FORRÓ NA FEIRA: PRÉVIAS DA FESTA DE MARÇO REALIZADAS EM BODOCÓ JÁ MOVIMENTAM A CULTURA E TURISMO

A tradicional Festa de Março, realizada em Bodocó, no Sertão de Pernambuco, este ano vai homenagear a Feira Livre da cidade. De acordo com a prefeitura, o evento vai acontecer entre os dias 20 e 22 de março, no Pátio de eventos.

A feira livre é um patrimônio centenário, que faz parte da história cultural de Bodocó. Segundo o secretário Renato Locio, a cenografia será inspirada na “Rua da Farinha”, na “Rua da Fruta”, no doce de leite e queijo, que fazem de Bodocó uma referência na gastronomia brasileira, através destes produtos. O tema a festa, ‘Feira de Março’, também foi inspirado no livro Feira Livre de Bodocó: Memória, Africanidades e Educação, da bodocoense e professora doutora, Alexsandra de Oliveira. 

Para aquecer o evento duas prévias estão programadas para acontecer com a realização do Forró na Feira. A primeira prévia aconteceu na segunda-feira (02), na rua da “Feira da Fruta”. O segundo Forró na Feira será na segunda-feira 16. De acordo com o secretário de Cultura, Renato Lócio, a ideia é movimentar a feira e fazer um “aquecimento” para a Festa de Março.

"O Forró na Feira além de homenagear a feira, tema da festa, faz um resgate e também homenageia o antigo projeto Forró Solidário, desenvolvido pelos jovens bodocoenses Tatiana Alencar, Guilherme Lócio, Brito Júnior e Pedro Henrique (in memorian)", finalizou o secretário.


Cada arte emociona o ser humano de maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

Bodocó é uma palavra que possui uma das mais belas sonoridades da literatura. "Nas quebradas caem as folhas fazendo a decoração. Chora o vento quando passa nas galhas do aveloz. Chora o sapo sem lagoa todos em uma só voz. Chora toda a natureza na esperança, na incerteza de Jesus olhar pra nós...Nos cafundó de Bodocó, de Bodocó, de Bodocó. Nos cafundó de Bodocó, de Bodocó, de Bodocó... Nas caatingas do meu chão se esconde a sorte cega/Não se vê e nem se pega por acaso ou precisão/ Mas eu sei que ela existe pois foi velha companheira do famoso Lampião".


Os versos acima é um exemplo do quanto o município está presente no cancioneiro da música brasileira. Os versos é interpretado por Luiz Gonzaga e o compositor é Jurandy da Feira. Nos Cafundó de Bodocó.

A cidade é ainda mencionada na canção "Coroné Antônio Bento", que integra o primeiro LP de Tim Maia, de 1970. A música conta a história do casamento da filha de um "coronel", que dispensa o sanfoneiro e chama um músico do Rio de Janeiro para animar a festa. A canção é de autoria de Luis Wanderley e João do Vale.


A cidade também consta na música Pau de Arara (Guio de Moraes)..."Quando eu vim do sertão, seu moço, do meu Bodocó, a malota era um saco e o cadeado era um nó, só trazia a coragem e a cara, viajando num pau de arara, eu penei, mas aqui cheguei".


Conhecer Bodocó é compreender que existe palavras que são portas/janelas que servem para revelar mundos e situações. Bodocó revela uma festa no mês de março, mês da fartura e dos forrós mais quentes e buliçosos.

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ALEPE APROVA PROJETO DE LEI QUE DECLARA PAULO FREIRE PATRONO DA EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO

A Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou, em primeira e segunda votações, o projeto de lei (PL) que declara o educador Paulo Freire patrono da educação pernambucana. De acordo com publicação no Diário Oficial desta terça-feira (3), o projeto passa por redação final e, em seguida, deve ser encaminhado para sanção do poder Executivo.

De autoria do deputado Paulo Dutra (PSB), o PL aponta, na justificativa, que Freire foi homenageado com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da América e da Europa e também cita a lei nº 12.612/2012, que declara o educador como patrono da educação brasileira.

Nascido em 19 de setembro de 1921, no Recife, Paulo Reglus Neves Freire desenvolveu um método de alfabetização no início dos anos 1960 no Nordeste. Na época, na região, havia um grande número de trabalhadores rurais analfabetos e sem acesso à escola. Com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi preso e exilado, e seu trabalho interrompido.

O método Paulo Freire é dividido em três etapas. Na etapa de Investigação, aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia. Na segunda etapa, de tematização, eles codificam e decodificam esses temas, buscando o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido (veja vídeo acima).

No final, há a etapa de problematização, em que aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido.

Preso em 1964 pela ditadura militar, exilou-se no Chile, onde escreveu sua obra mais conhecida: Pedagogia do Oprimido. Em 2016, essa foi a única obra brasileira a aparecer na lista dos 100 títulos mais pedidos pelas universidades de língua inglesa consideradas pelo projeto Open Syllabus. O educador faleceu em 1997.
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SALÃO UNIVERSITÁRIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO SESC SERÁ ABERTO NA QUARTA (4) EM PETROLINA

Será aberta a partir de quarta-feira (4), a décima primeira edição do Salão Universitário de Arte Contemporânea do Sesc – Unico, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Uma vernissage será realizada na quarta-feira (4), às 19h, na Galeria de Artes Ana das Carrancas, no Sesc Petrolina. A mostra, cujo tema é “Estratégias para o contorno”, exibe dez trabalhos de estudantes de graduação de instituições públicas e privadas do estado.

Os trabalhos do salão são de autoria de Ana Flávia Mendonça, Caetano Costa, Coletivo Saída de Emergência, Felipe Correia, Humberto Botão, Luiz Marcelo Gomes, Mangueio Coletivo, Marcos Haas, Narciso Mendes e Rayellen Carolina.

A visitação é gratuita e segue até o dia 9 de maio, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 16h às 20h, na Galeria de Artes Ana das Carrancas, no Sesc Petrolina. (Fonte: Fabiano Barros)

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JORNAL THE GUARDIAN QUESTIONA PARCERIAS DE REINTRODUÇÃO DA ARARINHA AZUL Á CAATINGA

Durante seis meses os jornalistas Lisa Cox, em Melbourne, na Austrália, e Philip Oltermann, em Berlim, na Alemanha, estiveram envolvidos em uma reportagem investigativa para o jornal britânico The Guardian, um dos mais respeitados do mundo.

A redação da redeGN/Blog Geraldo José teve acesso ao Jornal Inglês. O texto assinado pela jornalista faz uma denúncia seríssima que envolve o Brasil: a Association for the Conservation of Threatened Parrots, uma das responsáveis pela repatriação de 50 ararinhas-azuis que serão trazidas ao Brasil e reintroduzidas na natureza.

Com o título de “A legitimate zoo? How an obscure German group cornered global trade in endangered parrots ” (Um zoológico legítimo? Como um obscuro grupo alemão encurralou o comércio mundial de papagaios ameaçados, na tradução para o português), os jornalistas descrevem que a Associação para a Conservação dos Papagaios Ameaçados, possui uma das maiores coleções particulares de psitacídeos em risco de extinção do mundo. Estão nas mãos de Guth, nada menos do que 90% da população de ararinhas-azuis ainda existentes no planeta. A associação afirma ter como missão “a reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas para a segurança de suas populações”.

A apuração realizada pelos jornalistas do The Guardian revela que Guth ficou cinco anos na prisão por sequestro e extorsão e passou outros 20 meses na cadeia, por extorsão, novamente, em 2009. A associação administrada por ele tem uma licença do governo alemão para operar como um zoológico, todavia, não é aberta ao público. 

Os jornalistas afirmam que o trabalho da associação já foi questionado por cientistas, conservacionistas e outros criadores e que, o governo da Alemanha tem conhecimento disso e também, de mensagens nas redes sociais que indicariam que aves australianas, supostamente importadas por Guth, estariam sendo vendidas por milhares de dólares.

A equipe do The Guardian ressalta, entretanto, que em momento nenhum questiona a maneira como os animais são tratados no local. E que a ONG tem a permissão da Agência Federal de Conservação da Natureza para importar aves.

Não é só o governo brasileiro que fez uma parceria com a associação, mas também Austrália e as ilhas caribenhas de Dominica, Santa Lúcia e São Vicente. Estes últimos exportaram papagaios e araras para a instituição de “conservação”.

De uma coleção particular do Qatar, pertencente a um sheik da família real, a ONG alemã adquiriu ararinhas-azuis. Da Austrália, saíram mais de 200 aves raras e ameaçadas de extinção com destino a Tasdorf. A concessão dos animais foi feita para que eles fossem expostos, mas como dito mais acima, a associação não é aberta ao público.

A organização alemã afirma que tem outras cinco sedes. Uma delas, na Holanda, é administrada por um colecionador de aves, que em 2015, foi considerado culpado pela compra de aves silvestes ilegais.

Procurado pelo jornal britânico, Martin Guth negou todas as acusações. Alegou que os jornalistas estão inventando histórias e perseguindo a associação, além de que, garantiu que “é extremamente cuidadoso ao seguir todas as regras e legislações determinadas tanto pelas autoridades alemãs, quanto àquelas de outros países com que lida”.

O Conexão Planeta, em reportagem assinada pela jornalista Suzana Camargo entrou em contato, por e-mail e telefone, com a assessoria de imprensa do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade,  ICMBio, órgão do ministério do Meio Ambiente responsável pelo programa de conservação da ararinha-azul, para ter uma posição sobre a denúncia. Também perguntamos ao ICMBio se o governo brasileiro pagou pela vinda das aves e qual teria sido esse valor.

Nota da assessoria de Comunicação Social do ministério do Meio Ambiente:

“A matéria não trata do programa da ararinha-azul e portanto não temos elementos para nos manifestarmos. O governo do Brasil a partir de consultas e reuniões com as autoridades alemãs e autoridades de outros países tem trabalhado em parceria com os mantenedores de ararinha-azul para sua reintrodução. No que se refere à instituição ACTP, a Autoridade Administrativa CITES da Alemanha foi consultada à época e deu seu aval. O ministério também respondeu sobre a questão do pagamento ou não do Brasil à associação alemã. Segundo a assessoria de comunicação, o governo não está pagando nada pela vinda das ararinhas-azuis ao país.(FonteThe Guardian)
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RIO SÃO FRANCISCO: VOLUME ÚTIL DA BARRAGEM DE SOBRADINHO DEVE ULTRAPASSAR 50% NESTA TERÇA 3

As comportas da Usina Hidrelétrica de Três Marias, localizada em Minas Gerais, foram abertas. Atualmente, o reservatório apresenta um armazenamento de quase 90%, porém segundo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a represa tem capacidade de “segurar” vazões muito superiores às que está liberando. Evitando assim, eventos críticos para as populações do Rio São Francisco.

As chuvas que caíram durante janeiro e fevereiro beneficiam o Rio São Francisco, de Minas à Bahia e já permitem uma segurança hídrica para os próximos meses. A redação da redeGN/Blog Geraldo José teve acesso ao relatório onde consta que a barragem de Sobradinho tem a expectativa de nesta terça-feira 3, superar 50% do volume útil.
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MONITOR DE SECAS APONTA REDUÇÃO DAS ÁREAS COM SECA EM FUNÇÃO DAS ÚLTIMAS CHUVAS

Em janeiro deste ano aconteceram chuvas acima da média histórica em Minas Gerais, Espírito Santo, Tocantins, Maranhão, leste e sul do Piauí, centro-oeste da Bahia e extremo norte do Ceará com precipitações acumuladas entre 250mm e 300mm. No centro-sul de Minas e no nordeste do Maranhão, as chuvas ultrapassaram os 400mm em janeiro. Com isso, o Monitor de Secas registrou uma redução das áreas com seca sobretudo no Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais. 

No histórico de janeiro as chuvas acumuladas atingem mais de 250mm, enquanto em Minas Gerais os acumulados podem passar de 300mm em algumas áreas e menos do que isso na divisa com a Bahia. Historicamente a chuva de janeiro no Espírito Santo não ultrapassa os 200mm. Já para os estados do Nordeste, os acumulados de chuva esperados para o mês são inferiores a 100mm em sua maioria, exceto para todo o Maranhão e o extremo oeste dos estados do Piauí e Bahia.  Já o litoral norte e o Cariri no Ceará, juntamente com o sertão da Paraíba, apresentam médias históricas superiores a 100mm em janeiro. 

Disponível em monitordesecas.ana.gov.br, o Monitor de Secas tem uma presença cada vez mais nacional, abrangendo os nove estados do Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins. Os próximos estados a se juntarem ao Monitor serão Goiás e Rio de Janeiro, que já estão em fase de testes e treinamento de pessoal. Esta ferramenta realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores de seca e nos impactos causados pelo fenômeno em curto e/ou longo prazos. O Monitor vem sendo utilizado para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca. 

A Bahia apresentou um nítido padrão de ocorrência das chuvas, com os maiores volumes precipitados na metade oeste, variando entre 150 e 400mm. Os menores valores foram registrados na metade leste, predominantemente inferiores a 150mm. De uma forma geral, as chuvas foram mais volumosas que o esperado historicamente. Anomalias negativas foram observadas em parte do leste baiano. Com base na análise dos indicadores de curto e longo prazo, aumentaram-se as áreas de seca moderada no extremo sul. 

Por outro lado, diminuíram as áreas sob seca grave no alto São Francisco (próximo à divisa com Minas Gerais) e sob seca extrema no norte da Bahia. Com as chuvas acima da média em janeiro, a área sem seca aumentou em parte do Recôncavo baiano. Continuam presentes no estado os impactos de curto, longo e curto e longo prazos. 

Pernambuco apresentou uma grande variabilidade pluviométrica em janeiro, com variação de aproximadamente 20mm no litoral a 250mm no sertão pernambucano. Os maiores desvios negativos da média histórica foram observados no litoral. Assim como ocorreu na Paraíba, de acordo com os indicadores de curto prazo, houve um avanço das áreas sob seca grave e moderada no leste do estado, sobrepondo a área de seca fraca existente em dezembro de 2019. No sertão pernambucano, com o período chuvoso, houve um recuo da seca grave que abrange o Sertão do Araripe, Central e Pajeú, além da redução da seca extrema no Sertão de São Francisco. Os impactos continuam de curto prazo no extremo leste, e de curto e longo prazos no restante de Pernambuco. (Fonte: Agência Nacional de Aguas)

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MORADORES DE CURAÇÁ REVELAM O SENTIMENTO DE IDENTIDADE CULTURAL E VALORIZAÇÃO DA ARARINHA AZUL

As ararinhas-azuis são consideradas quase extintas na natureza desde o ano 2000, devido às ações de caçadores e traficantes de animais. “Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". 

A reflexão do escritor Guimarães Rosa provoca o sentimento dos moradores de Curaçá, Bahia. Explica-se: a Ararinha Azul nesta terça-feira 3 de março de 2020, retorna à caatinga. O repatriamento das aves identifica uma longa travessia e faz parte de um acordo de Cooperação Técnica entre o Insituito Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP). 

São cinquenta aves vindas da Alemanha. Rara, a espécie vai viver temporariamente em duas unidades de conservação: o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul (com 29,2 mil hectares) e a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-azul (com 90,6 mil hectares), destinadas à reintrodução e proteção da espécie, e conservação do bioma da caatinga.

O sentimento de identidade e pertencimento ganha as ruas  e esquinas, teatro e salas de aula, margem do Rio São Francisco e bares, em Curaçá. O artista conhecido por Pardal mostra o seu talento retratando nas paredes a pintura da Ararinha Azul.  Um carro de som entoa os versos da canção Esperança Azul, dos poetas e compositores Fernadinho Ferreira, Demis Santana e Januário Ferreira.

"O meu desejo é te ver voando/O meu desejo é te ver voltar/Minha esperança é te ver voando/Da Serra da Borracha até a Serra do Juá... O semiárido está por ti em festa/O xique-xique sorri pro mandacaru/A sua volta é cada vez mais perto/seja bem-vinda ararinha-azul”.

Fernandinho Ferreira e Demis Santana, sempre juntos, durante toda esta travessia, desde que a última Ararinha Azul desapareceu dos sertões, são um dos principais responsáveis pela valorização e identidade da ave, para que ela não fosse esquecida, principalmente pelas novas gerações. 

Para os dois mestres a expectativa agora com o retorno da Ararinha Azul é provocar a união de todos e desenvolver políticas públicas associadas ao projeto Ararinha na Natureza que impactem de forma positiva no habitat das aves e contribua para a inclusão social e econômica das comunidades locais.

A estudante Ana Clara, 9 anos diz que assistiu filmes, palestras e agora vai viver um novo desafio. "Importante agora é manter viva as Ararinhas Azuis e continuar valorizando mais ainda. Para eu amar a Ararinha Azul foi essencial as amostras na sala de aula.", avalia Ana Clara.

O Professor Demis Santana confirma a reportagem do Blog Ney Vital redeGN/Blog Geraldo José essa disposição. “O retorno da Ararinha Azul representa o renascimento ambiental e cultural. Não é só os mais velhos, os adultos. Os jovens e adolescentes, que nunca viram uma ararinha-azul na vida, também começam a adquirir essa consciência do renascimento de nossa identidade".

Nos últimos anos, Demis Santana e Fernadinho viraram uma das vozes comunitárias mais ativas em defesa dos projetos que levam teatro, música e dança nas salas de aula, praças e ruas de Curaçá e região.

“Acreditamos no envolvimento de toda a comunidade. Há muita gente envolvida neste tema. Governos, empresas, ONGs, pesquisadores. Mas, depois que as aves forem soltas, os maiores parceiros serão os moradores. São eles que vão se tornar os guardiães das ararinhas”, ensina o professor.

Fernandinho Ferreira usa as linguagens e violão para unir os bons sentimentos, palavras e ações em torno da Ararinha Azul. Nascido em Barbalha, Ceará, vive há 25 anos no sertão. Ele é um dos criadores de oficinas de educação ambiental, leitura, dança e teatro com o objetivo de compartilhar conhecimento com as crianças e adolescentes.

O comerciante Ananias Mendes, 80 anos, afirma que "eles, Fernandinho e Demis são a força que movimenta a cultura de Curaçá e que o retorno da Ararinha Azul vai incrementar um novo paradigma ao município".

O músico, geólogo e empresário Luiz do Humaytá, gaúcho e que possui o título de Cidadão de Curaçá, aponta também que o retorno da Ararinha Azul representa uma nova chance que a natureza dá ao homem, para aprender a valorizar e respeitar o patrimônio cultural que vai ajudar a Curaçá criar novas oportunidade de emprego e geração de renda.

Pesquisadores apontam que atualmente, existem em torno de 150 exemplares da Ararinha Azul espécie em cativeiros no Brasil e exterior. Daí a importância do retorno da Ararinha Azul, aos céus de Curaçá.

Com sotaque carregado, o vaqueiro Adonário Martins Leite, 72 anos, ano passado assistiu a um evento no Sítio Melancia. Adonário é um dos moradores da região que conviveram com a ararinha-azul voando livre nos céus e entre as matas secas da Caatinga.

“Elas voavam em bando. Eram uma beleza só. Naquela época, não sabíamos o valor que elas tinham. Aos poucos, foram sumindo, por causa dos caçadores, até desaparecerem". Apaixonado pela Caatinga o vaqueiro com voz firme e gestos expressivos, ele garante que, com o retorno da ararinha à natureza, a história será outra. “Não vai ter caçador nenhum nessas matas. Se aparecer, a gente vai botar pra correr”, avisa Adonário, expressando um sentimento que invade corações e mentes de moradores da região.

“Sinto um sentimento que vem da nossa alma. Vivi e agora vou assistir o retorno da Ararinha Azul para Curaçá". A frase é da professora Maria Berenice, 56 anos. Ela conta que seus parentes na maioria vivem na Fazenda Melancia. "Tudo que é bonito emociona. E quando se trata da Ararinha Azul é vai voar na nossa caatinga, seu lugar natural e isto é maior ainda, emociona a alma"., finalizou 

Depois de um período de adaptação em viveiro, as Ararinhas Azuis serão, enfim, soltas na natureza, concretizando um sonho acalentado há anos pelos integrantes do Projeto de Reintrodução da Ararinha-Azul, coordenado pelo ICMBio e executado com a ajuda de parceiros do Brasil e do exterior.

“O retorno da Ararinha Azul é um feito inédito e importante para biodiversidade brasileira. Natureza e homens ganham. Temos todos que cuidar da melhor forma”. Destaca Roberto Aquino, engenheiro agrônomo, consultor e especialista em qualidade e segurança alimentar do Sebrae.

ARARINHA AZUL: Descoberta no início do século 19 pelo naturalista alemão Johann Baptist von Spix, e exclusiva da Caatinga brasileira, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) teve sua população dizimada pela captura e tráfico de animais silvestres. O último exemplar conhecido na natureza desapareceu em outubro de 2000, e até hoje não se sabe se morreu ou foi capturado por alguém. 

Desde então, os poucos exemplares que restaram em coleções particulares vêm sendo usados para reproduzir a espécie em cativeiro. Quase todos no exterior. A ararinha é endêmica da Caatinga e considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo. Em 2000, a espécie é classificada como Criticamente em Perigo (CR) possivelmente Extinta na Natureza (EW), restando apenas indivíduos em cativeiro.

O ICMBio publicou em 2012 o Plano de Ação Nacional a Conservação da Ararinha-azul (PAN Ararinha-azul), cujos objetivos são o aumento da população manejada em cativeiro e a recuperação do habitat de ocorrência histórica da espécie, visando à sua reintrodução na natureza. 

Coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio), o PAN Ararinha-azul teve como desdobramento a criação do Projeto Ararinha na Natureza, iniciativa que conta com a parceria da Vale e de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), além de mantenedores da ararinha-azul dentro e fora do país, que trabalham para viabilizar a reprodução da espécie: a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), na Alemanha; a Al-Wabra Wildlife Preservation, no Catar; os criadouros Fazenda Cachoeira, Nest e a Fundação Lymington, no Brasil.
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