OPARÁ: PRODUÇÕES ARTÍSTICAS E VISUAIS SE DESTACAM A BELEZAS E DESAFIOS DO RIO SÃO FRANCISCO

Ao longo de sua atuação o Irpaa vem impulsionando a luta por um São Francisco Vivo. Por meio de debates públicos, marchas, ações de preservação e conservação, o Instituto tem dado sua colaboração para manter a vida do rio. Nos últimos anos, a instituição tem acreditado no poder do audiovisual para denunciar a situação da Bacia do São Francisco e evidenciar a perspectiva para o futuro, reafirmando a urgência de ações políticas em favor do São Francisco, o que já vem sendo defendido organizações e movimentos sociais.

Hoje data em que se celebra o batismo do rio que recebe o nome de um homem comprometido com as causas sociais e com grande amor à natureza queremos estimular o debate sobre as bênçãos e turvações do rio São Francisco a partir de diferentes produções e abordagens.

BELO CHICO: A poesia, a música e arte sempre nadaram nas águas do São Francisco. Esse ano, foram esses os elementos escolhidos pelo Irpaa para chamar a atenção da população acerca da situação do Velho Chico, rio que atravessa cinco biomas, dentre eles o Cerrado e a Caatinga, e que vem sofrendo uma diversidade de agressões desde sua nascente, na cidade de São Roque de Minas (MG) até a sua foz na praia do Pontal do Peba, em Piaçabuçu (AL).

Agressões que são ecoadas por imagens e canto no projeto Belo Chico. O álbum, de autoria de Targino Gondim, Nilton Freittas e Roberto Malvezzi – Gogó, nos convida a refletir as agressões como a supressão e queima da vegetação na área da bacia hidrográfica, a poluição por lançamento de esgotos e rejeitos de minérios, a exposição do solo e construção de barragens que provocam o assoreamento do rio, prejudicando a dinâmica dos peixes, dos povos e da navegação. Esses fatores estão causando o desaparecimento de muitas nascentes que alimentam o rio São Francisco e transformando rios afluentes perenes em rios intermitentes. Existem ainda fatores como uso de agrotóxicos nas lavouras e a transposição de suas águas, compondo um cenário que aponta para a perda de biodiversidade do rio e compromete a utilização pela atual e futuras gerações.

O rio São Francisco, que é admirável por sua grandeza e faz parte da vida de milhares deEnviar pessoas, também está presente nas canções do Belo Chico, retratando as formas de vida, abastecimento, cultura, poesias, lendas, mistérios do rio. Esses encantos e desencantos foram apresentados ao público de forma virtual na noite do dia 02 de outubro, na live de lançamento do Belo Chico, que tem a arte e a educação como essência.

Uma coletiva de imprensa também foi realizada para apresentar o projeto Belo Chico para jornalistas do Vale São Francisco e de outras regiões, no intuito de sensibilizar as múltiplas vozes da imprensa em defesa do rio Opará.

A VOZ E O RIO: Em 2017, o Irpaa lançou o documentário a “A voz do Rio”. O vídeo caminha pela luta dos movimentos sociais contra a transposição do Rio São Francisco e em defesa de um projeto de revitalização como medida indispensável para existência do Velho Chico. “A voz do Rio” reafirma a urgência de ações políticas em favor do rio a partir de projetos hidroambientais na sua bacia hidrográfica e da implementação da proposta de Convivência com o Semiárido.

O clima semiárido está presente em mais da metade do território da bacia hidrográfica do rio São Francisco, bacia esta que hoje possui menos de 10% do solo coberto por vegetação nativa. Sem a Caatinga em pé não haverá São Francisco vivo, seja pela morte dos efluentes que dependem da Mata Branca para alimentar o Velho Chico, seja pelo assoreamento decorrente dos solos carreados para o seu leito.

GRITOS: O curta-documentário “Gritos”, nasce em 2015, com o objetivo de “incomodar” o olhar e despertar a opinião das pessoas acerca da situação atual da Bacia do São Francisco, chamando atenção para sinais explícitos de morte do rio. As imagens, conduzidas pela trilha sonora, mostravam diversos fatores e consequências que vem contribuindo para um futuro bastante incerto, assim como reafirmam a urgência de ações políticas em favor do São Francisco vivo.

Os municípios baianos de Barra, Xique-Xique, Sento Sé, Pilão Arcado, Remanso, Sobradinho, Juazeiro, além de Petrolina (PE), que fazem parte do médio e submédio São Francisco, são cenários de uma série de intervenções humanas que contribuem para o estado preocupante do rio. As marcas de trechos secos do Lago de Sobradinho aparecem como um “choque de realidade”, despertando o espectador para a possibilidade real de uma morte anunciada do São Francisco.

Essas produções tentam despertar a todos e todas para a urgência em revitalizar o Belo Chico, pois como definiu Dom Luis Cappio: “Uma pessoa doente não tem condições de doar sangue, um anêmico não doa sangue, e se quiserem que eu [rio São Francisco] doe minhas águas para milhões e milhões de pessoas, em primeiro lugar precisam se preocuparem com sua revitalização”.


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