UNEB CELEBRA 15 ANOS DO PPGEcoh COM ENCONTRO QUE UNE CIÊNCIA E NATUREZA NO SEMIÁRIDO

O Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) da UNEB, Campus III, se prepara para sediar o 1º Encontro de Docentes do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH). Celebrando 15 anos de existência, o evento acontecerá nos dias 29 e 30 de agosto com uma programação que une a solidez da pesquisa acadêmica à rica cultura local.

O PPGEcoH nasceu a partir de uma formação Lato Sensu criada em 2004 no Campus VIII, em Paulo Afonso, e amadureceu com importantes parcerias junto a instituições como USP, UnB e Unicamp. Seu grande diferencial foi o deslocamento estratégico do debate científico para o interior do Nordeste, preenchendo uma lacuna de pesquisas na região e focando na Caatinga, bioma exclusivo do semiárido brasileiro com características ecológicas singulares. O programa estuda as complexas relações — míticas, simbólicas, utilitárias e religiosas — que os seres humanos estabelecem com o meio ambiente.

Para o professor Dr. Carlos Alberto, coordenador do PPGEcoH, o encontro é um marco fundamental. "são muitas vitorias ao longo de 15 anos", destaca. "Mais de 180 mestres e mais de 30 doutores formados. A assembleia dos docentes do programa vai avaliar nossa trajetória e propor metas para o quadriênio capes que iniciamos em 2025 e irá até 2028. Nossa meta principal é continuar prestando um serviço de excelência na formação de profissionais em Ecologia Humana para atuar nos mais diversos setores da sociedade. Além de termos um momento com nossos discentes, que são a razão existência do Programa."

A programação do encontro é um reflexo da proposta do programa. Além das palestras e debates no Campus III, o evento contará com um momento cultural e um passeio de barco pelas águas do Rio São Francisco, proporcionando aos participantes um intercâmbio científico e uma experiência imersiva na realidade da região.

Mais informações sobre o evento e a programação podem ser acessadas nos perfis do Instagram @unebdtcs3 e @ppgecoh.

(Fonte: André Amorim - Jornalista-Núcleo de Assessoria de Comunicação)

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BANDA CABAÇAL IRMÃOS ANICETO E A FALTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E VALORIZAÇÃO CULTURAL

"Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel". (Aderaldo Luciano)

A Banda Cabaçal Irmãos Aniceto completou este ano 210 anos de criação e tradição cultural. Por Decreto de Lei, a Banda é reconhecida como Patrimônio da Cultura Imaterial do Crato. O grupo já chegou a gravar quatro discos. O jornalista e colaborador da REDEGN, diz que falta um empenho maior das autoridades promoverem política públicas para garantir a valorização de um dos maiores patrimônios da cultura que é a Banda Cabaçal Irmãos Aniceto.    

A banda Cabaçal Irmãos Aniceto é histórico e foi fundado no século XIX, na cidade do Crato, Ceará, por José Lourenço da Silva, conhecido como José Aniceto. “Aniceto era descendente dos povos originários Kariri e trouxe elementos da cultura indígena e sertaneja para a música e dança.

A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, conforme o memorialista do Crato, Huberto Cabral, é uma das mais divulgadas do Cariri no exterior, já tendo percorrido Portugal, Espanha, França e, no segundo semestre, estará na Turquia, para participar de um festival na região da Capadócia, além de já ter passado por diversos estados brasileiros.

A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto já se apresentou ao lado de importantes nomes da música brasileira, como o multi-instrumentista Hermeto Paschoal e o conjunto Quinteto Violado. Também participou de diversos filmes e documentários para a TV, durante sua trajetória artística.

O Mestre Adriano Aniceto, durante entrevista a REDEGN, destaca a trajetória que vem de várias gerações. Ele enaltece que a Banda nasceu na roça. “Na roça a gente ouve os pássaros, os bichos e levamos esses sons da natureza para nossa música”, disse Adriano.

Em agosto de 2019, foi inaugurado o Museu Orgânico, Casa do Mestre Raimundo Aniceto, cujas portas estão abertas à visitação do público com o intuito de valorizar a história do grupo e os instrumentos artesanais.

Na passagem pela terra, Raimundo Aniceto foi um Homem forte e dedicado às suas origens, Mestre Raimundo Aniceto, que nos deixou, em viagem ao Sertão da Eternidade, fez da sua morada e da sua história um palco “vivo” da cultura popular em toda a região. Mas seu legado continua, como sempre foi e como deve ser. “É por isso que a gente vem, com a maior alegria, representando nosso Ceará e nossa cultura. Enquanto existir os Irmãos Aniceto, o folclore não se acaba no Brasil”, afirma Adriano Aniceto.

Mestre Adriano, diz que a Banda Cabaçal Irmãos Aniceto segue viva. "Todos que fizeram parte da banda, eles tinham espíritos livres, gostavam muito de cantar, além de tocar e dançar. Cumpriram de verdade suas missões, deixando um legado muito bonito e abençoado que jamais será esquecido".


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FLÁVIO LEANDRO RECORDA O PROFESSOR ANSELMO GOMES DURANTE LIVE

 Em live neste domingo (24), o cantor e compositor Flávio Leandro fez uma recordação do advogado, poeta e compositor Anselmo Gomes. Flávio Leandro recordou o "jeito excêntrico, maneira extravagante, fora dos padrões considerados normais" de Anselmo Gomes" e contou que certa fez ele marcou um encontro pois queria o conhecer e conversar.

"Acontece que o professor Anselmo chegou lá em casa em Bodocó, e foi dizendo cada minuto a mais é um minuto a menos e foi embora. Nem foto tirou".

Na live Flávio conta que restou escrever a música Cor do tempo: Cada minuto a mais é um minuto a menos que a gente deixa de viver/Cada pegada na estrada dessa vida mostra a cor embranquecida da face do envelhecer/Cada fiapo de cabelo que se pinta mostra que o tempo tem tinta Pra pintar qualquer cristão

Pode ser forte, ser valente, ter dinheiro/Pode ser do estrangeiro ou de qualquer religião/Pode fugir que o tempo pega e lhe consome/Se ficar o tempo come, pro tempo tem jeito não...Valha me Deus, Vixe Maria ase eu pudesse contra o tempo eu lutaria Armava a rede na garupa do destino E no balanço matutino eu misturava noite e dia.

Anselmo Gomes já "partiu para o sertão da eternidade". Numa terça-feira (04) de dezembro do ano 2018, o professor Anselmo Gomes Rodrigues, morreu. 

Professor Anselmo era um pesquisador da obra de Luiz Gonzaga e um defensor da cultural brasileira.  Anselmo lecionou na UPE, Campus Petrolina e na Escola Paul Harris. Exerceu a Advocacia em Petrolina e região do Vale do São Francisco. Foi um dos professores pioneiros em levar os alunos para o Cemitério Local, para ter aula de filosofia e mostrar a fragilidade do corpo humano. Também, fantasiado de mendigo deu aulas práticas em um shopping com objetivo de fazer os jovens alunos refletirem sobre o preconceito.

Anselmo também compôs uma dezena de músicas. Na voz do juiz sanfoneiro, Ednaldo Fonseca, teve gravada Saudades de Luiz Gonzaga. Já o cantor e sanfoneiro Targino Gondim, gravou a música Na Sombra do Juazeiro, forró que recebeu elogios do mestre Dominguinhos, durante as festividades de nascimento de Luiz Gonzaga, numa das festas em Exu, Pernambuco.

A música embala, encanta, vibra o sentimento. É um mistério que emudece. Targino Gondim e Anselmo Gomes foram contagiados no ritmo, melodia e harmonia e fizeram uma música mais brasileira, tipo exportação, materializando o real sentido da palavra cultura.

Na Sombra do Juazeiro é o desenho cósmico da natureza-homem-mulher, expressão no choro solitário de dor na união dos destinos. É o juazeiro simbolo de resistência.

Confiram letra música: "No meu pé de serra na sombra do juazeiro eu passo o dia inteiro pra ver ela passar mas ela não vem e eu fico esperando sozinho, lamentando aguardando por meu bem/.

E toda quinta-feira lá tem arrasta pé, Vixe, como tem mulher e tanta brincadeira vai amanhecendo o dia e eu fico esperando sozinho, matutando mas não vem quem eu queria/.

Oh com tanta malvadeza faça isso comigo não se tens tanta certeza que é teu meu coração na próxima quinta-feira passe logo bem cedinho estou louco por teus carinhos e pra dançar um forrozão"...

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PROJETO DA EMBRAPA APOIA CULTURA ALIMENTAR EM COMUNIDADES DO NORDESTE

“É um divisor de águas”. “É transformador”. Essas são as avaliações de duas mulheres de comunidades que participam do projeto de pesquisa agro alimentar Paisagens Alimentares, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Alimentos e Territórios Alagoas e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que está transformando comunidades rurais no semiárido nordestino.

Sem a presença do pai, Anatália Costa Neto, a Nat, a caçula dos dez filhos, começou a trabalhar com 11 anos em casa de família. Ainda criança, ia para o mangue ajudar a mãe a pescar aratu e ostras. 

Hoje, aos 41 anos, é uma das 14 integrantes da Associação das Mulheres Empoderadas de Terra Caída de Indiaroba, em Sergipe. Nat chegou na comunidade aos 18 anos para se casar e não saiu mais. Além do artesanato que já faziam no local, com peças em crochê, macramê, madeira e conchas, agora após a pesquisa da Embrapa Alimentos e Territórios Alagoas, desenvolvem o projeto de turismo de base comunitária, que se tornou mais uma fonte de renda para a comunidade.

Nat ganhou, neste mês, o prêmio Mulher de Negócio, na categoria Microempreendedora Individual com o conjunto de ações que realiza na comunidade como a criação do hambúrguer de carne de aratu, um caranguejo típico do local, no qual concorreu com 150 mulheres do estado de Sergipe. Segundo ela, o produto que já era produzido anteriormente, ganhou atratividade após o trabalho da Embrapa.

“O projeto me fez vender mais, saber como calcular o preço, que eu não tinha noção. Foi através deles que eu agreguei valor ao meu produto. Vendo na lanchonete e outras de fora pegam comigo. O turista vem e leva para o consumo próprio com uma caixinha de isopor. Muita gente leva para fazer em casa”, contou à Agência Brasil.

O projeto Paisagens Alimentares tem como objetivo promover a valorização da cultura alimentar e do turismo sustentável de base comunitária na região. Os locais escolhidos receberam as visitas dos técnicos da Embrapa que começaram a trabalhar com os moradores em oficinas, intercâmbio e imersões, envolvendo diretamente mais de 500 participantes e provocando um impacto estimado em mais de cinco mil pessoas da região. 

No caso da Nat, a orientação para agregar valor beneficiou também outros produtos como os biscoitos de capim santo e de batata-doce, os produzidos a partir da fruta mangaba com geleias, cocadas, compotas, bolos e pudins, e os mariscos, que também têm sido um sucesso. 

“Assim a gente vai criando produtos para poder trazer mais fontes de renda para a nossa vida. São muitas coisas é só a gente ter a ideia que vai fluindo na mente. Foi através da Embrapa que a gente foi conhecendo mais”, comentou.

Ana Paula Ferreira, 38 anos, é do assentamento Olho D’Água do Casado de Palmeira dos Índios, no alto sertão de Alagoas, onde junto com outras sete mulheres é coordenadora. Segundo ela, o projeto da Embrapa promoveu mudanças no assentamento.

“É um projeto transformador, que está trazendo economia e liberdade, pertencimento principalmente, no território com essa questão de fortalecer o que é nosso e desse conceito que é viver da agricultura familiar com a contemplação para mostrar o que há de mais belo para nossos visitantes sobre o cotidiano dos agricultores que colocam a mão na terra para produzir o alimento saudável”, relatou a coordenadora, em entrevista à Agência Brasil. 

O território está inserido em uma área de reforma agrária tendo ao redor o Pôr do Sol dos Cânions Dourados e Cânions do São Francisco, permitindo ainda a exploração turística do local.

Para Ana Paula, a busca pela visibilidade do trabalho feito na agricultura familiar e em assentamentos é um fato importante para esses produtores. 

“No conceito de mostrar para o mundo o que estamos fazendo e as pessoas tirem essa venda dos olhos. Quando um visitante vem para a nossa comunidade e tem esse contato com o agricultor, os animais e o povo da roça é exaltado e dando importância a quem produz o alimento”, indicou.

Ela destaca que um dos avanços do projeto na comunidade foi trabalhar com o envolvimento de jovens do território que começavam a se afastar do trabalho feito no local. “Hoje com as universidades ao redor, os institutos e as oportunidades eles não precisam sair e nem sonhar ir tão longe” disse.

Além disso, houve uma expansão das atividades que podem ser desenvolvidas no Olho D’Água do Casado e resultar em geração de renda na agricultura que não eram vistas antes pela comunidade. “Depois da Embrapa e do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] na comunidade, a gente contemplou tudo dentro do assentamento, com esse conceito de preservação”, afirmou, completando com mais um avanço que é o projeto de artesanato desenvolvido com as mulheres locais aproveitando a biodiversidade da caatinga.

“Muitas pessoas têm o conceito de que a caatinga está morta no período de seca do verão, mas com os conhecimentos da Embrapa a gente viu que pode aproveitar a caatinga o ano todo e a preservação aumentou, ainda mais, pelas pessoas estarem cultivando as suas árvores nativas”, explicou. (Fonte Agencia Brasil)


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LUIZ GONZAGA -LÉGUA TIRANA: O FILME QUE ENCANTA COM SONS DOS SERTÕES

O jornal a FOLHA DE SÃO PAULO destaca que "Légua Tirana", nova cinebiografia de Luiz Gonzaga praticamente não se ouvem músicas do rei do baião. Há duas delas —"Vira e Mexe" e a faixa que dá nome ao filme, já nos créditos. Em vez do ronco do fole, ouvem-se os sons que emergem da terra no sertão nordestino.

"A gente carregou esse filme de silêncio para que as pessoas pudessem escutar o silêncio do sertão —que não é silêncio, é o carro de boi que aparece de repente, um passarinho, o chocalho. Quando você para de ouvir o que está em primeiro plano, começa a ouvir todo o resto", diz Diogo Fontes, codiretor da obra, ao lado de Marcos Carvalho. 

"A escuta do sertão está presente na obra de Gonzaga, é a matriz de sua criação."

É justamente dessa matriz —no caso, a infância— que trata "Légua Tirana". A maior parte do filme acompanha o jovem Luiz Gonzaga, interpretado por Kayro Oliveira, e sua interação com os pais, amigos, desafetos, desconhecidos, a geografia e até figuras míticas do sertão. É a imaginação do ambiente que forjou o artista, nascido na cidade de Exu, no Sertão de Araripe, na divisa de Pernambuco com o Ceará.

O espaço e seus habitantes foram incluídos na pesquisa para o filme tanto quanto as fontes bibliográficas usuais de uma cinebiografia —pessoas que conviveram com Gonzaga, livros e pesquisadores. É uma visão do sertão de dentro para fora, diz Marcos Carvalho, ele próprio nascido na região, filho de agricultores de Serra Talhada, em Pernambuco. Diogo Fontes também é nordestino, de Alagoas.

Boa parte da equipe do filme, ressalta o diretor, foi formada por moradores da região de Exu que passaram por um processo de formação e preparação de elenco. Isso inclui Wellington Lugo, que interpreta Luiz Gonzaga em sua versão adolescente.

"É um filme que nasce e brota do sertão", afirma Marcos Carvalho. "Sou muito conectado com essa questão da natureza, de ver o sertão em sua exuberância —na geografia, na flora, na fauna… Isso é muito importante para a gente que nasce e que vive no sertão."

Até por isso, Kayro Oliveira caiu como uma luva no papel. Descendente do povo indígena Anacé, de Caucaia, no Ceará, ele tinha apenas 11 anos quando filmou como o pequeno Gonzaga. Sanfoneiro que ganhou fama no programa The Voice, da TV Globo, o ator, hoje com 18 anos, é fã do rei do baião desde a infância.

"Eu tinha noção de que era um negócio grandioso, mas não tinha o pensamento de que era uma responsabilidade. Se tivesse, não teria saído do jeito que saiu", ele diz. "Tem um pouco de mim também. É como o diretor, o Diogo, sempre fala, todos nós temos alguma coisa de Luiz Gonzaga dentro da gente."

Para os admiradores mais assíduos do cantor, há dicas e referências sutis às suas letras no roteiro e arranjos musicais vez ou outra tocados na sanfona por Kayro de Oliveira. Mas "Légua Tirana", diz Marcos Carvalho, se passa num momento em que suas canções mais famosas sequer existiam, menos ainda eram sucesso no país.

O filme mira sua câmera para a relação do menino com o espaço —que nesse caso, não se trata de uma caatinga resumida à seca e ao sofrimento. "A miséria não é presente no filme como um atalho fácil", afirma Diogo Fontes.

"Légua Tirana" retrata tanto cenas verídicas, como o trabalho de Luiz Gonzaga como ajudante de tropeiro, em que sofre maus-tratos, situações em que o racismo se fez presente e a paixão pela sanfona herdada do pai. O ator Tonico Pereira dá vida a um padre bastante peculiar, inspirado numa figura conhecida de Exu.

Mas há também o que os diretores chamam de núcleo de encantados, ou personagens lúdicos que dão à obra ares de realismo mágico. Entre essas figuras está uma cigana interpretada por Cláudia Ohana e um cangaceiro vivido por Luiz Carlos Vasconcelos. "A proposta era realizar um sonho do Luiz, de se encontrar com Lampião", afirma Marcos Carvalho. "O próprio Januário [pai de Gonzaga] também está dentro desse núcleo, ele dá força ao filho para romper essa barreira."

A tal barreira é metaforicamente representada pelo paredão da Chapada de Araripe, cenário da maioria das cenas. Ela representa o maior embate do filme —um cabo de guerra entre as forças que puxam o jovem Luiz Gonzaga para ficar no sertão e as outras que o seduzem a viver o mundo que há além daquela terra.

"É o conflito entre o Luiz do Araripe e o Luiz do Mundo", afirma Fontes. "É Luiz do Araripe porque é o Luiz da mãe, da Santana, da família, da casa. E quando ele rompe com essa muralha, rompe também com a mãe. Nesse processo, o filme não o acompanha, mas fica com a mãe. Ele se mantém circunscrito nessa muralha."

É como se "Légua Tirana" fosse uma obra complementar a "De Pai para Filho", a primeira cinebiografia do rei do baião, de 2012, dirigida por Breno Silveira. Naquele filme, a história de Luiz Gonzaga é narrada através de sua relação conflituosa com o filho Gonzaguinha, nascido no Rio de Janeiro.

Há pelo menos duas cenas que se repetem nessas obras, mas de pontos de vista diferentes. "O filme do Breno acompanha de fora, e a gente, de dentro", afirma Fontes. E se o filme de Silveira tinha o pai, Januário, como força antagônica, quem agora ocupa esse lugar é a mãe, Santana, ele acrescenta.

Outra figura que dialoga com o filme de 13 anos atrás é Chambinho do Acordeon, que se tornou uma figura conhecida em todo o Nordeste pelo talento com o instrumento e também por dar vida a Gonzagão nas telonas. Ele agora volta ao papel, desta vez para incorporar um rei do baião mais velho.

Chambinho conheceu Marcos Carvalho em Exu, no centenário de Gonzaga, quando o diretor fez a proposta a ele. "Confesso que fiquei com um pé atrás por já ter interpretado Luiz Gonzaga anteriormente", diz. "Mas quando ele me mandou o roteiro, me apaixonei."

O ator ficou seduzido pela ideia de ver na tela uma "criança vivendo no sertão e absorvendo aquele universo", que inclui "bandas de pífanos, repentistas, emboladores, o coco, os aboios". "Consegui visualizar um gênio da música popular brasileira nascendo no sertão de Pernambuco e levando consigo todas as suas origens. Tudo isso ele aplica no seu instrumento e na sua voz."

Ele conta que apenas tranquilizou o jovem Kayro Oliveira nas filmagens, mas afirma que, para viver o artista, um mito nordestino, é preciso se esquecer um pouco do Luiz Gonzaga gênio. "A gente teve que se atrelar ao ser humano Luiz Gonzaga. O filho de Januário e dona Santana. Com toda sua vontade de vencer, mas todas as preocupações —de um matuto, sertanejo, nas brenhas do sertão. E no século passado."

Há outra forma de dizer que o filme busca no humano os elementos que fizeram dele um mito —"Légua Tirana" busca o que há de sertão no rei do baião. "Em época de São João, você olha para o céu e vê uma bandeira tremulando com a imagem de Luiz Gonzaga estampando o infinito", diz Carvalho. "Nasci no sertão, sou apaixonado por ele. E Gonzaga o representa de uma forma poética, bonita —é a tradução do sertão."

"O que eu peço para o público é que vá de coração aberto, sabe? E que ouça essa canção, esse poema em forma de filme, que a gente fez em honra e em homenagem ao grande mestre Luiz Gonzaga", disse o diretor Marcos Carvalho.

Para Chambinho do Acordeon, o filme é emocionante: "Quem puder levar um lenço... Porque pode ter certeza que irá se emocionar com a obra feita com muito amor, com muita dedicação. Retrata um período um pouco desconhecido da memória dos brasileiros, porque a gente tem uma lembrança do Gonzaga de 'Asa Branca' para cá, mas o filme vai até 1946".

O filme, que tem distribuição pela O2 Play, entrou em cartaz no dia 21 de agosto.

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ARRETADO: BESOURO INÉDITO É DESCOBERTO NA CAATINGA POR PESQUISADORES DO CEMAFAUNA

Um pequeno habitante da Caatinga acaba de ganhar destaque mundial: trata-se do Athyreus arretado, uma nova espécie de besouro da família Geotrupidae (grupo popularmente conhecido como "besouros escavadores") descrita recentemente por pesquisadores do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O achado foi publicado na revista científica Zootaxa e amplia o conhecimento sobre a biodiversidade única do semiárido brasileiro.

O nome curioso da espécie, Athyreus arretado, é uma homenagem a uma expressão típica do Nordeste usada para destacar algo impressionante, belo ou espetacular. O apelido não poderia ser mais adequado, já que o besouro se diferencia por características marcantes na sua morfologia, como o chifre localizado na parte frontal do pronoto (a "placa" que cobre a parte superior do tórax) e a presença de carenas (estruturas em forma de cristas) que desenham um padrão semelhante à letra "J" em seu corpo. Medindo cerca de 2,3 centímetros de comprimento, o besouro apresenta coloração marrom-avermelhada no dorso e tonalidade alaranjada na parte inferior. Segundo os pesquisadores, os exemplares observados foram atraídos pela luz de lanternas e voavam próximos ao solo, a apenas 60 cm de altura.

O novo inseto foi encontrado na Ecorregião das Dunas do São Francisco, no município de Casa Nova/BA. Essa área de paleodunas (antigas dunas de areia hoje cobertas por vegetação da Caatinga) é considerada prioritária para a conservação da fauna e flora, justamente pela alta ocorrência de espécies endêmicas (que só existem ali). De acordo com o estudo, este é o primeiro besouro da família Geotrupidae descrito para a região e apenas o segundo registro de uma nova espécie de Coleoptera (ordem dos besouros) nas dunas do Submédio São Francisco.

Para o pesquisador Gabriel Luiz Celante, que assina a descrição da nova espécie, a descoberta é uma prova do quanto a Caatinga ainda tem a revelar. "A descoberta do Athyreus arretado mostra o quanto ainda temos a conhecer sobre a biodiversidade da Caatinga. Esse besouro foi encontrado em uma região pouco estudada e isso reforça que o bioma guarda espécies únicas que precisam ser registradas e preservadas. Nosso trabalho não é apenas dar nome a um ser vivo até então desconhecido pela ciência , mas também chamar atenção para a importância da conservação desse ecossistema que é exclusivamente brasileiro", destaca.

Já o professor Dr. Benoit Jean Bernard Jahyny, coordenador do Laboratório de Mirmecologia do Cemafauna, ressalta a relevância do estudo como parte de um esforço maior de preservação. "Cada nova espécie descrita é uma peça que se encaixa no grande quebra-cabeça da vida. O Athyreus arretado evidencia a riqueza natural na Caatinga e o papel fundamental da pesquisa científica realizada no sertão. Trabalhos como este reforçam o compromisso da Univasf e do Cemafauna em gerar conhecimento aplicado à conservação e em valorizar o patrimônio natural que temos no semiárido", afirma.

A coordenadora do Cemafauna, professora Dra. Patrícia Nicola, destaca que a descoberta também demonstra a importância da ciência aplicada à realidade local. "O Athyreus arretado é mais um exemplo de como a Caatinga ainda guarda segredos extraordinários. Cada espécie registrada fortalece nosso compromisso em conservar a fauna e em mostrar à sociedade que proteger esse bioma é essencial não apenas para o equilíbrio ambiental, mas também para o futuro das comunidades que vivem no semiárido", ressalta. Patrícia ainda destaca que a descoberta "reforça a relevância ecológica da Caatinga, bioma que apesar de ser o maior conjunto de florestas sazonais secas da América do Sul, ainda é pouco estudado em termos de diversidade de insetos. O achado contribui para o mapeamento da biodiversidade e alerta para a necessidade de conservar esse ecossistema, frequentemente ameaçado por desmatamento, queimadas e avanço agrícola."

A pesquisa é assinada por Gabriel Luiz Celante, Adhan Gabriel Carvalho e o professor Dr. Benoit Jean Bernard Jahyny, do Laboratório de Mirmecologia da Univasf, e por Kaylla Brisley Silva Araújo e Paula Batista dos Santos, do Museu de Fauna da Caatinga/Univasf. O material coletado integra o acervo científico do Cemafauna,  mais especificamente na Coleção Científica de Entomologia do Museu de Fauna da Caatinga, que atua há mais de uma década na conservação da fauna silvestre da Caatinga. O artigo está disponível no site da Revista Zootaxa: https://mapress.com/zt/article/view/zootaxa.5512.3.4

Texto: Jaquelyne Costa

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ALDY CARVALHO. A ARTE DE SER VAQUEIRO

 O poeta, cantador, violeiro e escritor Aldy Carvalho, sertanejo de Petrolina, há muito vem explorando sua criatividade multiartista, para além das fronteiras do Nordeste, sendo que o Sertão se mantém nas veias abertas de sua arte. Com uma vasta obra, entre livros e discos, que frequentemente mapeia o universo caatingueiro, Aldy acaba de jorrar no campo literário em forma de cordel, seu olhar aguçado para o mais impávido personagem da caatinga em “A Arte de ser Vaqueiro”(Editora Nova Alexandria), em circuito nacional, com belas ilustrações de Rafael Limaverde.


Nascido em Petrolina, Vale do São Francisco, Aldy sempre bebeu na fonte do rio São Francisco, migrou para São Paulo, mas manteve sua lupa poética focada nas rotinas do povo sertanejo. Cantadores, violeiros e vaqueiros sempre estiveram no cenário real de sua convivência quando criança. Desde que começou a externar sua veia artística, ao longo de décadas, sua obra foi se desenhando como um verdadeiro mosaico que reflete o universo sertanejo, mesclando o lirismo das léguas percorridas com as veredas abertas por grandes nomes da literatura brasileira, como Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.
Foto: Divulgação 
Em “A Arte de ser vaqueiro”, com a apresentação do escritor Pedro Monteiro, o autor retrata na linguagem de cordel com estrofes em sextilhas, a profissão de vaqueiro no Nordeste, explorando a bravura e a tradição desse personagem tão presente na realidade sertaneja. Para ele, a profissão de vaqueiro em sua labuta personifica bravura a tradição do povo nordestino.

Nesta obra, o poeta cantador conduz o leitor pelos caminhos áridos da caatinga revelando em seus versos a essência histórica e cultural desse enigmático personagem - celebrando esse importante ofício de vaqueiro reconhecida pela lei 12870 / 10 / 2013.

Aldy Carvalho dedica o novo livro – a ser lançado no segundo semestre em Petrolina, à memória de José Luiz Barbosa, o “Zé do Mestre”, vaqueiro de Salgueiro, Sertão Central, que faleceu em março deste ano. “No Sertão fica seu nome feito marco no gibão/ foi vaqueiro de respeito a aboiador e artesão de Pernambuco(...)/Salgueiro canta saudade, mas o amor ecoa agora na voz da eternidade O cavalo o boi a Terra e a fé são as paixões do vaqueiro”.

Ao longo da horizontalidade do texto poético costurado com primor, a obra é ilustrada por Rafael Limaverde que dá vida às palavras com imagens marcantes da figura do vaqueiro. O pesquisador e caatingueiro, de Curaçá(BA), Omar Babá Torres, endossa a obra em um texto que agrega o valor social e a arte de ‘Ser Vaqueiro’.

Para ele, o homem escolhido pelas circunstâncias da vida para ser um vaqueiro torna-se um ser síntese dos conflitos entre os limites e o ilimitado do possível e o impossível e do permanente embate da morte com a vida. “O vaqueiro é tão naturalmente superior que se avistadas três pessoas num caminho, duas em pano e uma encourada, assim é dito: ali vem uma criança, um homem e um vaqueiro”, descreve Omar.

Contatos para conseguir o exemplar (pazinko@gmail.com)

Fotos: Arthur Carvalho e Jefferson Coli

Por Emanuel Andrade, jornalista, professor e pesquisador.
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ESTAÇÃO REPÚBLICA DO METRÔ DE SÃO PAULO RECEBE EXPOSIÇÃO SOBRE LUIZ GONZAGA

O cantor e compositor Luiz Gonzaga é homenageado pelo Projeto Centenários em uma exposição interativa na Estação República, da Linha 4-Amarela. A partir desta quarta-feira (20). Quem passar por lá verá o espaço transformado em uma celebração da brasilidade em sua essência e riqueza da diversidade cultural do nosso país.

A mostra é regada a música e elementos da cultura nordestina que valoriza e celebra a trajetória e a influência do coroado Rei do Baião com uma trilha da trajetória e da influência de um dos maiores nomes da música popular brasileira.

A programação também inclui um tour guiado com os curadores da exposição, Isa Ferraz, Marcos Ferraz e Paulo Vanderley Tomaz, que apresentaram ao público detalhes sobre a vida e a obra de Luiz Gonzaga, além de curiosidades sobre a montagem da mostra. O mezanino da Estação República foi transformado em um autêntico 'arraiá' com cores, sons e sabores típicos das tradicionais festas de São João.

Segundo a Motiva, organizadora da exposição, o convite é para que os clientes da ViaQuatro experimentem a sonoridade e o legado do artista em diversos ambientes da Estação República com espaços criativos e sensoriais. As Escadas que Cantam trazem adesivos com títulos de músicas famosas, como Assum Preto e Asa Branca. Já a tradicional Vitrine do Baião reúne instrumentos típicos, sanfona, triângulo e zabumba, além de rádios antigos e roupas características, como chapéu de couro e gibão, recriando o universo do artista.

As portas das plataformas são decoradas com fotografias de casas e paisagens do sertão nordestino, proporcionando uma imersão visual que transporta os visitantes para o universo das letras do cantor. Um painel horizontal apresenta a linha do tempo da vida de Gonzaga, exibindo fotos, ilustrações e documentos históricos de jornais, revistas e registros visuais que contextualizam a sua trajetória pessoal e artística.

As pilastras da estação também revelam curiosidades e histórias pouco conhecidas do artista em Causos de Gonzaga, enquanto a Vitrine de Discos exibe exemplares originais da discografia do cantor. Na área Luiz Gonzaga Xaxando, vídeos icônicos são projetados em telas de LED com fones individuais e acesso via QR Code. O público também pode conferir frases marcantes e trechos de músicas no painel “Palavras que Sussurram Memórias” e acessar playlists temáticas por meio de QR Codes distribuídos ao longo da estação.

Segundo a presidente do Instituto Motiva, Renata Ruggiero, a homenagem reforça o compromisso do instituto de democratizar o acesso à cultura, aproximando o público das diferentes formas de arte que enriquecem o patrimônio cultural brasileiro e inspiram as próximas gerações.

“Luiz Gonzaga é um ícone da brasilidade e sua obra revela a alma e a diversidade cultural do nosso país. Como quinto homenageado do Projeto Centenários, celebramos não só seu talento, mas também as tradições nordestinas que ele trouxe para o Brasil e o mundo”, disse.

Luiz Gonzaga nasceu em 1912, na cidade de Exu, em Pernambuco, e ficou conhecido por popularizar ritmos nordestinos, como baião, xote e forró, com sua sanfona e voz marcante. Além disso, foi fundamental para levar a cultura do Nordeste a todo o país, fortalecendo a identidade regional e influenciando diversas gerações de artistas.

Pelas redes sociais Daniel Gonzaga postou:

Gonzagão agora é estação obrigatória a caminho da Luz.

Estivemos hoje na estação da Luz em um evento da @viaquatrosp aonde foi anunciado a permanência por um ano de uma exposição (que faz parte de um projeto chamado “Centenários”) gratuita sobre Luiz Gonzaga.

Achei uma iniciativa criativa e um jeito objetivo de levar cultura gratuita e de qualidade para os espaços públicos. Ocupa-los.

Lembrei de Cláudio Baltar: Ver a cidade. 

Transportem-se até lá e acessem o material que está por lá exposto. 

A ação atinge outros artistas, como por exemplo Cecília Meirelles, na estação próxima.

Ouvi dizer que outros estão a caminho.

Se está nas mãos do @paulovanderley_ e da @isagrinspum já tem o caminho certo.

Eu sou a favor de cultura em espaços públicos. E você?

É a favor de arte no metrô?

Só a arte e a cultura combatem o fascismo.

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GOVERNO FEDERAL ESTUDA SUBSIDIO PARA O SETOR DE FRUTICULTURA DO VALE DO SÃO FRANCISCO

O governo federal está estudando subsidiar o setor de fruticultura do Vale do São Francisco para mitigar os prejuízos causados pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Os prejuízos podem chegar a R$ 150 milhões só para a manga. O Ministério da Fazenda está consolidando as propostas e analisa a criação de um mecanismo emergencial de subvenção para exportação, especialmente da manga, produto altamente perecível e com forte peso na balança comercial da região produtora.

Após a reunião com governadores do Nordeste, na última terça-feira, o governo federal passou a entender a gravidade da situação, dada a urgência logística e a perecibilidade da manga. Cerca de 15% da manga do Vale é exportada para os Estados Unidos. A janela de exportação da manga, que vai de agosto a novembro, movimenta US$ 46 milhões. O subsídio garantiria um preço mínimo ao produtor para as exportações afetadas.

Os bancos públicos foram solicitados a colaborar. Medidas como flexibilização das linhas de crédito para os produtores atingidos, renegociação de dívidas e criação de linha especial de crédito estão em análise.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, que acompanhou a governadora Raquel Lyra na reunião em Brasília com o ministro Fernando Haddad, o governo federal também estuda autorizar medidas como a compra direta dos produtos de exportação afetados, ou seja, sem necessidade de licitação (possivelmente via uma lei temporária). Frutas e pescados por exemplo, também muito afetados, poderiam compor a merenda escolar.

Governo federal avalia subsídio e compra direta para conter crise na fruticultura. O anúncio dessas medidas federais é esperado para a próxima semana. Enquanto isso, seguem as articulações diplomáticas para ampliar a lista de exceções tarifárias junto aos EUA. O entendimento é que a canetada para resolver 90% do problema da manga e do açúcar.

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IRANILDO MOURA LEAL UM ARTISTA PETROLINENSE

 O petrolinense Iranildo Moura Leal, 78 anos é artista plástico e colecionador de raridades. Entre o acervo de Iranildo está uma amostra de fotos antigas da cidade de Juazeiro e Petrolina. O blog destaca a ponte Presidente Dutra e a linha do trem e o Rio São Francisco em tempos de cheia.

Nas ruas, o asfalto substituiu as pedras e o chão batido de terra que faziam parte do cenário de antigamente. Os poucos casarões e prédios históricos que restaram remontam uma época que ficou na memória apenas dos petrolinenses mais antigos. Mas quem quer conhecer mais sobre a história da cidade pode recorrer ao acervo do Arquivo Histórico de Iranildo Moura.

Iranildo possui cerca de 3 mil filmes, incluíndo a história de Lampião. Discos vinil de Luiz Gonzaga e Roberto Carlos entre outros.

Iranildo Moura Leal nasceu em Petrolina, Pernambuco. A infância e adolescência foi vivida na beira do Rio São Francisco. Quando criança viveu em Casa Nova, Bahia. Ali entre os 8 anos e 12 anos conta que vivia olhando os barcos, os vapores que navegavam no rio São Francisco. "Entao comecei a pintar e fazer quadros. Expressar a natureza e a vida através da pintura", conta Iranildo.

EM 2019 o site oficial do cantor e compositor Roberto Carlos, um dos artistas mais populares da América Latina destacou quadros presenteados a Roberto Carlos por Iranildo Moura na década de 70. "Fiquei muito gratificado. Sem palavras tamanho o orgulho". Iranildo conta que até hoje é um dos privilegiados quando o cantor Roberto Carlos faz show em Petrolina e não foi diferente agora em 2025, estive prestigiando o cantor. 

Em contato com a REDEGN, Iranildo lembrou de uma exposição realizada na Biblioteca da Universidade do Estado da Bahia, Campus III, Juazeiro. "Em 2019, a a Exposição Luiz Gonzaga 30 anos de Saudades foi promovida pela Biblioteca do Campus III e teve como objetivo manter um diálogo com a comunidade acadêmica, alunos e público em geral provocando o interesse pela leitura e saberes", disse Iranildo.

A EXPOSIÇÃO do artista plástico Iranildo Moura Leal é composta por sete quadros com pinturas sobre tela e retrata Luiz Gonzaga, o Rei do Baião e paisagens tipicamente sertanejas. Para o artista plástico Iranildo Moura a arte não é profissão é sentimento. “É o desenvolvimento do interior que se torna universal e é como o amor ilimitado. Se a alma é arte então sou artista e agradeço a UNEB a oportunidade de mostrar o meu trabalho”, disse.

Na época o bibliotecário e mestre em Ciência da Informação e doutor em Ecologia Humana Regivaldo Silva (Régis) explicou que as telas pintadas pelo artista plástico Iranildo Moura chamara a atenção dos visitantes.

 “Primeiro em nome da diretoria da Uneb agradecemos a sensibilidade do artista Iranildo Moura. A proposta foi trazer um pouco de conhecimento, cultura e arte para a UNEB. A Biblioteca produz  atividades além dos livros, da leitura que já oferecemos. Nosso objetivo é trazer histórias positivas do convívio com o sertão para que eles possam passar essas informações sobre os ícones da história a partir do Nordeste para a geração que hoje muitas vezes não conhece", disse Regis.

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ARCO-IRIS DUPLO COLORE O CÉU DE EXU

O céu de Exu Pernambuco, Terra de Luiz Gonzaga ganhou cores diferentes no fim da tarde deste sábado (16). Um arco-íris duplo foi flagrado na localidade do Sítio Milho Verde, Chácara Lica Fontes e encantou aqueles que puderam ver o fenômeno raro. 

Diante da beleza da natureza, assim que viram o arco-íris duplo, os Advogados Anunciado Saraiva, Junior Parente e o cantor Tarcyo Carvalho, não hesitaram em fazer imagens e fotografar. O video foi enviado com exclusividade para a REDEGN.

"É a perfeição da natureza. Estávamos proseando e a esperança era que ia chover e então veio esse espetáculo da natureza, que agradecemos ao Grande Arquiteto do Universo-Deus. Divino. Muito bonito", disse Anunciado

Especialistas em fotografia analisam que há poucas visões na natureza tão hipnoticamente belas quanto um arco-íris. Uma efêmera maravilha que aparece em nossa realidade, pintando o céu com um espectro de cores, desde o audaz vermelho até o delicado violeta, e em seguida desaparece tão subitamente quanto surgiu. Essas brilhantes faixas de luz têm fascinado a humanidade ao longo dos séculos, surgindo em histórias, canções e até mesmo em mitos de criação ao redor do mundo.

Mas o que é ainda mágico do que simplesmente testemunhar um arco-íris é o ato de capturá-lo em uma fotografia, congelando esse breve instante de deslumbramento para que ele possa ser apreciado repetidamente.

'Capturar fotos incríveis de arco-íris, tecendo o encanto da ciência, da arte e da paixão, no final das contas, a fotografia de um arco-íris não é apenas sobre como enquadrar a luz e a cor, mas sobre capturar aquele raro e efêmero momento de espanto e maravilha", explica Rodrigo Marques, fundador do Clube da Fotografia.

Nas redes sociais muitos internautas se emocionaram. "É um presente de Deus. Lindissimo e assim ficou espetacular...Me emocionei de ver tanta beleza”, “uma verdadeira arte de Deus”, exclamaram.

ARCO-IRÍS NA CIÊNCIA:  De acordo com o astrônomo e professor Rodrigo Raffa, o arco-íris é formado pela interação da luz solar com gotículas de água suspensas na atmosfera, especialmente após uma chuva. No caso do arco-íris duplo, a luz solar sofre uma reflexão adicional dentro das gotículas de água antes de sair, o que resulta na formação de um segundo arco, menos intenso.

"Ele é mais fraco porque parte da luz é dispersa em cada reflexão, diminuindo sua intensidade", explica.

Além disso, o astrônomo esclarece que a formação do arco-íris depende da posição do observador: "O arco-íris, na verdade, é um círculo completo. Nós acabamos observando apenas metade dele, cerca de 180 graus, porque a outra parte está abaixo do horizonte. Se estivermos em um local elevado, como em um avião, conseguimos ver o círculo completo."

A criação de um arco-íris envolve fenômenos ópticos como refração, dispersão e reflexão da luz solar nas gotículas de água. Quando a luz branca do sol entra em uma gota de água, ela muda de direção (refração) e se separa em diferentes cores devido à dispersão, já que cada cor tem um ângulo de desvio distinto.

A luz, então, reflete internamente na gota e sofre nova refração ao sair, intensificando a separação das cores. Esse processo ocorre simultaneamente em milhares de gotículas, resultando no arco multicolorido no céu.

O vermelho aparece no topo do arco porque é menos desviado, enquanto o violeta fica na base, sendo o mais desviado. Para que o arco-íris seja visível, o observador precisa estar de costas para o sol, já que o fenômeno ocorre quando a luz é refletida em um ângulo de 42 graus.

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ZÉ PRAXEDES E SUA PAIXÃO POR EXU DE LUIZ GONZAGA

A professora Thereza Oldam de Alencar, autora do livro Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-Pernambuco (Sesquicentenário 1868-2018), relata que a Igreja tem entre os devotos fiés um grupo de amáveis pessoas que, de tão assíduas, de tão abnegadas, tornaram-se conhecidas e queridas. José Praxedes dos Santos e a Banda de Pífanos são bons exemplos.

Seu Zé Praxedes nasceu no dia 5 de janeiro 1932 e agora tem 93 anos.

Antes deste período da pandemia, seu Zé Praxedes "batia todos os dias o ponto", no Parque Aza Branca e dele se escutava parte da história de Luiz Gonzaga e suas andanças e amor por Exu.

Durante a pandemia numa conversa com José Praxedes dos Santos, este é o nome de batismo dele, a reportagem da REDEGN, visitou Exu e diante do isolamento social peguntou a seu Praxedes; e a vida como está?. Ele não respondeu a pergunta se Exu já tinha vivido um momento assim, de isolamento social: Seu “Zé Praxedes chorou. 

Zé Praxedes possui nestes 93 anos de vida, uma caminhada marcada pelo vínculo com a família de Luiz Gonzaga. Profissão Vaqueiro. Durante décadas traballhou  prestando serviços a “Seu Januário”, pai de Luiz Gonzaga. Praxedes é citado como sendo um “exímio dançador de forró e homem justo”,  no livro da professora Thereza Oldam Alencar, “Igreja de São João Batista do Araripe-Exu, Pernambuco-Sesquicentenário (1868-2018).

“Seu Praxedes é um dos Patrimônios Vivos da Cultura Gonzagueana. Seu universo é Exu, o Parque Asa Branca, o Araripe de São João Batista, o Sítio Ubatuba e Monte Belo, a Fazenda Caiçara, a Igreja de São João Batista, o Parque Aza Branca…”Seu Praxedes ” está presente em todos os momentos. É amor explícito, sem palavras. Sua presença tem voz. Cada pedaço desse mundo é Exu, os mistérios encantados da Chapada do Araripe”. 

HISTÓRIA: A história de fé da Igreja de São João do Araripe, no município de Exú, no Sertão pernambucano, é contada pela primeira vez no livro “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-PE – Sesquicentenário (1868/2018)”, de Thereza Oldam de Alencar. A obra foi lançada em 2018, com a presença de Seu Zé Praxedes, na própria igreja no dia 23 de junho, véspera de São João, ao final da nona noite do novenário.

O livro remonta a trajetória do Barão de Exú, bisavô da autora, que construiu a igreja como pagamento de uma promessa ao santo, e relembra as tradições e festejos até os dias atuais. Também traça a história da família Alencar, importante na política da região. Aos 91 anos, Thereza escreveu o livro à mão, durante quatro anos de pesquisas e entrevistas.

“Fui juntando peças e ouvindo a voz da tradição. Entrevistei octogenários que guardavam importantes informações e fui vendo se formar, diante de mim, uma linda história de amor e fé. Foram quatro anos de pesquisa e peleja, andando, trabalhando e trabalhando. E, também, me baseei em o que minha mãe – nora do Coronel João Carlos, criado pelo Barão – escreveu”, conta Thereza.

A história começa com a chegada dos Alencar, vindos de Portugal, ainda no século XVII, e vai até o Barão de Exú, Gualter Martiniano de Alencar Araripe, nas fazendas Araripe e Caiçara. Com o “caos de dor” trazido pela epidemia de cólera no Crato, vizinho a Exu, entre 1862 e 1864, o Barão fez uma promessa a São João, para que a doença não se alastrasse por seu povo. Com a graça alcançada, o fazendeiro iniciou a construção da igreja, inaugurada na véspera do Dia de São João em 1868. Em seu testamento, deixou expresso que seus descendentes cuidassem da igreja.

Os mais de 150 anos do Araripe também se entrelaçam com a vida de outro conhecido morador de Exu: Luiz Gonzaga. A bisavó do Rei do Baião se abrigou na Fazenda Caiçara, também do Barão, durante a peste de cólera. Foi na igreja que os pais de Gonzagão, Januário e Santana, se casaram. Gonzaga eternizou os 100 anos da igreja na canção “Meu Araripe”. Foi Thereza, a autora do livro, quem escreveu, inclusive, a apresentação do disco “São João do Araripe”, em 1968.

“Meu sonho é que a história dessa igreja seja disseminada por todos. Pelos devotos, pela nossa família, por Exu, por Pernambuco, pelo Brasil. É uma história simples e verdadeira e não pode ser esquecida. É um santuário de fé, patrimônio histórico e cultural do povo de Exu. Não é só um prédio bonito. Sua argamassa é feita de amor e fé”, conclui a autora.

Dividido em 12 capítulos, “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-PE – Sesquicentenário (1868/2018)” faz um passeio detalhados sobre esses 150 anos, misturando a história dos Alencar, dos Gonzaga, do município de Exu e do povoado do Araripe. Sua última parte, intitulada “Memorial Idílico do Araripe”, conta com depoimentos de 33 personalidades da região ou que têm uma relação de carinho com o lugar. Entre eles, o jornalista Francisco José e Dominique Dreyfus, biógrafa francesa de Luiz Gonzaga.

O livro tem prefácio escrito pelo advogado Dario Peixoto, filho de Thereza, e orelha da capa escrita pelo ator e humorista piauiense João Claudio Moreno. A contracapa tem autoria do marido da autora, Francisco Givaldo Peixoto de Carvalho, também escritor. E a orelha da contracapa, com perfil biográfico da autora, foi escrito pelo poeta e escritor cearense José Peixoto Júnior.

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AREIA MOSTRA CACHAÇA ACONTECE ENTRE OS DIAS 18 A 21 DE SETEMBRO

A cidade de Areia, conhecida como a Capital Paraibana da Cachaça, recebe entre 18 e 21 de setembro a 4ª edição do Areia Mostra Cachaça. O evento é promovido pela APCA, Associação dos Produtores de Cachaça de Areia, e será realizado no Centro de Ciências Agrárias, no Campus II da Universidade Federal da Paraíba. 

Com uma programação variada, o evento reúne palestras com especialistas, concurso de destilados, curso de sommelier em cachaça, visitas técnicas e uma feira com expositores do setor.

Mais do que celebrar a cachaça, o Areia Mostra Cachaça valoriza a cultura local, reunindo gastronomia regional, hospedagens aconchegantes, arte e música em um só espaço, reforçando o potencial turístico e econômico da região brejeira da Paraíba.

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ÁGUAS DO VELHO CHICO AVANÇAM E ELEVAM NÍVEL DO RIO PIRANHAS

O avanço das águas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) em direção ao Rio Grande do Norte alcançou, nesta quarta-feira (13), o município de São Bento, no sertão paraibano. Nos próximos dias, a água deve chegar ao território potiguar, beneficiando milhares de moradores do semiárido, incluindo municípios que enfrentam histórico de escassez hídrica. As medições feitas pelos técnicos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) apontaram uma elevação de 4 centímetros do nível do Rio Piranhas.

É a primeira vez que a água do PISF chegará, de forma regulamentada, ao semiárido potiguar. O processo de vazão começou na última terça-feira (5), a partir da Estação de Bombeamento EBI-1, no município de Cabrobó (PE), passando pela estrutura de controle da Barragem Caiçara, em Cajazeiras (PB). Na quarta-feira (6), o percurso seguiu pela Barragem Engenheiro Avidos e, na sexta-feira (8), pela Barragem de São Gonçalo, em Sousa (PB). Na terça-feira (12), a água alcançou os municípios de Pombal e Paulista, no norte da Paraíba.

Após São Bento, a água seguirá rumo à divisa com o Rio Grande do Norte e deve chegar no município de Jardim de Piranhas, já em solo potiguar, na sexta-feira (15). Depois, a água será destinada aos principais reservatórios do estado: a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, com capacidade de 742 milhões de metros cúbicos, e a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório do Rio Grande do Norte, com capacidade de 2,4 bilhões de metros cúbicos, localizado na bacia hidrográfica do rio Piranhas-Açu, nos municípios de Itajá, São Rafael e Jucurutu. Com a chegada da água nesses açudes, estima-se que milhares de pessoas serão beneficiadas, fortalecendo atividades econômicas locais e promovendo maior segurança hídrica para o estado.

O percurso até o território potiguar compreende 412 km e envolve um complexo sistema de reservatórios e canais. “Essa liberação de água é histórica para o estado do Rio Grande do Norte, porque é a primeira vez que está sendo liberada água da transposição do São Francisco, após manobras de testes feitas pelo governo passado. Nós, do MIDR, estamos atendendo ao pedido feito pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte e pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos”, disse o secretário Nacional de Segurança Hídrica do MIDR, Giuseppe Vieira.

A operação é resultado de uma articulação entre o Governo Federal e os governos estaduais da Paraíba e do Rio Grande do Norte, visando reforçar o abastecimento humano, irrigação agrícola e dessedentação animal em regiões historicamente afetadas pela seca. Técnicos do MIDR monitoram permanentemente a qualidade e quantidade de água, garantindo que a distribuição ocorra de forma eficiente e contínua.

Caminho das águas e PISF-O Projeto de Integração do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do país, no âmbito da Política Nacional de Recursos Hídricos. Com 477 quilômetros de extensão, distribuídos em dois eixos (Leste e Norte), o empreendimento assegura a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba — estados onde a estiagem é frequente.

Recentemente, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, percorreu trechos do chamado “caminho das águas”, acompanhando de perto o andamento das obras estruturantes que possibilitam a chegada das águas do São Francisco ao Rio Grande do Norte. “Essa liberação marca mais um avanço na missão de garantir segurança hídrica ao povo nordestino. O Rio Grande do Norte é uma das pontas dessa grande engenharia que é o PISF, e estamos chegando lá com planejamento, responsabilidade e olhar social”, afirmou Waldez Góes.

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ONILDO ALMEIDA 97 ANOS

Excepcionalmente, vou pedir licença aos leitores de O Poder para falar de Onildo Almeida, o primeiro parceiro musical do meu pai. Já publiquei esse texto no ano passado, mas hoje eu não poderia deixar de homenagear esse ícone do País de Caruaru, e do Brasil, o “Homem da Feira”, que está completando 97 anos, ainda com um vozeirão, encantando a todos. Parabéns, Onildo! Republico um artigo que escrevi nos seus 89 anos.

Há alguns anos, fui para a homenagem a Onildo Almeida. O evento, organizado pelo presidente do Instituto Histórico de Caruaru, Walmiré Dimeron, com o apoio do empresário Djalma Cintra Filho, aconteceu no Espaço País de Caruaru, do Polo Comercial. Na ocasião, houve o lançamento de um livro e a projeção de um documentário sobre o homenageado, uma exposição de discos e fotos do seu acervo pessoal, além de depoimentos de amigos e familiares e de um bate papo com o compositor. Emocionado, Onildo agradeceu, cantando várias de suas canções, entre elas a imortal “A Feira de Caruaru”. Sensacional!

Voltei para casa tão entusiasmada que decidi, também, homenageá-lo, escrevendo algumas linhas sobre ele. Para tanto, procurei dados nos escritos do meu pai, que era fã do seu primeiro parceiro musical. Muitos não sabem, mas a primeira música que Seu Nelson compôs, em 1957, foi “Capital do Agreste”, em parceria com Onildo. Uma homenagem ao centenário da cidade. Gravada por Luiz Gonzaga em disco de 78 rpm, junto com “A Feira de Caruaru”, fez sucesso na época.

Encontrei vários registros nelseanos sobre Onildo. Escolhi trechos do livro “Vasto Mundo – Panorama visto do Monte” (1981): “Antigamente se dizia que todo 13 de agosto é dia de o Diabo andar solto no meio do mundo, dia aziago, por conseguinte. Pois bem, sem ser diabólico e sem ter cauda de capiroto, deu as caras neste vale de lágrimas, exatamente em 13 de agosto de 1928, um velho e querido amigo meu: Onildo Almeida, o menino da Ponte Velha, no País de Caruaru, filho de Zinha, que era excelente tocador de bandolim, violão, banjo e violino, integrante destacado da orquestra de cordas do saudoso Bloco Carnavalesco Lira Independente, dos velhos carnavais caruaruenses. 

Zinha era José Francisco de Almeida, comerciante de secos e molhados, casado com Flora Camila de Carvalho Almeida, havendo, por seu leito, os seguintes filhos: Ivanilda, Onildo, Letícia, Idelcina, José, Zenilda e Cleide”. Consta ainda no referido livro que: “Onildo, com apenas oito anos de idade, já cantava no coro da igreja evangélica; foi oficial de alfaiate, aprendiz de João Boinha, na Alfaiataria João Barbalho; fez o curso secundário no Ginásio de Caruaru, no tempo de Dr. Luiz Pessoa; na vida artística, estreou como crooner de orquestra matuta na sede do Esporte Clube Caruaruense; sua primeira composição musical, em 1945, foi o fox intitulado, ‘Não me abandones’; ainda em 45, chegou a tocar na Jazz Acadêmica, no Recife, mas seu lugar era Caruaru, onde se realizaria como músico e excelente compositor que é; a sua grande chance profissional ocorreu em setembro de 1951, com o surgimento da Rádio Difusora de Caruaru, na qual integrava o conjunto vocal, ‘Os Caetés’, junto com o inesquecível Luiz Queiroga e outros rapazes; na Difusora, Onildo foi homem de sete instrumentos: cantor, controlist a, redator, crítico musical, a gota”.

Por fim, seu Nelson afirma “Onildo Almeida, um nome que é uma legenda no cancioneiro popular nordestino, oxente!”. Esta é a minha homenagem a esse ícone do País de Caruaru!

Valéria Barbalho é médica e cronista.

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BEBÊS PREMATUROS NO CEARÁ PREFEREM O BALANÇO DA REDE

O Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, atende cerca de 55 municípios cearenses e é referência no estado em técnicas não invasivas para a recuperação de prematuros. Uma delas é a redeterapia, usada com bebês com quadro clínico estável.

Rafaela e a mãe, a professora Jamile Lima, ainda experimentam os benefícios do tratamento feito na unidade. Após complicações durante a gravidez, Rafaela veio ao mundo prematuramente, no dia 9 de agosto deste ano.

Com 28 semanas incompletas de gestação e apenas 730 gramas, a pequena Rafaela figura no quadro de bebês prematuros extremos. Mãe e filha foram atendidas na Unidade Neonatal do HRN e ainda aguardam a tão esperada alta médica.

O HRN conta a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), que atende prematuros em quadros clínicos mais complicados, além das unidades de Cuidado Intermediário Convencional (Ucinco), para pacientes com dificuldades na amamentação, por exemplo, e a de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (Ucinca), onde Rafaela e a mãe estão. A unidade acentua o ganho de peso das crianças prematuras saídas da Utin.

O Hospital Regional trabalha com foco nas ações conjuntas e em atividades terapêuticas. “O bebê ainda não consegue ficar muito do colo e na redinha ele fica mais aconchegado. A rede adequada ao seu tamanho faz com que ele se sinta abraçado e o nível de oxigênio melhora”, detalha a coordenadora do Serviço de Neonatologia, Cristiane Lemos.

“Ela está com 1,524 Kg e a previsão é que a gente saia quando ela estiver com 1,800 kg. Cada graminha é uma conquista”, conta Jamile. No Projeto Canguru, o vínculo entre mãe e filha se tornam ainda mais forte, o que ajuda, também, na recuperação das duas. “Fico no quarto com outras mães e eu que dou banho, remédio, tudo com o acompanhamento dos médicos”, lembra.

Rafaela e Jamile passaram por todas as unidades de atendimento neonatal do Hospital Regional. Agora, com quadro bastante evoluído, mãe e filha estão quase prontas para ir para casa. “Aqui nós temos formações e por isso meu sentimento hoje é de segurança. A gente foi lutando e hoje está tudo bem. Eu vou pra casa já segura de como cuidar da minha filha”, conta Jamile.

É direito de pais e mães ter livre acesso ao recém-nascido quando necessário o internamento após o parto, mesmo que a criança dê entrada em Unidades de Terapia Neonatal Intensiva (UTI Neonatal).

Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 10% dos bebês nascem antes do tempo no País, quadro que pode trazer complicações à saúde das crianças.

Além disso, segundo o Ministério da Saúde, o tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é obrigado a fornecer uma atenção humanizada não só ao recém-nascido, mas também a toda sua família.


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UNIVASF LANÇA CAMPANHA CONTRA ASSÉDIO MORAL E SEXUAL, DISCRIMINAÇÃO

A Comissão de Combate ao Assédio e à Discriminação (CCAD) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) lança nesta segunda-feira (11) uma campanha de sensibilização contra o assédio moral e sexual e a discriminação. A campanha tem como ideia central “Assédio e Discriminação: problema de todos, responsabilidade coletiva” e visa sensibilizar a comunidade acadêmica para a compreensão de que este é um problema que diz respeito a todos e suas consequências devem ser assumidas de forma coletiva, despertando o compromisso para a mudança.

A ação será realizada via redes sociais oficiais e com a fixação de cartazes em locais estratégicos em todos os campi da Univasf. O primeiro cartaz tem como mensagem “Não é brincadeira, se ofende!” e reafirma que ofensa disfarçada de brincadeira afeta o bem-estar do indivíduo e exige o cuidado de todos.

A campanha de sensibilização é parte das ações da Comissão de Combate ao Assédio e à Discriminação (CCAD) e integra o Plano Setorial de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação (PSPEAD) da Univasf, que estabelece as diretrizes para a prevenção e o combate ao assédio moral e sexual e a discriminação no âmbito da Instituição. O Plano completo, elaborado pela CCAD, está disponível para acesso no site da comissão.

Para falar com a Comissão de Combate ao Assédio e à Discriminação (CCAD) da Univasf basta enviar mensagem para o e-mail: ccad@univasf.edu.br.

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EVASÃO ESCOLAR É QUESTÃO DE ESTADO, DIZ LULA

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou nesta segunda-feira (11) o Prêmio MEC da Educação Brasileira a estudantes, municípios e escolas da rede pública do país. A cerimônia foi realizada no Palácio do Planalto.

A premiação foi entregue a 116 projetos, escolhidos por apresentarem melhores práticas de inclusão e diversidade, qualidade da educação pública, desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), acesso e permanência, avanço na alfabetização e educação em tempo integral e desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir da análise de dados da educação básica e outros indicadores, segundo informou o Ministério da Educação.

Em discurso, Lula destacou que uma das prioridades do governo é o investimento em educação, citando a criação do programa Pé-de-Meia, voltado a estudantes de baixa renda do ensino médio da rede pública inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico).

A iniciativa funciona como uma poupança com o objetivo de promover a permanência na escola e a conclusão desta etapa de ensino.

“[Evasão escolar] é um problema do governo, do Estado. O Estado não pode transferir a sua responsabilidade para a família ou para Deus. É preciso que a gente assuma a responsabilidade e, por isso, criamos o Pé-de-Meia”, afirmou Lula, ao criticar falta de investimentos de governos passados no setor.

“Não é possível fazer [educação] de graça. Ela custa”, destacou o presidente, que também citou a necessidade de infraestrutura escolar, laboratório e contratação e pagamento de professores.

O presidente disse ainda que o governo federal tem articulado com estados e municípios o cumprimento da meta de alfabetizar 80% das crianças até o 2° ano do ensino fundamental até 2030.

Prêmio MEC da Educação Brasileira

Dos premiados, 54 foram alunos que obtiveram maiores notas na redação do Enem, além de quatro estados, 35 municípios e 20 escolas pelos altos desempenhos em oito categorias: educação infantil, alfabetização, anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental, ensino médio, Enem, educação em tempo integral e educação profissional e tecnológica. Também foram homenageados 49 professores. 

Os vencedores receberam troféus, medalhas, certificados e prêmios entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. Os valores deverão ser usados para melhoria da infraestrutura escolar e reconhecimento dos profissionais de educação.

“A sensação que eu tive aqui ao entregar esse prêmio para vocês é como se eu estivesse entregando o Oscar da resiliência, da teimosia para pessoas que acreditam que não há nada impossível neste planeta quando a gente tem vontade. Não existe espaço para desanimar”, afirmou Lula ao se referir ao Prêmio MEC.

A entrega da premiação teve a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, de secretários de educação, estudantes, professores, parlamentares e ministros de outras pastas.

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TRANSIÇÃO ECOLÓGICA: CÁRITAS PROPÕE PROTAGONISMO DE POVOS TRADICIONAIS

A menos de três meses da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), a Cáritas Brasileira divulgou nesta segunda-feira (11) um documento que reúne propostas para uma transição ecológica pautada por justiça climática e protagonismo das comunidades tradicionais.

Com o título Documento de Posições da Cáritas Brasileira para a COP30: Por uma transição justa, inclusiva, popular e democrática, o texto sistematiza iniciativas de enfrentamento aos principais desafios relacionados à crise climática, em defesa da vida e da construção de alternativas sustentáveis.

De acordo com a diretora-executiva da Cáritas Brasileira, o documento é reflexo de um trabalho de fortalecimento e promoção de iniciativas pela transição ecológica justa no Brasil, que já é desenvolvido pelo organismo humanitário.

“A Cáritas Brasileira acredita que, para construir uma sociedade do bem viver, nós precisamos ter uma forte relação de sustentabilidade com o meio ambiente e todos os seres vivos”, reforça.O documento reúne propostas em sete eixos temáticos:

financiamento;

perdas e danos;

refúgio climático para atingidos pela crise;

iniciativas de tecnologias sociais;

agroecologia e segurança alimentar;

mitigação e direitos humanos e ambientais;

e transição energética.

Estão incluídas soluções internacionais, como o reconhecimento da dívida ecológica histórica dos países do Norte Global e mais desenvolvidos para com o Sul Global, e nacionais, como mais atuação do governo brasileiro para garantir estratégias de financiamento climático viáveis e com acesso direto aos recursos por parte de comunidades e organizações locais.

Também é proposta a integração das ações de mitigação das emissões, apresentada na forma de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês) às agendas de direitos humanos e ambiental.

Outra sugestão é o reconhecimento da agroecologia como estratégia de garantir sustentabilidade alimentar e a instituição de consulta às comunidades tradicionais sobre iniciativas que afetam seus territórios.

De acordo com a Caritas Brasileira, que tem origem na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e reúne 198 entidades em todo o país, a proposta será levada aos diversos ambientes de negociação da COP30. O objetivo é garantir que as demandas resultantes da escuta e das experiências da rede em todo o país cheguem aos tomadores de decisões.

“Essas demandas são urgentes, porque dizem respeito a demandas reais de povos originários, comunidades tradicionais, comunidades rurais, urbanas e periféricas, que no final são os mais atingidos pela emergência climática e são os que menos contribuem para ela”, destaca Lucas D’Avila, assessor nacional da Cáritas Brasileira. (Agencia Brasil)

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GOVERNO LANÇA CONSULTA PÚBLICA SOBRE SUSTENTABILIDADE DO JORNALISMO AMBIENTAL

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), por meio da Secretaria de Políticas Digitais (SPDIGI), lança nesta segunda-feira, 11 de agosto, a Consulta Pública de Tomada de Subsídios sobre Sustentabilidade do Jornalismo Ambiental e sobre a Amazônia. A iniciativa tem como objetivo reunir contribuições para fortalecer o jornalismo voltado à cobertura ambiental e à região amazônica, especialmente em um contexto de recentes ameaças à liberdade de imprensa, à segurança de comunicadores e à integridade da informação.

Apesar de o Brasil ter avançado 47 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a segurança de jornalistas e comunicadores, especialmente os que atuam na cobertura socioambiental, continua sendo um desafio.

A consulta pública ficará aberta até 7 de setembro de 2025, na Plataforma Participa + Brasil. Ela é direcionada a jornalistas, comunicadores(as), veículos de mídia, especialistas, representantes de instituições públicas e da sociedade civil. O objetivo é diagnosticar os desafios enfrentados por quem atua na cobertura ambiental e da Amazônia, identificar formas de apoio à sustentabilidade do setor e receber sugestões para políticas públicas que garantam condições seguras, plurais e democráticas para o exercício da comunicação. A Consulta Pública tem como objetivo o desenvolvimento de diagnóstico sobre a temática. Denúncias que precisam de ações do Estado devem ser enviadas ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

A consulta está dividida em quatro eixos principais:

Violências contra comunicadores ambientais e da Amazônia

Proteção e segurança no exercício do jornalismo

Promoção e acesso à informação sobre meio ambiente e Amazônia

Desafios e especificidades da cobertura na região amazônica

MESA DE TRABALHO CONJUNTAS - O questionário da consulta foi elaborado pela Mesa de Trabalho Conjunta sobre a implementação das medidas cautelares MC-449/22, concedidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em favor de Bruno Pereira, Dom Phillips e de membros da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). A mesa é resultado de um acordo entre o Estado brasileiro, beneficiários e representantes das vítimas, com o objetivo de fortalecer a proteção de comunicadores, defensores ambientais e lideranças indígenas na região.

Antes do lançamento oficial da consulta, representantes da Secom/PR integraram missão interinstitucional ao Vale do Javari (AM), coordenada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), que reuniu diversos órgãos federais, familiares das vítimas e organizações da sociedade civil. Durante a missão, foi realizada uma reunião da Mesa de Trabalho Conjunta na sede da Univaja, com escuta ativa de comunicadores locais e articulação de ações imediatas de proteção coletiva.

Como parte da missão, foi promovido o primeiro momento de escuta pública, por meio do debate “Jornalismo, comunicação e desinformação na Amazônia”, com comunicadores locais. A atividade teve como foco a identificação de demandas regionais específicas e marca o início do processo participativo de construção de políticas públicas voltadas à sustentabilidade do jornalismo ambiental.

A escuta realizada por meio da Tomada de Subsídios articula-se também com os compromissos da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, lançada pelo Brasil, Nações Unidas e Unesco em 2024. A iniciativa propõe uma abordagem ampla para garantir a integridade das informações relacionadas à crise climática e ao meio ambiente — pilar essencial para o fortalecimento do jornalismo socioambiental.

SUSTENTABILIDADE - Para a SPDIGI, garantir a sustentabilidade do jornalismo significa ir além da viabilidade econômica: trata-se de promover um ecossistema informativo livre, seguro, diverso e acessível. Isso envolve:

Condições dignas para o exercício da atividade jornalística;

Garantias legais e institucionais à liberdade de imprensa;

Ambientes digitais mais transparentes;

Proteção à integridade física e mental de comunicadores;

Políticas públicas que fomentem inovação, pluralismo e diversidade.

A consulta pública é uma ferramenta de escuta ativa da sociedade e parte fundamental do processo de formulação de políticas públicas orientadas pelos direitos humanos, pela justiça climática e pela democratização da comunicação.

Como participar: Acesse a consulta pública pela plataforma Participa + BrasiI.

Para envio de estudos e materiais complementares (até 20MB), utilize o e-mail dlib@presidencia.gov.br. Assunto: “Tomada de Subsídios – Jornalismo Ambiental”).

As contribuições recebidas serão consolidadas em relatório público e subsidiarão ações, programas e marcos normativos em elaboração pela Secom/PR.


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PESQUISADORES PROPÕEM ESTRATÉGICAS DE COMBATE AO MICROPLÁSTICO

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lança nesta quinta-feira (7) o relatório Microplásticos: um problema complexo e urgente. O documento analisa os efeitos do descarte inadequado do material e propõe estratégias de combate aos minúsculos fragmentos que contaminam o meio ambiente, especialmente rios e oceanos.

Segundo levantamento bibliográfico dos pesquisadores, o Brasil contribui anualmente com até 190 mil toneladas do volume total de lixo no ambiente marinho. A estimativa de produção de plástico no mundo é de 400 milhões de toneladas ao ano, sendo menos de 10% reciclado.

Cerca de 80% dos resíduos plásticos que chegam ao mar vêm de atividades realizadas em terra, como turismo, indústria, ocupação urbana desordenada e má gestão de resíduos sólidos. Os outros 20% vêm de atividades realizadas no próprio mar, como transporte marítimo e pesca.

“Enfrentar a poluição por microplásticos exige uma ação coordenada entre governo, setor produtivo, comunidade científica e sociedade. Precisamos rever estratégias nacionais e investir em educação, inovação e regulação para proteger a saúde humana e os ecossistemas”, defende a presidente da ABC, Helena Nader.

Quando chegam ao oceano, os resíduos sofrem dispersão por meio de marés, correntes e ventos. E aí, vêm diferentes impactos ambientais, sociais e econômicos. Eles podem ser ingeridos por animais marinhos e outros seres vivos da cadeia alimentar marítima.

Microplásticos também são encontrados em órgãos do corpo humano, o que representa riscos à saúde. Estudos encontraram microplásticos em placentas e cordões umbilicais de gestantes. 

“O relatório propõe um conjunto robusto de ações concretas, que exigem a atuação coordenada entre governo, setor produtivo e sociedade. Não podemos mais tratar os plásticos como descartáveis. É hora de assumir a responsabilidade pelo ciclo completo desses materiais, desde a produção até o descarte e a reciclagem”, avalia Adalberto Luis Val, vice-presidente da ABC para a Região Norte e coordenador do grupo de trabalho sobre microplásticos.

Estratégias de combate-Para reduzir o impacto desse tipo de poluição, os pesquisadores propõem seis caminhos:

Governança: revisar o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar de 2019, com reforço no combate aos microplásticos; fortalecer a discussão e implementação do Tratado sobre a Poluição Ambiental por Plásticos;

Ciência, tecnologia e inovação: aumentar investimentos em reciclagem no país; reutilizar os produtos plásticos; substituir polímeros sintéticos por polímeros biodegradáveis em produtos descartáveis;

Fomento e financiamento: criar mecanismos de avaliação de riscos de saúde e demais ações para mitigar os efeitos da poluição plástica, como usar nanotecnologia para impulsionar o reaproveitamento do material;

Capacitação: qualificar catadores, ajudando na formalização do trabalho, e capacitar professores em escolas de nível fundamental e médio;

Circularidade dos plásticos: buscar mudanças na legislação para tratar do descarte apropriado e recolhimento de materiais plásticos separadamente;

Educação ambiental e comunicação: criar política governamental para estimular a educação ambiental, especialmente para trabalhadores das fábricas, empresários e agronegócio; criar campanha sobre descarte e reciclagem de plásticos.

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