas páginas analisam os três temas mais recorrentes na obra do forrozeiro.

Fruto de pesquisas realizadas ao longo das mais de três décadas de atuação de Phaelante na Fundação Joaquim Nabuco, a publicação esquadrinha a relação entre as canções imortalizadas por Gonzaga com a realidade do povo nordestino, seus costumes e tradições. “Ao lado de parceiros musicais como João Silva e Onildo Almeida, ele cumpriu bem o seu objetivo, o seu sonho de levar para o resto do Brasil, para o Sul do país o valor, a importância do trejeito, do sotaque e do linguajar próprio do nordestino”, pontua.

Para Phaelante, a toada-baião Vozes da seca, de 1953, é um bom exemplo dos protestos encampados pelo Rei do Baião contra o sofrimento do povo nordestino. Diz a letra: “Seu ‘doutô’, os nordestino têm muita gratidão/ Pelo auxílio dos ‘sulista’ nessa seca do Sertão/ Mas ‘doutô’ uma esmola a um homem que é são/ Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

“Além de bem-feita, a música mostra a realidade da região, a coragem, a força e a capacidade do nordestino”, diz Renato Phaelante. Mais tarde, outras canções entoadas por Gonzaga reforçariam a temática, como Paraíba, Aquarela nordestina e A volta da Asa Branca.

Integrante da Academia de Música de Pernambuco e da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Phaelante é autor de livros como Fragmentos da história da Rádio Clube de Pernambuco, Compositores pernambucanos - Catálogo biográfico: Capiba é frevo, meu bem, Sátira e humor na história da MPB e O Recife na história da MPB.

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