LUIZ GONZAGA SIMBOLO MAIOR DA MÚSICA BRASILEIRA

LUIZ GONZAGA é o símbolo maior da música nordestina em todos os tempos e por conseguinte, um dos grandes expoentes de nossa música popular.  Cantor, compositor e instrumentista de acordeão - sanfoneiro, como preferem os sertanejos - foi um ídolo não apenas regional, mas em todos os quadrantes, com um lugar especial e permanente no coração de todos os que amam a música do Brasil. 

LUIZ GONZAGA do Nascimento nasceu em 13.12.1912, na Fazenda Caiçara, propriedade da família Alencar, nascente do Riacho da Brígida, município de Exu, na Serra do Araripe, Pernambuco, bem na divisa Norte desse Estado com o Ceará, no sertão. Era o segundo dos nove filhos do lavrador, sanfoneiro e consertador de sanfona Januário José dos Santos e sua mulher Ana Batista de Jesus, que todos chamavam de Santana. 

Ainda menino se interessou pelo oito baixos de seu pai, a quem ajudava na animação de festas religiosas e forrós. Aprendeu também a tocar zabumba e a cantar os benditos das novenas. Com 17 anos, saiu de casa e foi se alistar como voluntário no 22º Batalhão de Caçadores do Exército em Fortaleza. Quase imediatamente, 1930, rumou com seu batalhão para a Paraíba, agitada com a revolta de Princesa.

Os acontecimentos políticos evoluíram e, com a vitória de Getúlio Vargas, haveria a adesão do seu comando aos revolucionários e deslocamentos da tropa para Belém do Pará, Teresina, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a fim de pacificar os resistentes. Em Belo Horizonte, o corneteiro Luiz Gonzaga ganha o apelido de "Bico de Aço". Tocando sua corneta segue, em 1932, para São Paulo, no movimento constitucionalista, e para Mato Grosso, porque a guerra do Chaco, entre o Paraguai e a Bolívia, exigia a guarda de nossas fronteiras. Dizia sobre esses tempos e essas andanças: "Nunca matei ninguém. O que eu queria era ser sanfoneiro." 

Já em época de calmaria, serve em Juiz de Fora e Ouro Fino, em Minas Gerais. Em 1939, depois de 10 anos de Exército - uma nova lei impedia o reengajamento além desse tempo - tem baixa da caserna. Em vez de voltar a Exu, resolve ficar no Rio de Janeiro, tinha desembarcado na companhia de uma sanfona branca comprada há pouco em São Paulo. Sua platéia nessa aventura está nas ruas, nos bares, no Mangue, passando o pires, com um repertório ao gosto dos marinheiros e suas mulheres de ocasião: tangos, boleros, valsas, canções, foxes. 

Certa noite, um grupo de universitários cearenses o desafia a voltar às suas origens de sanfoneiro do Araripe. Para satisfazê-los nas suas saudades, retira da memória xaxados, cocos, xotes, chamegos. Brota-lhe então o ideal de um dia tocar a "sua" música para todo o povo do Sul. 

Precisa superar o receio de não agradar tocando autêntica música do sertão nordestino. No programa de calouros de Ary Barroso apresenta seu chamego Vira e Mexe. A ironia do temível Ary apresenta seu chamego Vira e Mexe. A ironia do temível Ary queda-se em silêncio de aprovação e nota máxima, confirmando os aplausos do auditório. 

Voltaria mais um tempo às ruas, bares e cabarés baratos, com o mesmo repertório de sobrevivência. Certo dia é levado à R.C.A. Victor para acompanhar uma gravação e tem a oportunidade de tocar o Vira e Mexe para o diretor-artístico. É de pronto escalado para gravar seu próprio disco, aliás dois, como solista de acordeão: Véspera de São João/Numa Serenata (disco 34.744) e Saudades de São João Del Rei/Vira e Mexe (34.748), tudo no mesmo dia, 14.3.1941. 

Começa a chover no roçado de Luiz Gonzaga. É contratado por Renato Murce para tocar na Rádio Clube do Brasil por 400 mil-réis mensais. Com os 300 mil-réis que lhe vinham da venda dos discos, todo mês, e mais o dinheiro dos circos e das casas noturnas, agora de outra categoria, consegue os meios para espantar as dificuldades. 

Buscava mais do que rendimentos. Sonhava mergulhar na música nordestina, apresentá-la a todo o Brasil na sua autenticidade e riqueza, como fazia Pedro Raimundo com a gaúcha. Ia aos poucos vencendo os preconceitos e a resistência das rádios e de sua gravadora. Queriam Luiz, mas apenas o instrumentista. Na troca da Rádio Tamoio pela Nacional, é finalmente aceito como cantor no programa de Paulo Gracindo, que populariza sua apresentação: Com sua sanfona e sua simpatia, Luiz "Lua" Gonzaga!. 

Cantar em disco, porém, não foi menos fácil. Só aconteceria em 1945, com a mazurca Dança Mariquinha (disco 80-0281), de sua parceria com Miguel Lima. Contrariando os "entendidos", em pouco tempo era ídolo, de ponta a ponta, do país, como poucos em nossa história musical. 

Atrás do Luiz Sanfoneiro vinha o Luiz Compositor, que procurava em terra carioca letristas que soubessem vestir suas melodias com a poesia e a alma do nordeste: Miguel Lima, Lauro Maia, Zé Dantas e Humberto Teixeira, para finalmente fazer brilhar, com este, em todo o mundo, a aurora do baião. 

Sanfoneiro-Compositor-Cantador-Homem, não se sabe qual o maior. O trono de Rei do Baião e a legenda de Embaixador Sonoro do Sertão serão seus para todo o sempre. Faleceu no Recife em 2.8.1989 e, conforme seu desejo, foi repousar no chão do seu Exu, ao lado dos pais, no sertão que tanto amou e fez o Brasil amar. 
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