MARINGÁ: FESTIVAL AFRO-BRASILEIRO NESTA SEXTA (20) TEM PARTICIPAÇÃO DO CANTOR E COMPOSITOR CHICO CESAR

 Em Maringá, Paraná, o Festival Afro-brasileiro segue com programação até sábado, 21. A organização é da Secretaria Municipal de Cultura.

O evento começou no dia 16 de novembro e o tema é “Culturas negras importam”. Devido à Covid-19, tudo ocorre pela internet. A ação é gratuita. Nesta 12ª edição, a organização tem usado termos afros para definir as atividades. As mesas/rodas são chamadas de “xirê”.

Neste sexta-feira, 20, o cantor e compositor Chico César participa. Mais informações estão no site da prefeitura. O endereço é o maringa.pr.gov.br. A semana pode ser conferida no canal no Youtube da Secretaria Municipal de Cultura de Maringá.

O festival relaciona tradição, religião, cultura de rua, política, questões sociais, entre outros. Maringá tem uma ampla atuação e atividades envolvendo questões afros. Além dos órgãos municipais de diferentes secretarias, existem iniciativas como grupos de maracatu, Gerência de Igualdade Racial da OAB, ONGs, Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, coletivos, entre outros. 

"Nossa cultura e nossa arte pressupõe engajamento político e enfrentamento a todas as violências materiais e simbólicas. Nosso trabalho é ocupar a cidade com nossos corpos e crenças. Falar quem somos e determinar um espaço para nossa existência plena", considera a historiadora, produtora cultural e batuqueira, Laís Fialho, 28 anos. 

Ela é coordenadora do Maracatu Baque Mulher Maringá e Maracatu Roda do Encanto que formam o grupo Pé de Laranjeira e o Coletivo Yalodê-Bada. 

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EP TARGINO GONDIM SEM LIMITES CONCORRE AO PRÊMIO GRAMMY LATINO DA MÚSICA NESTA QUINTA (19)

Com performances de artistas como Marc Anthony, Ricky Martin, Fito Páez, e José Luis Perales, Miami recebe nesta quinta-feira (19) os prêmios Grammy Latino, em uma cerimônia parcialmente on-line.

A premiação do Grammy Latino acontece pela primeira vez on-line e transmitido ao mundo todo. O compositor, cantor e sanfoneiro Targino Gondim foi indicado com o álbum "Targino sem limites". O prêmio avalia todas as gravações musicais em espanhol e português, que aconteceram entre junho de 2019 e maio de 2020. 

O EP TARGINO SEM LIMITES concorre na categoria melhor álbum de música de raízes em língua portuguesa e traz grandes nomes da música brasileira. "Fico muito feliz de ter estes amigos do meu lado. Cada um colocou um pouco de si, da sua verdade, o que gerou um trabalho incrível", disse Gondim. Lembrando que Targino Gondim já ganhou o Grammy Latino de melhor música com "Esperando na janela" há 19 anos, canção eternizada na voz de Gilberto Gil.

"Culpa do meu coração" é o título da música gravada com Ivete Sangalo. Com Saulo o sanfoneiro gravou "Simplesmente Assim", composta por Targino Gondim e Otoniel Gondim, seu irmão que faleceu este mês. Já com Bell Marques apresenta "As Mangas do Nosso Amor", composta por Targino e Carlinhos Brown. "Achei que a melodia é muito próxima ao balanço de Bell. Por isso o convidei e ele aceitou logo, o que me deixou muito feliz", disse.

Lá Fora Tá Chovendo é a canção gravada por Targino Gondim com participação de Zeca Baleiro. A canção foi composta por Targino, Zeca e Carlinhos Brown. Targino e Carlinhos Brown cantam juntos Até Ficar Neném, uma marchinha junina tipicamente nordestina, composta por ambos.

Targino sem limites é classificado pelo sanfoneiro como World Music. "Neste projeto, mostro meu gosto musical, meu relacionamento e parcerias com amigos queridos de estilos musicais. Mostrou a força da nossa música, da nossa sanfona, da nossa gente", destaca. Todo o EP fala de amor e traz a brasilidade do xote e do forró com muita sanfona.

O objetivo principal do Grammy Latino é reconhecer a qualidade artística e técnica, e não a vendagem ou a posição nas listas de mais executadas no rádio. Tanto os indicados quanto os ganhadores são eleitos por votos de membros qualificados da Academia. São reconhecidas gravações lançadas em qualquer lugar do mundo, com a única condição de serem gravadas em português ou espanhol. Os membros da Academia Latina estão radicados em mais de 30 países.

Sanfoneiro, cantor e compositor, é hoje um dos maiores representantes da música brasileira. Vencedor do Grammy Latino com a música "Esperando Na Janela" (Targino Gondim, Manuca Almeida e Raimundinho do Acordeon), Troféu Caymmi e Prêmio da Música Brasileira. Participou de filmes como Eu,Tu, Eles, Gonzaga de Pai Pra Filho, Viva São João e a minissérie da TV Globo Amores Roubados. Apresentou programas de TV para o Canal Futura: O Tom da Caatinga, Sou Forró, Sou São João. Lançou discos e tornou-se uma das maiores atrações das festas juninas de todo o Brasil.

Atualmente, além dos inúmeros shows de forró durante todo o ano, o artista é criador e curador de 04 importantes festivais no estado baiano: Festival Internacional da Sanfona, Festival de Forró de Itacaré, Festival de Forró da Chapada e o Conecta Chapada, além de consultorias e palestras culturais e motivacionais. Ele segue sua luta pela visibilidade do Nordeste, seu povo, e suas riquezas, conquistando o carinho do país inteiro.

A festa televisionada, na qual se entregam os principais prêmios, começa às 20h locais desta quinta-feira (22h em Brasília), após um programa de entrevistas que começa uma hora antes, devido à ausência do tapete vermelho.

 

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BAHIA: HOSPITAL REGIONAL DE JUAZEIRO É ALVO DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (19) uma operação para desarticular esquema de fraude em licitações e desvio de recursos públicos destinados ao Hospital Regional de Juazeiro (HRJ), no norte da Bahia. A ação cumpre mandados nos municípios de Salvador, Castro Alves, Guanambi e Juazeiro.

De acordo com a Polícia Federal, responsável pela Operação Metástase, que conta com o apoio da Controladoria-Geral da União, são cinco mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 16 de busca e apreensão. Entre os locais onde estão sendo cumpridos os mandados, está a sede da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Em nota, a Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE) informou que acompanha o cumprimento do mandado de busca e apreensão na sede da Sesab, de documentos relacionados ao Hospital Regional de Juazeiro e às instituições IBDAH e APMI. "A orientação é a de garantir o fiel cumprimento da decisão judicial, considerando que o Estado da Bahia é o maior interessado nos esclarecimentos dos fatos", diz a nota.

Segundo a PF, na casa de um dos alvos dos mandados, foram encontrados mais de R$ 275 mil e US$ 1.400. Não foi divulgado o endereço onde o dinheiro foi achado, entretanto a PF afirmou que foi em Salvador.

As investigações apontam que a organização criminosa investigada fraudou licitações públicas e passou a dominar a gestão de inúmeras unidades da rede estadual de saúde, sob gestão indireta, por intermédio de diferentes Organizações Sociais de Saúde (OSS). Essas organizações são controladas por um mesmo grupo empresarial, quase sempre registradas em nome de "laranjas".

A PF detalha ainda que essas instituições gestoras das unidades de saúde passaram a contratar empresas de fachada, ligadas ao mesmo grupo, de forma direcionada e com superfaturamento, por meio das quais os recursos públicos destinados à administração hospitalar eram escoados, sem que muitos dos serviços fossem efetivamente prestados ou os produtos fossem fornecidos.

A polícia identificou que parte dessas empresas são de consultoria, assessoria contábil e empresarial, comunicação social, além de escritórios de advocacia.

Durante as investigações, que tiveram início em junho deste ano, foram acompanhadas diversas situações no Hospital Regional de Juazeiro, como a falta de medicamentos, de insumos e equipamentos, atraso no pagamento de salários, dentre outras, gerando uma situação de transtorno aos pacientes. A polícia informou que a unidade de saúde passou a receber quase R$ 1 milhão a mais em razão da pandemia de Covid-19.

O nome da operação, Metástase, faz alusão à corrupção, uma espécie de câncer que atinge a nossa sociedade. (Foto: Polícia Federal)

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EMBRAPA ALERTA SOBRE SURTO DE DOENÇA COM ALTO ÍNDICE DE MORTALIDADE EM CAPRINOS E OVINOS CRIADOS NA CAATINGA

A Embrapa Semiárido (Petrolina, PE) tem registrado, nos últimos meses, a ocorrência de diversos casos de enterotoxemia em caprinos e ovinos criados em áreas de Caatinga no Vale do São Francisco. A doença é a mais importante clostridiose dessas espécies, por isso a Empresa faz um alerta aos criadores da região, visto que a enfermidade tem alto índice de mortalidade.

A doença é causada por uma toxina chamada épsilon, produzida pela bactéria Clostridium perfringens Tipo D no trato gastrintestinal dos animais, acarretando um quadro de infecção aguda.

De acordo com a médica veterinária e pesquisadora responsável pelo Laboratório de Sanidade Animal (LSA) da Embrapa Semiárido, Josir Laine Veschi, vários fatores estão associados à  ocorrência da enterotoxemia em caprinos e ovinos, tais como as mudanças bruscas na alimentação, dietas muito ricas em carboidratos, situações estressantes, ou ainda a ocorrência de diversos outros fatores, ainda não totalmente esclarecidos.

Ela explica que, nesse período de início das chuvas na região, a vegetação da Caatinga está em fase de rebrota e nascimento de novas plantas, que são muito atrativas para os animais por serem mais saborosas e nutritivas. Assim, ocorre uma mudança brusca na alimentação dos mesmos. “Desta forma, a bactéria (C. perfringens), que já estava vivendo como habitante comum do intestino dos animais, sem qualquer prejuízo, se prolifera de maneira exagerada e produz elevadas quantidades da toxina épsilon, provocando a doença.

CONTROLE: Os principais sinais da enterotoxemia são neurológicos, com desordens motoras, dificuldade para permanecer em estação e andar, cabeça e pescoço voltados para trás, movimentos de pedalagem, ranger dos dentes e pupilas dilatadas. Os animais também podem apresentar eliminação de espuma pelo nariz e boca, dor abdominal intensa e quadros de diarreia.

A enfermidade, no entanto, é de difícil diagnóstico, exigindo equipe técnica especializada, equipamentos sofisticados e técnicas laboratoriais diferenciadas. O tratamento não surte efeito, devido à intensidade e à rápida evolução do quadro clínico. Daí a importância das medidas preventivas.

De acordo com Josir Laine, o principal aspecto para a proteção do rebanho é que todos os animais recebam a vacina polivalente com elevado poder imunogênico contra as clostridioses. Ela deve conter, na sua formulação, alta concentração do toxóide épsilon, e ser utilizada seguindo esquema recomendado por veterinário.

Além disso, outras medidas também são de grande importância para diminuir o surgimento  da doença: “A introdução dos animais nas áreas de Caatinga com rebrota deve ser realizada pausadamente, os carboidratos devem ser incluídos gradativamente na alimentação, assim como o desmame e introdução dos animais jovens na pastagem devem ser realizados de maneira gradativa”, orienta a veterinária.

A pesquisadora reforça, ainda, que a doença não é contagiosa, portanto, não é transmitida de um animal doente para um sadio, nem tampouco para humanos, ou seja, não é considerada uma zoonose. Também não interfere na qualidade dos produtos (carne, leite e derivados), trazendo somente um impacto econômico para os sistemas de produção, em razão da mortalidade dos animais infectados. (Fonte: Ascom Embrapa)

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VIDAS NEGRAS IMPORTAM SERÁ TEMA DE LIVE DO PROJETO AUTOCUIDADO: UMA VISÃO HOLÍSTICA EM TEMPOS DE PANDEMIA


O projeto de extensão Autocuidado: Uma Visão Holística em Tempos de Pandemia, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), discutirá o tema “Vidas Negras Importam”. O debate acontecerá nesta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, por meio de uma live, que terá a presença de quatro debatedores convidados. A transmissão será pelo canal do projeto no YouTube, a partir das 19h.

O debate terá a participação do Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e babalorixá Ruy do Carmo Póvoas, fundador do Ilê Axé Ijexá, terreiro de candomblé de origem nagô, de nação Ijexá, e também fundador do Laboratório de Redação e do Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais ─ Kàwé, da UESC.

Psicólogo Irapoan Nogueira Filho, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e membro da Associação Brasileira de Psicologia Social, da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, e da Articulação Nacional de Psicólogas e Psicólogos Negros; do historiador Nilton de Almeida Araújo, professor da Univasf e coordenador do Núcleo de Estudos Étnicos e Afro-Brasileiros Abdias Nascimento-Ruth de Souza (Neafrar) e do Observatório de Estudos em Educação, Trabalho e Cultura (ETC); e da psicóloga Jeane Saskya Campos Tavares, docente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH-CFP) e membro colaborativo do GT de saúde da população negra, da Sociedade Brasileira de Medicina de família e Comunidade (SBMFC).

A live contará com a mediação da coordenadora do projeto Autocuidado: Uma Visão Holística em Tempos de Pandemia, Dôra Paixão, que é servidora Técnica-Administrativa em Educação (TAE) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR) da Univasf. A discussão dessa temática no mês de novembro, dedicado à luta contra o racismo no Brasil, visa, de acordo com Dôra, combater as estruturas racistas existentes na sociedade.

“O projeto foi elaborado com a intenção de contribuir com o autocuidado em suas diversas vertentes, inclusive visando trabalhar questões ligadas ao racismo, e sempre procuramos ter diversidade de gênero e raça nas lives. Nesta edição, vamos pautar nosso diálogo alertando que precisamos ser antirracistas, combatendo esse sistema escravagista estrutural e institucional”, destaca a coordenadora. Ela ressalta que essa discussão torna-se ainda mais pertinente e urgente no momento em que o mundo constata o impacto do coronavírus na população negra. “Vidas Negras Importam! Todas as vidas importam! Desde que esse modelo eugênico e eurocêntrico seja combatido por todas as pessoas independentemente de classe social, raça ou gênero”, conclui Dôra.

Com uma equipe multiprofissional, formada por profissionais de Juazeiro (BA), Petrolina (PE), Natal (RN), Senhor do Bonfim (BA), São Raimundo Nonato (PI) e São Paulo (SP), o projeto Autocuidado: Uma Visão Holística em Tempos de Pandemia realiza lives mensalmente, com a participação de convidados das mais diversas áreas. A primeira live aconteceu em agosto e, desde então, já foram discutidas várias temáticas, entre as quais “Terapias Sistêmicas, Somatizações e Cuidados”, “Um Novo Normal – Como Assim?” e “Espiritualidade”. Mais informações sobre o projeto e as lives já realizadas estão disponíveis no YouTube e no Instagram.


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"O RIO SÃO FRANCISCO QUE DÁ A VIDA ESTÁ SENDO MORTO POR MAIS UMA BARRAGEM", DENUNCIAM MOVIMENTOS QUE FAZEM VIVER O VELHO CHICO

Os povos do São Francisco denunciam a construção de mais uma barragem no rio São Francisco, sob o falso argumento de que o empreendimento trará desenvolvimento para a região, geração de empregos e estabilidade econômica. 

O projeto é insustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental, e também incapaz de beneficiar a comunidade local como vem sendo idealizado. Razões que levaram os povos tradicionais, quilombolas, indígenas, comunidades pesqueiras, vazanteiras, geraizeiras, que vivem e preservam o Velho Chico, junto com 60 entidades tornarem público uma nota para denunciar a construção da Usina Hidrelétrica do Formoso, em Minas Gerais.

O documento publicado, destaca “o autoritarismo e as manobras para acelerar o processo de licenciamento ambiental marcam a tentativa de implantar o projeto”. Segundo os povos, as informações apresentadas pela empresa ao IBAMA, para adquirir o licenciamento ambiental, não condizem com as reais condições ambientais da região, da bacia do rio e também, afirmam não terem sido realizadas as consultas a nenhum setor da sociedade.

“No momento em que o Brasil se preocupa com a pandemia, tentam instalar em nosso amado Rio, que é vital à existência de nossa gente”

Outro alerta diz respeito ao fato de somente na área de impacto declarada pela empresa, existirem mais de 60 sítios arqueológicos registrados, inúmeros cursos d’água, bens patrimoniais tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), áreas de Preservação Permanente, regiões de várzea, veredas, remanescentes de mata atlântica, espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção, consta a nota.

Os povos que vivem e fazem viver o Velho Chico, têm muita clareza de que com a construção da hidrelétrica aumentará a violência e exploração sexual, pressão sobre os serviços públicos, elevação do custo de vida e outros estorvos, para a população restará os problemas sócio-ambientais e empobrecimento. (*Fonte: CIMI *Foto: João Zinclar)

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RIO SÃO FRANCISCO: POVOS INDÍGENAS SE MOBILIZAM CONTRA A CONSTRUÇÃO DE USINA

 “Nós, Tuxá, conquistamos recentemente nosso território, com a ajuda dos Encantados. Os povos são as pessoas que estão ali convivendo com o Cerrado, que conhecem a realidade e agora querem retirar novamente a nossa terra”, diz a cacique Anália Tuxá. Ela e seu povo, formado por aproximadamente 420 indígenas, serão retirados de seus territórios, caso o projeto da Usina Hidrelétrica (UHE) Formoso seja aprovado.

O projeto foi ressuscitado pelo decreto do presidente Jair Bolsonaro e prevê a inundação de nada menos do que seis mil hectares de Cerrado nativo, numa área equivalente a mais de 30 mil campos de futebol. A UHE Formoso terá capacidade de gerar 306 MW de potência com três turbinas.

Os indígenas Tuxá estão há 65 anos na região de Pirapora, município vizinho a Buritizeiro, na região do Alto Rio São Francisco. No entanto, há cinco anos, parte da comunidade indígena Tuxá, da aldeia Tuxá Setor Bragagá, se encontra em uma ocupação na fazenda Santo Antônio, no distrito da Cachoeira da Manteiga, município de Buritizeiro (MG), próximo à confluência do rio Paracatu com o Rio São Francisco, região que será inundada pela construção da UHE Formoso.

A cacique Anália Tuxá, da aldeia de Buritizeiro, e seu povo, são contra a construção do empreendimento na região. “Temos fé que a UHE Formoso não será construída na região de Pirapora, afetando o nosso território. Nós temos a nossa tradição espiritual, religiosa, a nossa forma de plantar e de viver no território. Vivemos de uma maneira sustentável e para tudo isso precisamos do nosso território e do Rio São Francisco”.

Anália Tuxá reivindica que as comunidades atingidas pela barragem sejam ouvidas. “A importância do Rio São Francisco é enorme. A água é sagrada para nosso povo”, disse ela, completando que, se o projeto se concretizar, haverá grande destruição de flora e fauna locais e da cultura dos povos tradicionais.

Ao relembrar a antiga terra à qual o seu povo pertencia, Anália recorda com carinho e pesar, de um tempo que parece distante. “A minha maior lembrança é dos momentos que podíamos ser livres na ilha. “O território do qual ela se recorda com boas lembranças ficava na Ilha da Viúva, na Bahia, às margens do Rio São Francisco. No entanto, foi submerso pela construção da hidrelétrica de Itaparica.

Após a inundação, seu povo se dividiu em seis territórios, tendo o maior fluxo de migração para outras cidades da Bahia. Outras pessoas do grupo se encontram em Alagoas, Pernambuco e em Minas Gerais. De acordo com o último dado de 2014 do Siasi/Sesai, existem mais de 1700 integrantes do núcleo espalhados por várias regiões.

Guerreira e resistente são palavras que definem muito bem a cacique. “Nosso povo é um dos que sofreu a maior agressão, que é não ter seu território tradicional. Eu acredito, pela força dos Encantados, que nosso Pai Celestial é quem nos deu esta terra e que ninguém conseguirá nos tirar novamente”, diz Anália Tuxá.

A maior população indígena de Minas Gerais, os Xakriabá, uma das dez maiores do país, também tem seu território ameaçado pela construção da UHE Formoso. A reserva tem 35 aldeias, sendo as mais distantes a cerca de 80 km do centro de São João das Missões (MG), no Vale do Peruaçu, percorridos por estrada de chão.

“Fomos os primeiros habitantes do Brasil, mas a ameaça ao nosso povo continua do mesmo jeito. A gente pede aos governantes que respeitem o nosso direito ao território e à nossa cultura. Queremos uma justiça social verdadeira. Eu vejo que hoje o dinheiro é uma tragédia para quem não tem coração. Não vamos parar de lutar, mas vamos na paz, pela união e tradição”, garante o pagé Vicente Xakriabá.

Os Xakriabá resistem naquelas terras há milhares de anos. Eles nunca descontinuaram a ocupação territorial e existe histórico desse povo há 3 mil anos na região de São João das Missões, um vínculo indissolúvel com a terra que os define.

Na terra indígena Xakriabá, a luta ainda é pelo pleno acesso ao território tradicional. O retorno às margens do São Francisco, de onde eles se originam, é uma bandeira antiga e resistente nas vozes de todos que integram as aldeias. O líder Xacriabá, Hilário lembra que o território é requisito essencial para a preservação da cultura, principalmente para as gerações mais novas. 

“Mesmo que eu não seja mais jovem, eu me sinto criança por dentro quando falo desse entusiasmo de lutar. O impacto cultural será enorme caso tenhamos que deixar o nosso território”. (*Texto: Luiza Baggio *Fotos: Arquivo pessoal da cacique Anália Tuxá) 

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