Ney Vital sacode o forró com bom jornalismo na Emissora Rural

O rádio continua sendo o principal veículo de comunicação do Brasil. Aliado a rede de computadores está cada vez mais forte e potente.

Na rádio Emissora Rural, Petrolina, Pernambuco, o jornalista Ney Vital apresenta o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, todos os domingos,  a partir das 7hs da manhã.

O programa é transmitido também via internet www.am730.com.br e segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. "É a forma. O roteiro concreto para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga e seus seguidores", explica Ney Vital. 

O programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba. "Em agosto de 1989 Luiz Gonzaga, o  Rei do Baião fez a passagem, partiu para o sertão da eternidade e então, naquela oportunidade, o hoje professor doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano fez o convite para participar de um programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate". 

O programa desse pesquisador e jornalista é o encontro da família brasileira. Ney Vital não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com o povo a não ser na lembrança. Ao contrário, seu programa evoluiu para a forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar e sertões  de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora de nosso povo. 

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio do povo brasileiro.

Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe."Existe uma desordem , inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio", avalia Ney Vital que recebeu o titulo Amigo Gonzaguiano Orgulho de Caruaru recentemente em evento realizado no Espaço Cultural Asa Branca. e o Troféu Viva Dominguinhos em Garanhuns.

Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 29 anos atuando no rádio e tv. Nas filiadas do Globo TV Grande Rio e São Francisco foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco.

Formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela UNEB/Universidade Federal do Rio Grande do Norte faz do programa um dos primeiros colocados na audiência do Vale do São Francisco, segundo as pesquisas.

O Programa Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança em nosso povo — experimentada por quem o sintoniza, dos confins do Nordeste aos nossos pampas, do Atlântico capixaba ao noroeste mato-grossense.

Ney Vital usa a memória ativa e a improvisação feita de informalidade marcando o estilo dos diálogos e entrevistas do programa. Tudo é profundo. Puro sentimento.O programa Flui como uma inteligência relâmpago, certeira e  hospitaleira.

"O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximo das pessoas, através desse mundo mágico e transformador que é a sintonia via rádio", finalizou Ney Vital.

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Polícia Rodoviária Federal inicia hoje Operação Ano Novo

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciou a Operação Ano Novo. O objetivo é prevenir e reduzir a ocorrência de acidentes graves, aumentar a segurança e intensificar as ações de combate ao crime durante o período de maior movimentação nas rodovias, que segue até as 23h59 da próxima terça-feira (1º).

Haverá ainda reforço no policiamento e as equipes de plantão serão posicionadas em horários e locais de maior incidência de acidentes para garantir a segurança e a fluidez no trânsito. Seguem as dicas divulgadas pela PRF para uma viagem segura:

- Planeje sua viagem. Conheça as distâncias, os pontos de parada, se informe sobre os postos de combustíveis e restaurantes à beira da estrada.
- Viaje descansado.
- Faça revisão no seu veículo. O check-up do automóvel é fundamental, mesmo quando as distâncias percorridas são pequenas. Mantenha os faróis acesos para ver e ser visto; pneus calibrados e em bom estado; verifique as condições do limpador de para-brisas.
- Observe as placas que indicam o limite de velocidade e as condições de ultrapassagem. Respeite a sinalização e as normas do Código de Trânsito Brasileiro.
- Informe-se sobre a previsão do tempo nos lugares por onde vai passar.
- Se surgir algum problema durante a viagem, ligue para a PRF por meio do 191.

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Lampião, a personalidade de um mito, 80 anos depois

Personagem que existiu por apenas quatro décadas, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, foi, continua e sempre será alguém sinônimo de polêmicas, analisadas a partir de vários ângulos.

Sua biografia está em mais de uma centena de livros, dezenas de filmes, cordéis, artigos científicos e se revela como um tema que não se esgota, 80 anos após o seu falecimento.

Reunindo autores e pesquisadores em suas diversas opiniões e narrativas - várias divergentes - é possível traçar um esboço de sua complexa personalidade. Tomando como ponto de partida o ano de 1915 no sítio Passagem das Pedras, pertencente a cidade de Serra Talhada, vemos um jovem inquieto, liderando os irmãos, ensaiando autonomia em relação a pacificidade do seu pai...e sedento de justiça, que se não veio do Estado, ele mesmo tomou as rédeas e comprou a briga com os vizinhos, Saturninos.

Não detalharei as suas peripécias em 16 anos como líder do cangaço - existe farta literatura para isso - mas provoco a análise de sua controversa personalidade.

Características como coragem e inteligência o tornaram um estrategista que liderou por anos a fio grupos de bandoleiros sobrevivendo nas caatingas, ambiente inóspito, carente de água e alimentos; foi a sua decisão que mudou o ângulo machista da época em 180 graus e permitiu as mulheres no cangaço, a partir de 1930, com o enlace matrimonial de Maria Gomes de Oliveira, denominada de “a rainha do cangaço”.

Nas incertezas da vida bandoleira, fica de lado o machismo, quando ele assume um relacionamento com uma jovem que já não era mais virgem. E torna-se pai, registrando sua prole com seu sobrenome. Imagino a cena do personagem por alguns momentos acolhendo sua filha, inocente criança, em seus braços. Acolhendo vida as mãos que matou a tantos inocentes também.

Momento histórico na sociologia brasileira, quando em março de 1926 o Rei do Cangaço adentra o solo bendito do Juazeiro do Norte e acontece o encontro entre os dois mitos nordestinos: Padre Cícero, perseguido pela igreja e venerado pelo seu povo, naquela altura alçado à condição de santo popular, confabula com o rei cangaceiro, que entra na cidade em trajes civis e sai de lá com uma patente de capitão, mesmo que sem validade perante o Estado brasileiro. Alimentando a vaidade, Juazeiro é cenário para fotografias em elegantes trajes de terno risca de giz, com vários parentes.

A soma de orgulho e vaidade levam Lampião a assinar, até seu último dia, o sobrenome da desejada patente: capitão Virgulino.

Atribuo a ele ter trazido o sequestro para o Nordeste, feito repetido em vários momentos, e com ênfase de junho de 1927, no fatídico episódio que deu origem ao tiroteio em Mossoró, no qual o monarca do cangaço experimenta o amargo gosto da derrota.

Foi a sua vaidade que deu face ao cangaço, quando criou seu próprio marketing pessoal, assunto inimaginável no início do século XX, imprimindo cartões de visitas com a sua própria foto. Essa vaidade adquiriu dimensões internacionais, quando matéria sobre ele estampa uma página do New York Times, nos anos 30. E atinge seu ápice quando Benjamin, o libanês ex secretário do padre Cícero - seu ídolo e venerado sacerdote - o procura e filma e fotografa em cenas do cotidiano.

Essa mesma vaidade facilitou as buscas por parte das volantes. Com retratos em mãos, o alvo agora tinha face. Seu Benjamin? Perdeu a vida na ponta de faca peixeira, e nos deixou valioso acervo de imagens. Relação com as imagens creio ter sido a razão do homicídio, embora existam outras versões. 

Cortar cabeças? Um excelente negócio, desde que não fosse a própria. Se não, vejamos: Civis poderiam ganhar recompensas em dinheiro e status; militares, promoções e patentes; cangaceiros, podiam ser anistiados! Pelo costume da época, era importante sempre ter por perto um facão bem amolado.

Certa vez um jornalista me perguntou: quem era inimigo de Lampião e do cangaço? Todos, respondi sem titubear.

Afinal, os padres viam diminuir a frequência dos devotos nas missas, amedrontados com a violência; os coronéis eram coagidos e tinham riscos de perder patrimônio e a vida; militares tinham dever de ofício de combater os bandoleiros, a balas ou golpes de facão e baionetas; comerciantes perdiam seus estoques em saques à luz do dia; mulheres eram raptadas e estupradas constantemente; plantações queimadas e animais abatidos a tiros; jornalistas intimidados; viajantes assaltados...um rosário social que aspirava diariamente findar o movimento bandoleiro.

O homem que impunha medo aos mais simples, desafiava os mandatários, julgava e sentenciava pelas suas próprias leis, era também o mesmo que sentava e jantava na mesa do governador interventor do estado de Sergipe, Eronildes de Carvalho. É assim que o poder acontecia, longe dos olhos dos comandados pela política. Intimidando os mais simples e se curvando aos mais poderosos.
Costurava, rezava, se perfumava, versava, sentenciava vida e morte, sentia-se senhor supremo, capitão e governador do sertão nordestino.

Fazendo atos inimagináveis, foi temido, respeitado, admirado e odiado na mesma dimensão. Só não foi capaz de imaginar a astúcia dos seus algozes, e tombou pelo impacto de tiros de fuzil, vitimado pelos seus próprios crimes, vaidade e excesso de autoconfiança. A violência destruiu quem optou por ela mesma.

A sua cabeça, inteligente, corajosa, autoconfiante e vaidosa, foi separada do corpo para sempre. Testemunhas comemoraram...se teve lágrimas? Não sei.

Morreu o homem, se eternizou na história, nasceu o mito. Viva a cultura nordestina!

Fonte: Professor José Urbano
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Cemitério Lagoa da Pedra, familiares e amigos revelam a saudade da menina Beatriz

Passou o dia de Natal. Há pouco, as famílias brindavam a chegada do Menino Jesus. Distante 40 km de Juazeiro e Petrolina, no Cemitério da Lagoa da Pedra, local onde está enterrado o corpo da menina Beatriz Angelica Mota, a emoção traz o mês de dezembro de 2015 de volta.

Com exclusividade a redação do Blog, esteve no Povoado Lagoa da Pedra, no cemitério local. A realidade de quem sofre ali é bem diferente das autoridades e a maioria da população que "aguarda o ano de 2019".

A morte tem uma fala silenciosa e poderosa. Esta fala não ameaça. A morte ensina. O silêncio que a morte propõe questiona e é por isso que incomoda tanto. 

Chico Buarque diz que a "saudade é arrumar o quarto de um filho que já morreu”. No Povoado Lagoa da Pedra, uma cova com flores não tem registro escrito de um nome, identificação. O sentimento de ausência provoca o choro da aposentada Joselita Mota, Maria Helena e Valdinei Sales.

Eles contam que acompanham Lúcia Mota e Sandro Romildo, desde o sepultamento de Beatriz. Valdinei ressalta que a sua filha cresceu brincando com Beatriz. "Estive aqui no cemitério no dia do enterro. Doi na alma e no corpo a saudade".

Joselita diz que vai sempre ao cemitério acende velas e faz orações. Emocionada ressalta que a fé faz transpor o tempo. Maria Helena revela o sentimento de tristeza e indignidade ao saber que até o momento não se sabe quem assassinou Beatriz.

No Povoado Lagoa da Pedra, existe um sentimento de solidão. No Cemitério, alguns passarinhos cantam como um milagre vindo do céu. São acordes, amenizam o silêncio. A sensação de calor ultrapassa 35 graus.

Adeginaldo Mota, diz que no povoado quase todos são famílias de Lúcia e Sandro. Revela que faz parte do Grupo Somos Todos Beatriz e que passou a noite de Natal com o casal.

"Temos que buscar forças e ter esperanças no amanhã. Somos fortes e vamos continuar o bom combate em 2019. Queremos e lutamos por justiça que um dia virá", conclui Adeginaldo.

O escritor baiano, Jorge Amado, apontou em um de suas poesias “ter horror a hospitais, os frios corredores, as salas de espera, ante-salas da morte, mais ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço, não há flor bonita em campo santo".

O Cemitério Lagoa da Pedra, é o local onde está enterrado o corpo de Beatriz Angélica Mota, assassinada há 3 anos na noite de 15 de dezembro de 2015, dentro das dependências do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina.

A dor continua gritando e grita para dentro de cada um que pede justiça. Cemitério é o Campo Santo, o espaço é permitido derramar lágrimas que lavam as feridas causadas pelo luto. Estas feridas, uma vez lavadas, sugerem-nos caminhos para o reencontro com a esperança e a alegria de viver.

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Só podia ser de Pernambuco, Luiz Gonzaga Rei do Baião

O poeta, jornalista e escritor, Fabrício Carpinejar, se manisfestou através da sua conta no instagram contra o comentário polêmico do deputado eleito Alexandre Frota. No texto, Carpinejar reafirma a qualidade cultural e artística presentes em figura icônicas que nasceram em Pernambuco para fazer alusão de forma irônica a forma perjorativo em que Frota respondeu a um seguidor no twitter nos últimos dias.

Carpinejar é filho dos poetas Maria Carpi e Carlos Nejar  e tem mais de 324 mil seguidores no instagram. A publicação do escritor foi curtida e aclamada, em uma hora, por mais de 4.500 pessoas.

Ao postar, na última terça-feira (25), afirmando que 'o Twitter é a rede que mais tem professores, estudiosos, cientistas e lacradores culturais', Frota foi surpreendido por um comentário: 'Também tem ator pornô que não paga a pensão do filho'. De forma pejorativa, respondeu: 'só podia ser de Pernambuco’. A publicação gerou uma repercussão negativa entre os usuários da rede. 

Confira o texto na íntegra:
SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO
*Fabrício Carpinejar

Só podia ser de Pernambuco a poesia geométrica de João Cabral, o teatro da vida real, a morte e vida severina. Só podia ser de Pernambuco o frevo, o maracatu, o Galo da Madrugada, a alegria ecumênica. Só podia ser de Pernambuco os bonecos de Olinda, o olhar oceânico do alto das igrejas e dos muros brancos. 

Só podia ser de Pernambuco a literatura de cordel, o raciocínio rápido do repente, a magia dos violeiros. Só podia ser de Pernambuco Manuel Bandeira e a Estrela da Manhã. Só podia ser de Pernambuco Nelson Rodrigues e o seu carinho pelos vira-latas mancos. Só podia ser de Pernambuco a infância misteriosa de Clarice Lispector, a descoberta da leitura. 

Só podia ser de Pernambuco Chico Science e o movimento manguebeat. Só podia ser de Pernambuco a cerâmica de Francisco Brennand e seus 1001 dias iluminados de esculturas e azulejos. 

Só podia ser de Pernambuco o modernismo de Cícero Dias, que já dizia em sua pintura: “Eu vi o mundo... ele começava no Recife”. Só podia ser de Pernambuco a pedagogia de Paulo Freire (do oprimido, da libertação, do compromisso, da autonomia e da solidariedade). Só podia ser de Pernambuco o cinema inovador de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor” e "Aquarius") e de Cláudio Assis (“Amarelo Manga” e “Febre do Rato”). 

Só podia ser de Pernambuco a irreverência contagiante de Chacrinha. Só podia ser de Pernambuco a sociologia de Gilberto Freyre, profeta do multiculturalismo. Só podia ser de Pernambuco Vavá, o peito de aço, bicampeão mundial de futebol. Só podia ser de Pernambuco Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Só podia ser de Pernambuco o abolicionista Joaquim Nabuco.

Tem razão. Só podia ser mesmo de Pernambuco...
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Morre Miúcha aos 81 anos, ela foi casada com João Gilberto

A cantora e compositora Miúcha, de 81 anos, morreu no final da tarde de hoje (27), no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio, vítima de parada cardiorrespiratória. Nascida Heloísa Maria Buarque de Hollanda, a artista passou mal em casa onde se tratava de um câncer.

Em nota, o Hospital Samaritano, em Botafogo, informou que a cantora e compositora morreu “em decorrência de um quadro de insuficiência respiratória. O hospital se solidariza com os familiares e amigos da cantora”.

Miúcha foi casada com o cantor João Gilberto, com quem tem uma filha, também cantora, Bebel Gilberto. Irmã do cantor e compositor Chico Buarque e das cantoras Ana de Hollanda e Cristina Buarque.

Nos anos de 1970, Miúcha lançou alguns dos maiores sucessos de sua carreira: Maninha (composta pelo irmão Chico Buarque em homenagem a ela), Pela luz dos olhos teus (Vinicius), Vai levando (Chico Buarque e Caetano Veloso), Samba do avião, Falando de amor (ambas de Tom Jobim) e Dinheiro em penca (Tom Jobim e Cacaso), que serviria de inspiração para o irmão Chico criar a música Para todos, título de seu disco em 1993.

A artista gravou discos e apresentou-se em palcos em vários países. O último trabalho dela foi Rosa amarela (1999), foi lançado primeiro no Japão, e inclui clássicos como Doce de coco (Jacob do Bandolim) e composições, como Assentamento (Chico Buarque).
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Luiz Gonzaga e os nomes das mulheres amada

O arquiteto Oscar Niemeyer gostava de falar sobre sua paixão pelo trabalho e pelas obras que construiu pelo país.

Uma das definições mais extraordinárias do amor ao trabalho foi ele dizer que a maior atração era a curva livre e sensual. "A curva que encontro nas montanhas. No curso sinuoso dos sentidos, nas nuvens do céu. No corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo."

"A obra de Gonzaga traz a mulher que cuidava das crianças, na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão, da matriarca da família que exercia o mesmo respeito, a mesma mística que o senhor de engenho e proprietário da terra, mas ao mesmo tempo Gonzaga acompanha o desenvolvimento dessa mulher", explica o cantor e compositor Silvério Pessoa.

Animada para a festa e valente para a peleja. Assim é a mulher nordestina de Luiz Gonzaga, refletida em artistas como Terezinha do Acordeon, que fez de tudo para não deixar sua sanfona. "Meu pai achava estranho e o povo achava mais estranho ainda. Só que depois, eu fui fazer o que toda mocinha faz. Namorar, casar, ter sua família. Eu casei com uma pessoa que não gostava de sanfona. Eu tinha uma casa, marido, filhos e faltava alguma coisa. Meu marido não queria nem ouvir falar em sanfona".

Iolanda Dantas, viúva de Zé Dantas, falecida recentemente, contava que conheceu o Rei do Baião quando ainda namorava Zé Dantas. "Ele fazia, escrevia, se apresentava no programa de rádio e Luiz Gonzaga cantava. [...] A primeira música que ele [Zé Dantas] fez para mim foi a 'Fulô ingrata', assim como 'Sabiá', que ele também fez para mim. Luiz Gonzaga diz que 'Cintura fina' também foi para mim".

Discutindo as músicas de Gonzaga sobre as mulheres, 'Paraíba masculina' não podia ficar de fora. Mulheres que conviveram com Luiz Gonzaga e artistas analisam a música e discutem se a música é ou não machista. "Eu acho que se seu Luiz fosse vivo, não ia cantar mais assim não", acredita a cantora e compositora Bia Marinho.

A mulher presente em obras como 'Samarica parteira', que conta as aventuras para buscar a parteira, traz a tona essa figura que tanto marcou a história nordestina. "A música mostra para a gente esse respeito pela mulher parteira, o respeito por sua ancestralidade", acredita a parteira Suely Carvalho. 

Figuras como a vaqueira Maria Soneide mostram a força da mulher. "Eu comecei a amansar jegue com papai, ele me mostrava os caminhos no mato", conta Maria. "Eu acho que pareço um pouco com a Karolina com 'K' e um pouco essa mulher guerreira, batalhadora. Ela tem essa coisa da alegria, da festa, que gosta de se divertir", acredita a pesquisadora Leda Alves.

A partir deste conceito analiso o significado da Mulher no universo sempre apaixonante que encontramos nos versos cantados por Luiz Gonzaga. A música de Luiz Gonzaga cantou o Nordeste/Sertão, de todas as formas, fala de sua força para o trabalho e suas lutas, mas também fala da mulher e sua formas sensuais.

Luiz Gonzaga acariciava a sanfona, dialogava com sanfona/mulher amada...Provocava prazer percorrendo o corpo imaginado sem pressa dos 8 aos 120 baixos, dedos leves em cada nota, acorde,/acordes de tal forma que antes do fim da nota, a mulher preferida,  já se encontre em pleno êxtase...

A música "Morena Cor de Canela constitui um roteiro da mulher bonita e sensual, enumerando suas qualidades e independência, culminando num jogo plurissignificativo.

Vejamos: "Olha o jeito dela, morena cor de canela pode morrer de paixão quem olhar nos olhos dela...corpo esculturado, beleza que Deus Criou
Cabelos anelados, boca cor de jambo
ela vai envenenando qualquer homem que lhe ver
sua cintura bem fininha, afinadinha
vai descendo, enlarguecendo
nos quadris, que tentação
as suas pernas torneadas, tão bonitas
pois qualquer homem fica com ela no coração
sai da janela, caminha requebrando
a gente vai olhando, vai ficando na ilusão...
não faz assim comigo não...

É a pura valorização da mulher. Já em "Vem Morena", Luiz Gonzaga na composição de Zé Dantas dispensa comentários: 
"Vem, morena, pros meus braços
Vem, morena, vem dançar
Quero ver tu requebrando
Quero ver tu requebrar
Quero ver tu remexendo
No Resfulego” da sanfona
“Inté” que o sol raiar
Esse teu fungado quente
Bem no pé do meu pescoço
Arrepia o corpo da gente
Faz o “véio” ficar moço
E o coração de repente
Bota o sangue em “arvoroço”

Esse teu suor salgado
É gostoso e tem sabor
Pois o teu corpo suado
Com esse cheiro de “fulô”
Tem um gosto temperado
Dos tempero do amor
Vem, morena, pros meus braços"...
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