ONILDO ALMEIDA 90 ANOS DE FORRÓ XOTE BAIÃO E AMOR A MUSICA BRASILEIRA

Em um primeiro momento, o nome e a figura de Onildo Almeida podem até não parecer familiares, mas, certamente, os versos “A feira de Caruaru, faz gosto a gente ver. De tudo que há no mundo, nela tem pra vender” já fazem parte do imaginário popular, sendo quase impossível desassociá-los da paisagem agreste do município. Embora famosa na voz de Luiz Gonzaga, “A Feira de Caruaru” foi composta por Onildo. Em 2017, a composição fez 60 anos e, coincidentemente, o músico teve a carreira revisitada no documentário “Onildo Groove Man”.

Nascido no dia 13 de agosto de 1928, Onildo Almeida completará 90 anos de idade. Onildo recorda com carinho e orgulho de sua principal composição. O compositor mora em Caruaru

A paixão pelo município e sua pluralidade cultural foram, de certa forma, o ponto de partida para a composição: “Toda cidade tem feira, e toda feira é igual. Menos a de Caruaru. Quando criança, todo sábado eu ia e comprava cavalinhos de barro, feitos pelo próprio Mestre Vitalino. Você encontrava gente de todo tipo por lá, viajantes… Era tudo muito diversificado. Quando escrevi a música, decidi ir listando tudo que encontrava de diferente por lá, entre coisas importantes e inusitadas. Não tem feira com esse tamanho em canto nenhum”, conta Onildo.

Na época, o músico era funcionário da extinta Rádio Difusora, onde conheceu o Rei do Baião. Onildo, na verdade, já rascunhava “A Feira de Caruaru” desde 1956. “Trabalhei muito com programa de auditório, na parte técnica. Nos intervalos, eu ficava mexendo na letra, melhorando. Um dia, Rui Cabral, que era apresentador, me viu escrevendo e perguntou o que era aquilo. Eu disse do que se tratava, ele leu e mandou: ‘Vá lá cantar’. Tentei falar que ainda não estava pronta, mas não teve conversa, fui e cantei a música três vezes, no empurrão. Aí foi um sucesso tremendo!”, recorda Onildo, às gargalhadas.

“Mesmo assim, foi uma dificuldade conseguir quem gravasse. Eu queria Jackson do Pandeiro, que não estava disponível. Compus a música em ritmo de baião e todo mundo dizia que só quem canta baião é Luiz Gonzaga. Sei que terminei gravando. Fizemos pouco mais de mil discos para vender na feira, e aí foi um estouro”.

Um destes discos, com tiragem limitada para os padrões de hoje, acabou chegando ao próprio Rei do Baião, em visita aos estúdios da Difusora. Encantado com a composição, Luiz Gonzaga não só solicitou permissão para gravar, como encomendou a Onildo uma outra composição inédita, em homenagem ao centenário do município, em 1957. As duas músicas foram lançadas no compacto “A Feira de Caruaru/Capital do Agreste”, no mesmo ano. Da tiragem modesta da primeira versão, por Onildo, a segunda, já na voz inconfundível de Gonzagão, ultrapassou as fronteiras do nordeste e até do país, regravada com versões em mais de 30 países.

Apesar de associado ao baião, o repertório de Onildo é versátil, passando pela música romântica e a mistura tropicalista de ritmos populares e estrangeiros. Das mais de 400 composições que afirma ter feito, destacam-se, por exemplo, canções como “Sai do Sereno”, eternizada por Gilberto Gil, “História de Lampião”, famosa com Marinês, e “Marinheiro, Marinheiro”, gravada por Caetano.

A trajetória de Onildo Almeida despertou o interesse do jornalista Hélder Lopes, que, ao lado do também jornalista e professor Cláudio Bezerra, dirigiu o documentário “Onildo Groove Man”. O filme foi exibido em circuito em importantes festivais no país, como o In-Edit, em São Paulo, e o Mimo, de Olinda. O longa independente busca resgatar as histórias e curiosidades do outsider, trazendo o, ainda que tardio, merecido reconhecimento para com a sua obra.

“A partir de Onildo, o filme traça um panorama da música brasileira, nossa identidade cultural. Onildo faz baião, mas também faz choro, samba, ele passeia por todos esses estilos”, afirma Hélder.

Produzido em um período de quase 2 anos, “Groove Man” mostra Onildo na intimidade, às voltas com seus discos e relembrando histórias de seu tempo na música, intercalado com depoimentos de parceiros e conhecidos, como o próprio Gilberto Gil. Foi durante as filmagens, por exemplo, que Onildo soube que Gil havia gravado sua música em Londres, em show com Gal Costa. “É tanta música que a gente acaba nem sabendo quem grava e quem não grava”, brinca o compositor.

O filme também retrata Onildo no palco, em pocket show montado especialmente para o projeto, e outras apresentações. “O documentário é uma conversa. Onildo contando a própria história. Ele é muito conhecido como compositor, mas quisemos mostrar, também, o Onildo intérprete. De início, ele ficou surpreso com o interesse pela obra, mas depois, percebeu que se tratava de uma oportunidade de sintetizar a própria obra”, explica Cláudio Bezerra.

Segundo os realizadores, as gravações também serviram de impulso para que Onildo continue gravando e se apresentando. “Tudo que está na tela foi espontâneo e fiquei muito satisfeito com o resultado. Hoje eu faço shows e vejo todo um público novo. Parece que sou a novidade da música brasileira, quando na verdade já sou velharia! (risos)”, brinca Onildo.

Fonte: Revista Pedro Siqueira-Jornalista pela Unicap
Nenhum comentário

PERNAMBUCO ELEGE SEIS NOVOS PATRIMÔNIOS VIVOS DA CULTURA

Foram escolhidos seis novos Patrimônios Vivos de Pernambuco: Gonzaga de Garanhuns (reisado), Mestre Zé de Bibi (cavalo marinho), Cavalo Marinho Estrela de Ouro (cavalo marinho), Cristina Andrade (ciranda, pastoril, urso), Banda Musical Saboeira (banda filarmônica), Casa de Xambá (organização religiosa). 

A eleição ocorreu na sede do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC). Agora, Pernambuco conta com 57 Patrimônios Vivos. A titulação será entregue no dia 17 de agosto, no Dia Nacional do Patrimônio Histórico, durante a 11ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco.

A eleição é composta por etapas: após a inscrição, os candidatos passam pela análise documental. Depois, os inscritos seguem para a Comissão de Análise, que avalia se as candidaturas cumprem os critérios estabelecidos na Lei 12.196/2002 (Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco), como relevância cultural e transmissão de saberes.

Nesta edição, 59 mestres e mestras da cultura pernambucana defenderam suas candidaturas em audiências públicas, promovidas pelo CEPPC (órgão responsável pela entrega do título), no antigo Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Nenhum comentário

SECA NO RIO SÃO FRANCISCO DEVE CONTINUAR NOS PRÓXIMOS MESES

A porção alta da Bacia do Rio São Francisco, na Região Sudeste, enfrenta sua pior crise, segundo relatório divulgado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O reservatório da Usina Uidrelétrica de Três Marias,em Minas Gerais, encontra-se com aproximadamente 45,4% do volume útil armazenado, e os cenários simulados sugerem que as vazões fiquem abaixo da média histórica para os próximos meses, mesmo que as chuvas atinjam a média esperada.

“Mesmo chovendo acima da média, [o volume de] a água que entrará no reservatório será menor que [o da] a média histórica. Significa que, independentemente, da chuva nos próximos três, quatro meses, a situação do São Francisco continuará crítica”, afirma o coordenador-geral de Operações e Modelagens do Cemaden, o meteorologista Marcelo Seluchi.

A vazão natural média do Aproveitamento Hidrelétrico Três Marias em junho deste ano foi de 126 metros cúbicos por segundo (m³/s), o que representa uma redução de 61% em relação à vazão histórica média mensal, considerando o período de 1983-2017, de acordo com os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). 

A estiagem no rio São Francisco tem se mantido desde 2013. No ano passado, sua bacia hidrográfica já tinha passado pela maior seca em quase 90 anos de medição oficial.

Para Seluchi, a situação no São Francisco só não é mais grave por causa da ação de um fórum de acompanhamento da crise hídrica na Bacia do São Francisco coordenado pela  Agência Nacional das Águas (ANA), que se reúne semanalmente com atores da sociedade civil, governos da região e companhias hidrelétricas.

“A situação só não é muitíssimo mais grave porque realmente há uma ação das autoridades, dos organismos de regulação, distribuição, usuários, que decidem ações tendentes a conservar a água do Rio São Francisco”, disse o meteorologista.

O fórum foi proposto pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, órgão colegiado integrado por representantes do Poder Público, da sociedade civil e de empresas usuárias de água. Criado em 2001, o comitê tem atribuições normativas, deliberativas e consultivas, com o objetivo de tornar a gestão dos recursos hídricos da bacia descentralizada e participativa.

“Essa articulação [fórum] vem adotando, a cada ano, medias relativas ao controle de vazões de tal maneira que, no período úmido, se possa acumular água nos reservatórios para que se chegue até novembro com um nível que permita evitar a chegada ao volume morto”, disse o presidente do comitê, Anivaldo Miranda.

De acordo com o comitê, o Rio São Francisco é responsável por 70% da disponibilidade hídrica da Região Nordeste e do norte de Minas Gerais.

O maior reservatório do Nordeste, o de Sobradinho, na Bahia, também está passando por um controle de vazão para garantir o nível acima do volume morto em novembro.

“Em Sobradinho, a vazão está em 600m³/s, que é muito menor que a vazão mínima tradicional, que é de 1.300, mas isso permite que se tenha um certo horizonte de atendimento com o mínimo de segurança, seja para abastecimento humano, irrigação, agricultura e geração de energia hidrelétrica”, acrescentou Miranda. Ele estimou que o principal reservatório do Nordeste deve estar agora com cerca de 32% do voluma útil e deve chegar a novembro com 15%.

Fonte: Agencia Brasil
Nenhum comentário

JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ, CELEBRA HOJE OS 84 ANOS DE MORTE DO PADRE CÍCERO

Cícero Romão Batista nasceu em Crato em 24 de março de 1844 e morreu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934. Hoje é dia de romaria em Juazeiro do Norte, Ceará,  para a celebração dos 84 anos da morte do Padre Cícero Romão Batista, que fundou e desenvolveu a cidade.

Milhares de romeiros visitam a cidade entre julho e fevereiro, e é comum em todo o Nordeste uma família ter uma filha chamada Cícera ou um filho com nome em homenagem ao Patriarca do Nordeste, o Conselheiro do Povo do Sertão.

Durante todo o dia ocorrerão celebrações, como missas, orações e visitas ao túmulo do Padre Cícero, na Capela do Socorro.

As missas são celebradas na Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores, onde o corpo do religioso está sepultado. A celebração reune uma multidão de fieis vindo de diversos municípios do Ceará e de outros estados.

Segundo o pároco-reitor da Basílica, padre Cícero José, esta celebração abre o calendário oficial de romarias em Juazeiro do Norte.
Nenhum comentário

COM A CURADORIA DO FOTÓGRAFO JOÃO MACHADO, EXPOSIÇÃO CAMINHOS DO SERTÃO, ENTRA EM CARTAZ EM SALVADOR

Com curadoria do fotógrafo João Machado, a exposição "Caminhos do Sertão" chega à galeria Cláudio Colavolpe Photo Art, na Avenida Paulo VI, em Salvador, no próximo dia 27 de julho [sexta-feira]. A visitação será gratuita, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h30, e aos sábados, das 9h às 13h. A vernissage, exclusiva para convidados, acontecerá no dia 26 de julho [quinta], às 19h.

A mostra tem cenas do cotidiano sertanejo registradas nas 18 imagens que compõem a exposição. Seis fotógrafos aceitaram o desafio de retratar o Sertão: Alisson Luz, David Rios, Jorge Spínola, Marcelo Pinna, Marta Suzi e Vânia Viana.

O resultado é fruto de uma imersão fotográfica, sob o direcionamento de João Machado, que compartilhou aprendizados, em vivências teóricas e práticas, na zona rural da região de Alagoinhas e entorno. A imersão e exposição Caminhos do Sertão conta com o apoio da galeria Cláudio Colavolpe Photo Art.

João Machado nasceu em Xique-­Xique, na Bahia, no ano de 1969. Deixou a terra natal aos 19 anos em busca de trabalho na cidade de São Paulo. Trabalhou na construção civil, como ajudante de pedreiro, quando comprou a primeira câmera fotográfica de um colega de trabalho. Buscou conhecimento em revistas especializadas e começou a fotografar em 1993.

A curiosidade, determinação e persistência o transformaram no fotógrafo João Machado. Autodidata, teve como referência trabalhos publicados na extinta Revista Iris Foto. Em 1997, João realizou o primeiro ensaio, intitulado “Olaria”, em Guarulhos, São Paulo, e, a partir de então, concentrou sua produção no sertão baiano, nas suas origens.

Em 2002, encorajado pelas experiências de fé vividas na infância e pelas histórias contadas pelo pai, João partiu para Bom Jesus da Lapa (BA) e, desde então, fotografa anualmente os romeiros em Bom Jesus da Lapa, entre outras manifestações de fé. João não conheceu a cidade quando o pai era peregrino, mas busca todos os anos, no mês de agosto, a foto que não fez: o pai romeiro.

Em 2015, apresentou parte do seu trabalho numa exposição individual na Galeria Nikon e no ano anterior, participou da Mostra Futebol BR, ambos em São Paulo. Hoje, um dos grandes nomes da fotografia documental e autoral, João tem trabalhos publicados em veículos nacionais e no exterior.

Fonte: (Foto: Alison Luz /Divulgação)


Nenhum comentário

UNIVASF: Campus Serra da Capivara realiza a segunda edição do “Canteiro de Antropologia: jornadas da caatinga”

O Colegiado de Antropologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) promove, entre os dias 14 e 16 de agosto, o “2º Canteiro de Antropologia: jornadas da caatinga”. O evento será realizado no Auditório do Campus Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI), e terá como pauta o aniversário de 30 anos da Assembleia Nacional Constituinte e a Constituição Brasileira de 1988. As inscrições estão abertas e são gratuitas.

Para se inscrever, é necessário preencher o formulário online disponível no site do Colegiado. Nesta edição, o evento terá três mesas redondas que irão tratar de temas como direitos indígenas, segurança pública, movimentos sociais e igualdade constitucional. Além disso, haverá uma conversa com o professor do Colegiado de Ciências Sociais, Adalton Marques, autor do livro “Humanizar e expandir: uma genealogia da segurança pública em São Paulo” e a edição quinzenal do projeto de extensão Cena na Serra, com a exibição do filme “Torquato Neto – todas as horas do fim” (2018), dos diretores Eduardo Ades e Marcus Fernando.

Fonte: Mônica Santos-Ascom Univasf
Nenhum comentário

MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA HOMENAGEARÁ O COMPOSITOR NELSON BARBALHO, PARCEIRO DE LUIZ GONZAGA

A tradicional Missa do Vaqueiro da cidade de Serrita, localizada a 535 quilômetros de Recife, acontecerá desta quinta-feira (19) até o próximo domingo (22). Consagrada como a maior festa do Sertão pernambucano, a 48ª edição homenageará escritor Nelson Barbalho, compositor da música “A Morte do Vaqueiro”. As apresentações artísticas são todas gratuitas e mais de 50 mil pessoas são esperadas durante as comemorações, que ainda promoverá vaquejadas, rodas de forró com sanfoneiros e apresentações de repentistas. 

Uma das novidades deste ano é que a infraestrutura do evento recebeu diversas melhorias para atender às milhares de pessoas que anualmente saem de suas cidades-natal, em Pernambuco e em outros estados nordestinos, para prestigiar o evento. A Festa do Vaqueiro conta com dois palcos onde as atrações artísticas se apresentarão. 

O palco secundário, intitulado de “Tenda”, é um espaço destinado aos aboiadores, repentistas e trios de forró, e ainda dará a oportunidade para que artistas presentes na plateia possam participar das atividades. A tradicional missa em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, cuja morte inspirou a criação do evento, acontece no próximo domingo.

Para a celebração e homenagens, participam do momento representantes religiosos e artistas, como Josildo Sá, Coral Aboios, Flávio Leandro, Mariana Aydar, os aboiadores Ronaldo, Fernando e Inácio e o repentista Pedro Bandeira. 

A missa, que foi criada em 1970 pelo Padre João Câncio e pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é uma romaria de renovação da fé, ela acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo. 

A solenidade acontece no Sítio Lajes, em Serrita, local onde o corpo de Jacó foi encontrado. De acordo com a tradição, uma procissão reúne cerca de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas como chapéu de couro, chicotes e berrantes.
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial