O encontro virtural exibido pelo canal facebook, teve como tema, em Defesa da Vida / Contra os projetos de morte. Leonardo Boff fez uma reflexão sobre o momento atual da Mãe Terra e injetou vontade de transformar o mundo para melhor e disse não a Usina Nuclear com uso das águas do Rio São Francisco.
"Devemos sempre defender a vida", declarou.
As boas vindas ao palestrante foram dadas pelo bispo Dom Gabriel Marchesi e a mediação da conversa foi do educador Libânio Francisco.
Durante a conversa também contextualizou que o novo coronavírus veio da sistemática agressão dos seres humanos à natureza, do antropocentrismo. “Os animais perderam o habitus. Há 300 mil a um milhão de vírus na natureza, nos animais e nas plantas. A espécie humana ocupou 83% da natureza, ocupamos destruindo e agredindo a natureza”, ressaltou, lembrando que o desequilíbrio ecológico colabora para a mutação e a disseminação de novos vírus.
Leonardo Boff destacou que a Terra é um super organismo vivo e que os seres humanos vêm em um crescente processo de poder como dominação da natureza, que nos trouxe vantagens como os antibióticos que prolongaram a vida dos idosos, diminuíram a mortalidade das crianças e tecnologias que trazem benefícios como os encontros virtuais: “Mas criou uma máquina de morte que pode nos destruir de 15 formas diferentes por armas químicas, nucleares e biológicas”.
Ele trouxe alertas do criador do termo biodiversidade: de que cem mil espécies de seres vivos são mortas a cada ano e um milhão de seres vivos estão em alto risco de desaparecer. “Devido a alto industrialismo que tomou conta do mundo, ou mudamos ou colocamos o sistema Terra em risco. O ser humano se tornou o satã da Terra”.
Além de documentos e pesquisas da área ambiental, Boff trouxe reflexões de vários estudiosos e teóricos e destacou as últimas encíclicas do Papa Francisco, que não foram dirigidas apenas aos cristãos, mas a toda a humanidade. O documento papal aborda a necessidade de contrapor à lógica da dominação uma ação de fraternidade.
“Vamos cuidar da Mãe Terra. Os rios precisam das matas ciliares. As bases físico-químicas estão tão ameaçadas que ou nos salvamos todos ou ninguém se salva. Há sombras vastas que pesam sobre o planeta. Os conflitos mundiais que temos são uma Guerra Mundial em prestação. O mundo moderno se construiu como a dominação do mundo, mas não podemos continuar assim. Proponho o sonho que antecipa possibilidades reais que podem acontecer, o sonho tem a função de equilibrar a vida psíquica”, resumiu.
Boff ressalta que é possível ter uma economia de mercado, mas não podemos ter uma sociedade de mercado, onde tudo tem preço até as relações humanas. O verbo cuidar é algo central na obra de Boff e ele ressaltou que isto deve ser visto como a essência humana. “Precisamos refazer o pacto Terra e Humanidade, nos considerarmos os guardiões da Terra. É preciso incorporar uma responsabilidade ecológica. O planeta finito não suporta um projeto de crescimento infinito”.
O conferencista falou que devemos caminhar para a biocivilização, entendendo que somos parte da Terra e não os seus dominadores.
“Santo Agostinho nos fala das três virtudes: o amor, a fé e a esperança. A indignação e a coragem são as irmãs da esperança. Temos de nos indignar contra esta necropolítica e ter a coragem de dar passos para mudar esta realidade. No Brasil ainda não chegamos a este ponto”.
“Este confinamento social tem um sentido para pensarmos qual o sentido da vida, Deus é o apaixonado amante da vida e vai nos ajudar a tomar um salto de consciência. Caminhemos cantando, que os problemas não nos tirem a alegria da esperança, ela terá a última palavra”, finalizou Leonardo Boff.
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