Cemitério Lagoa da Pedra, familiares e amigos revelam a saudade da menina Beatriz

Passou o dia de Natal. Há pouco, as famílias brindavam a chegada do Menino Jesus. Distante 40 km de Juazeiro e Petrolina, no Cemitério da Lagoa da Pedra, local onde está enterrado o corpo da menina Beatriz Angelica Mota, a emoção traz o mês de dezembro de 2015 de volta.

Com exclusividade a redação do Blog, esteve no Povoado Lagoa da Pedra, no cemitério local. A realidade de quem sofre ali é bem diferente das autoridades e a maioria da população que "aguarda o ano de 2019".

A morte tem uma fala silenciosa e poderosa. Esta fala não ameaça. A morte ensina. O silêncio que a morte propõe questiona e é por isso que incomoda tanto. 

Chico Buarque diz que a "saudade é arrumar o quarto de um filho que já morreu”. No Povoado Lagoa da Pedra, uma cova com flores não tem registro escrito de um nome, identificação. O sentimento de ausência provoca o choro da aposentada Joselita Mota, Maria Helena e Valdinei Sales.

Eles contam que acompanham Lúcia Mota e Sandro Romildo, desde o sepultamento de Beatriz. Valdinei ressalta que a sua filha cresceu brincando com Beatriz. "Estive aqui no cemitério no dia do enterro. Doi na alma e no corpo a saudade".

Joselita diz que vai sempre ao cemitério acende velas e faz orações. Emocionada ressalta que a fé faz transpor o tempo. Maria Helena revela o sentimento de tristeza e indignidade ao saber que até o momento não se sabe quem assassinou Beatriz.

No Povoado Lagoa da Pedra, existe um sentimento de solidão. No Cemitério, alguns passarinhos cantam como um milagre vindo do céu. São acordes, amenizam o silêncio. A sensação de calor ultrapassa 35 graus.

Adeginaldo Mota, diz que no povoado quase todos são famílias de Lúcia e Sandro. Revela que faz parte do Grupo Somos Todos Beatriz e que passou a noite de Natal com o casal.

"Temos que buscar forças e ter esperanças no amanhã. Somos fortes e vamos continuar o bom combate em 2019. Queremos e lutamos por justiça que um dia virá", conclui Adeginaldo.

O escritor baiano, Jorge Amado, apontou em um de suas poesias “ter horror a hospitais, os frios corredores, as salas de espera, ante-salas da morte, mais ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço, não há flor bonita em campo santo".

O Cemitério Lagoa da Pedra, é o local onde está enterrado o corpo de Beatriz Angélica Mota, assassinada há 3 anos na noite de 15 de dezembro de 2015, dentro das dependências do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina.

A dor continua gritando e grita para dentro de cada um que pede justiça. Cemitério é o Campo Santo, o espaço é permitido derramar lágrimas que lavam as feridas causadas pelo luto. Estas feridas, uma vez lavadas, sugerem-nos caminhos para o reencontro com a esperança e a alegria de viver.

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